Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Meditação de Francisco Fernández Carvajal

MARIA, MÃE DA UNIDADE
– Mãe da unidade no momento da Encarnação.
– No Calvário.
– Na Igreja nascente de Pentecostes.

I. SAIRÁS COM JÚBILO ao encontro dos filhos de Deus, Virgem Maria, porque todos se reunirão para louvar o Senhor do mundo1.
A Igreja, animada por um ardente desejo de congregar na unidade os cristãos e todos os homens, suplica a Deus, por intercessão da Virgem Maria, que todos os povos se reúnam num mesmo povo da nova Aliança2. A Igreja está convencida de que a causa da unidade dos cristãos se encontra intimamente relacionada com a Maternidade espiritual da Santíssima Virgem sobre todos os homens, e de modo particular sobre os cristãos3. O Papa Paulo VI invocou-a em diversas ocasiões com o título de Mãe da unidade4. João Paulo II dirigia a Nossa Senhora esta oração cheia de amor e confiança: “Tu que és a primeira servidora da unidade do Corpo de Cristo, ajuda-nos, ajuda todos os fiéis, que sentem tão dolorosamente o drama das divisões históricas do cristianismo, a procurar continuamente o caminho da unidade perfeita do Corpo de Cristo mediante a fidelidade incondicional ao Espírito de Verdade e de Amor...”5
De certo modo, a Igreja nasceu com Cristo e cresceu na casa de Nazaré junto com Ele, já que, na sua realidade invisível e misteriosa, é o próprio Cristo misticamente desenvolvido e vivo entre nós. E Maria, pela sua maternidade divina, é Mãe de toda a Igreja desde os seus começos6. Todos formamos um só Corpo, e Maria é Mãe desse Corpo Místico. E que mãe pode permitir que os seus filhos se separem e se afastem da casa paterna? A quem havemos de recorrer com mais confiança de sermos ouvidos do que a Santa Maria, Mãe?
Numa página belíssima, São Bernardo descreve-nos todas as criaturas em torno de Maria, invocando-a para que pronuncie na Anunciação o fiat, o faça-se que traria a salvação a todos. Céus e terra, pecadores e justos, presente, passado e futuro congregam-se em Nazaré em volta de Maria7. Quando Nossa Senhora deu o seu consentimento, tornou-se realidade a sua Maternidade sobre Cristo e sobre a Igreja e, de certo modo, sobre toda a criação. O pecado tinha desfeito a unidade do género humano e destruído a ordem do Universo. Maria foi a criatura escolhida para tornar possível a Encarnação do Filho de Deus, e, com o seu consentimento, foi também a causa da recapitulação de todas as coisas em Cristo que seria levada a cabo por meio da Redenção.
A Igreja, Corpo Místico de Cristo, teve na Encarnação – e, por conseguinte, no seio de Maria – o princípio primordial da sua unidade. A Virgem Santíssima foi a  Mãe da unidade da Igreja na sua mais profunda realidade, pois deu a vida a Cristo no seu seio puríssimo.
II. CRISTO CONSUMOU A REDENÇÃO no Calvário. A nova aliança, selada com o Sangue derramado na Cruz, unia novamente os homens a Deus e congregava-os ao mesmo tempo entre si. O Senhor – ensina São Paulo – destruiu todos os muros de divisão e formou uma Igreja única, um só povo8. A diversidade de raças, de línguas, de condições sociais, não seria obstáculo para essa unidade que Cristo nos alcançou com a sua morte na Cruz. Naquele instante, surgia o novo Povo dos filhos de Deus, unificados em torno da Cruz e redimidos com o Sangue de Cristo. “Elevado sobre a terra, na presença da Virgem Mãe, congregou na unidade os teus filhos dispersos, unindo-os a si mesmo com os vínculos do amor”9.
Nas horas da Paixão, a Virgem alimentava no seu Coração sacratíssimo os mesmos sentimentos do seu Filho, que na tarde anterior se despedira dos seus discípulos com uma mensagem de fraternidade, dirigindo ao Pai uma súplica pela unidade que talvez nós também tenhamos repetido muitas vezes em união com Ele:Ut omnes unum sint, sicut tu, Pater, in me et ego in te..., que todos sejam um, assim como tu, Pai, em mim e eu em Ti...10 Esta unidade que Jesus pede aos seus é reflexo daquela que existe entre as três Pessoas divinas, e de que Nossa Senhora participou num grau incomparável e absolutamente extraordinário11.
Ao pé da Cruz, Nossa Senhora, estava intimamente unida ao seu Filho, corredimindo com Ele. Ali, Jesus, vendo a sua Mãe e o discípulo que amava, disse à sua Mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí a tua Mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa12. E no discípulo amado estavam representados todos os homens. Por isso Maria é Mãe de todo o género humano e especialmente de todos aqueles que se incorporam a Cristo pelo Baptismo. Como poderíamos esquecer-nos d’Ela nestes dias em que pedimos insistentemente pela unidade, como poderíamos esquecer-nos da Mãe que congrega na única casa todos os filhos?
O Concílio Vaticano II recorda-nos a necessidade de volvermos o nosso olhar para a Mãe comum: “Todos os fiéis cristãos ofereçam súplicas instantes à Mãe de Deus e Mãe dos homens, para que Ela [...] interceda junto do seu Filho até que todas as famílias dos povos, tanto as que estão ornadas com o nome de cristãos, como as que ainda ignoram o seu Salvador, sejam felizmente congregadas na paz e na concórdia, no único Povo de Deus, para glória da Santíssima e Indivisa Trindade”13. A Ela recorremos pedindo-lhe que este amor à unidade nos leve a crescer cada vez mais num apostolado simples, constante e eficaz: “Invoca a Santíssima Virgem; não deixes de pedir-lhe que se mostre sempre tua Mãe: «Monstra te esse Matrem», e que te alcance, com a graça do seu Filho, luz de boa doutrina na inteligência, e amor e pureza no coração, a fim de que saibas ir para Deus e levar-lhe muitas almas”14.
III. VOLTADO PARA TI e sentado à tua direita, enviou sobre a Virgem Maria, em oração com os Apóstolos, o Espírito de concórdia e de unidade, de paz e de perdão15.
Por vontade de Jesus Cristo, a Igreja teve desde o princípio uma unidade visível, na fé, na única esperança, na caridade, na oração, nos sacramentos, nos pastores pelos quais seria governada, com Pedro à cabeça. Esta unidade visível e externa da Igreja deveria constituir um sinal do seu carácter divino, porque seria uma manifestação da presença de Deus nela. Assim o pedira Cristo na Última Ceia16. E foi assim que os primeiros cristãos viveram: unidos entre eles, sob a autoridade dos Apóstolos.
E quando os Apóstolos se reuniram no Cenáculo para receber o Espírito Santo, Nossa Senhora estava com eles. Aqueles poucos eram a primeira célula da Igreja universal, e “Maria está no centro dela, no mais íntimo, como coração que lhe dá vida”17. Os Apóstolos perseveraram na oração com Maria, a Mãe de Jesus18. As pessoas e os pormenores que São Lucas descreve são como que atraídos pela figura de Maria, que ocupa o centro do lugar onde os íntimos de Jesus se encontram congregados. “A tradição contemplou e meditou este quadro e concluiu que nele ressalta a maternidade que a Virgem exerce sobre toda a Igreja, tanto na sua origem como no seu desenvolvimento”19. Aqueles que irão receber o Espírito Santo permanecem unidos em torno de Maria. “Maria criava uma atmosfera de caridade, de solidariedade, de unânime conformidade. Ela era, por conseguinte, a melhor colaboradora de Pedro e dos Apóstolos na organização e no governo”20.
Depois da Assunção aos Céus, Maria não deixou de velar pela unidade dos membros do seu Filho, e quando um dia alguns deles recusaram a sua protecção maternal que os mantinha unidos, não cessou e não cessa de interceder para que retornem à plena comunhão no seio da Igreja. Nossa Senhora faz-nos experimentar sentimentos de fraternidade, de compreensão e de paz. “A experiência do Cenáculo não espelharia a hora de graça da efusão do Espírito se não tivesse a graça e a alegria da presença de Maria. Com Maria, a Mãe de Jesus (Act 1, 14), lê-se no grande momento de Pentecostes [...]. É Ela, Mãe do Amor formoso e da unidade, que nos une profundamente para que, como a primeira comunidade nascida no Cenáculo, sejamos um só coração e uma só alma. E a Ela, “Mãe da unidade”, em cujo seio o Filho de Deus se uniu ao género humano, inaugurando misticamente a união esponsalícia do Senhor com todos os homens, pedimos-lhe que nos ajude a ser “um” e a converter-nos em instrumentos de unidade [...]”21.
(1) Antífona de entrada da Missa de Santa Maria, Mãe e Rainha da unidade; (2) Oração coleta, ib.; (3) cfr. Leão XIII, Enc. Auditricem populi, 5-IX-1895; (4) cfr. Paulo VI, Insegnamenti, vol. II, pág. 69; (5) João Paulo II, Radio-mensagem na comemoração do Concílio de Éfeso, 7-VI-1981; (6) Paulo VI, Discurso ao Concílio, 21-IX-1964; (7) cfr. São Bernardo, Homilias sobre a Virgem Mãe, 2; (8) cfr. Ef 2, 14 e segs.; (9)Prefácio, ib.; (10) Jo 17, 21; (11) cfr. João Paulo II, Homilia, 31-I-1979; (12) Jo 19, 26-27; (13) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 69; (14) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 986; (15) Prefácio, ib.; (16) Jo 17, 23; (17) R. M. Spiazzi, Maria en el misterio cristiano, Studium, Madrid, 1958, pág. 69; (18) Act 1, 14; (19) Sagrada Bíblia, Hechos de los Apóstoles, nota a Act 1, 14; (20) R. M. Spiazzi, op. cit., pág. 70; (21) João Paulo II, Homilia, 24-III-1980.


(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal) 

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