Longe do mundo ideal das imagens estereotipadas, veiculadas pelos media, das mulheres hiperlibertadas que saboreiam exultantes a sua vida profissional, na vida real vamos encontrando demasiadas mulheres que, apesar do seu rotundo êxito profissional, se sentem frustradas e insatisfeitas, cansadas de imitar os modos de fazer masculinos, atadas a papéis que não lhes pertencem e que não encaixam na sua essência mais profunda.
Mulheres que apostaram em cumprir as suas funções "exactamente como um homem" e a quem a natureza, rejeitada e reprimida, quer agora facturar sob a forma de depressão, ansiedade e infelicidade.
Esta ideologia, que penetrou com enorme força nas mais elevadas instâncias políticas, provocou o desprestígio e mesmo o menosprezo das mulheres que trabalham em casa ou que cuidam dos filhos, estigmatizadas por serem consideradas pouco atraentes ou interessantes e improdutivas para a sociedade.
Tudo ao contrário daquilo que diz respeito às mulheres que renunciam à maternidade ou ao cuidado personalizado dos filhos desde os primeiros dias de vida, as quais aparecem na opinião pública como heroínas, autênticas mulheres modernas, que longe de se escravizarem
"desperdiçando o tempo" na atenção aos filhos, se entregam plenamente à sua profissão, pela qual sacrificam tudo, gesto
que as liberta e converte em paradigmas da emancipação feminina.
Na sociedade actual está profundamente enraizada a ideia de que trabalhar em casa e ser boa esposa e mãe, é um atentado contra a dignidade da mulher, coisa humilhante que a degrada, escraviza e impede de se desenvolver em plenitude.
E ainda que, para ser mulher moderna, é preciso previamente libertar-se do jugo da feminidade, em especial da maternidade, entendida como um sinal de repressão e subordinação: a tirania da procriação.
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