
Cerca de 80 mil pessoas, participaram numa vigília ao ar livre para preparar a beatificação do Cardeal John Henry Newman, uma das figuras mais importantes da Igreja inglesa no século XIX.
Não admira que Bento XVI tenha centrado a sua intervenção sobre esta figura que – como confidenciou – teve “um importante influxo” na sua vida e no seu pensamento. “O drama da vida de Newman – observou o Papa – convida-nos a examinar a nossa própria vida, vendo-a no contexto do vasto horizonte do plano de Deus, e a crescer em comunhão com a Igreja de cada tempo e lugar: a Igreja dos Apóstolos, a Igreja dos mártires, a Igreja dos santos, a Igreja que Newman amou e a cuja missão consagrou toda a sua existência”. Um exemplo de vida que mantém toda a actualidade:
“Nos nossos dias, quando um relativismo intelectual e moral ameaça abalar os próprios alicerces da nossa sociedade, Newman recorda-nos que, como homens e mulheres criados à imagem e semelhança de Deus, fomos criados para conhecer a verdade, para encontrar nela a nossa definitiva liberdade e a realização das mais profundas aspirações humanas”.
Recordando que, bem perto do local da celebração, deram a vida pela fé, no século XVI, grande número de irmãos católicos, observou Bento XVI:
“Na nossa época, o preço a pagar pela fidelidade ao Evangelho não é tanto o de ser enforcado, afogado ou esquartejado, mas implica, muitas vezes, o sermos considerados irrelevantes, ridicularizados ou objecto de mofa. E contudo a Igreja não se pode eximir ao dever de proclamar Cristo e o seu Evangelho como verdade salvadora, manancial da nossa felicidade última, como indivíduos, e como fundamento de uma sociedade justa e humana”.
Bento XVI evocou com grande apreço o “realismo cristão, concreto” de Newman, aquele “ponto concreto onde se entrecruzam inevitavelmente a fé e a vida”:
“A fé está destinada a dar fruto na transformação do nosso mundo mediante a potência do Espírito Santo que actua na vida e na actividade dos crentes. Não há ninguém que encare com realismo o nosso mundo de hoje que possa pensar que os cristãos podem continuar as fazer as coisas de cada dia ignorando a profunda crise de fé que afecta a nossa sociedade, ou confiando simplesmente que o património de valores transmitido ao longo dos séculos possa continuar a inspirar e plasmar o futuro da nossa sociedade.
Quase a concluir a sua intervenção, na vigília de oração, neste sábado à noite, no Hyde Park, Bento XVI exprimiu a sua esperança na providência de Deus que, “nos tempos de crise e de rebeliões” faz “surgir grandes santos e profetas para a renovação da Igreja e da sociedade cristã”. Cada um assuma as suas responsabilidades:
“Cada um de nós, segundo o próprio estado de vida, está chamado a actuar para a difusão do Reino de Deus, impregnando a vida temporal com os valores do Evangelho. Cada um de nós tem uma missão, todos somos chamados a transformar o mundo, a actuar a favor de uma cultura da vida, uma cultura forjada pelo amor e pelo respeito pela dignidade de cada pessoa humana”.
(Fonte: site Radio Vaticana)
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