Bem-aventurado Guerric d'Igny (c. 1080-1157), monge cisterciense
(a partir da trad. Bouchet, Lectionnaire, p. 299)
Jesus à mesa com os fariseus
O Criador eterno e invisível do mundo, dispondo-Se a salvar o género humano que se arrastava ao longo dos tempos sujeito às duras leis da morte, «nestes tempos que são os últimos» (Heb 1, 2) dignou-Se encarnar [...], para resgatar, na Sua clemência, os que na Sua justiça havia condenado. Para mostrar a profundidade do Seu amor por nós, não apenas Se fez homem, mas homem pobre e humilde, para que, ao aproximar-Se de nós na Sua pobreza, nos levasse a ter parte nas Suas riquezas (2 Cor 8, 9). Fez-Se tão pobre por nós, que não tinha onde repousar a cabeça: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça» (Mt 8, 20).
Foi por isso que aceitou ir comer uma refeição com os que O convidaram, não pelo gosto imoderado da comida, mas para aí ensinar a salvação e suscitar a fé. E encheu os convivas de luz pelos Seus milagres. E os servos, que estavam ocupados no interior e não tinham a liberdade de chegar perto Dele, ouviram a palavra da salvação. Com efeito, Ele não menosprezava ninguém, ninguém era indigno do Seu amor porque «Vós tendes compaixão de todos, [...] amais tudo o que existe, e não aborreceis nada do que fizestes» (Sab 11, 23-24).
Portanto, para realizar a Sua obra de salvação, o Senhor entrou, num sábado, na casa de um fariseu importante. Os escribas e os fariseus observavam-No para O poderem repreender, a fim de que, se Ele curasse o hidrópico, O poderem acusar de violar a Lei e, se não o curasse, O acusarem de impiedade ou fraqueza. [...] Pela luz puríssima da Sua palavra de verdade, viram desvanecerem-se todas as trevas da sua mentira.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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