Quando cheguei a Londres, no início da semana, o panorama era negro, com todas as televisões e jornais a traçar um retrato sombrio da Igreja Católica e do Papa.
Quatro ou cinco comentadores, quase sempre os mesmos, carregados de reflexões e raciocínios intelectuais, encheram os tempos de antena com previsões moralistas contra Bento XVI e os seus ensinamentos fora de moda, ao ponto de alguns sugerirem mesmo que ele se devia demitir.
Afinal o Papa chegou ao Reino Unido e os factos contrariaram a teoria deles.
Gente e mais gente a acolher Bento XVI e uma enorme participação na primeira missa que celebrou.
Afinal, o antigo Prémio Nobel Alexis Carrel já tinha deixado o alerta. É que muito raciocínio e pouca observação conduz à mentira. E muita observação e pouco raciocínio conduz á verdade.
Neste caso da visita do Papa, a realidade ganhou á conjectura dos intelectuais
Aura Miguel
(Fonte: ‘Página 1’, grupo Renascença, na sua edição de 17.10.2010)
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O meu doutoramento: A capelania da Universidade de Lancaster
by Adelaide Carvalho on Saturday, 07 August 2010 at 08:22
Deus, iluminando o mundo, chama-nos, um a um, individualmente, para com Ele partilharmos a Luz Eterna que não se extingue aqui, ou mais Além, e permanece sempre com os que têm o espírito aberto para O acolher. Este foi o ensinamento que melhor caracterizou a semana de Oração acompanhada do último ano que passei na Universidade de Lancaster. Estávamos em Maio de 2006 e reflectíamos sobre a Oração através das Orações tradicionais, da Leitura, da Meditação, da Dança e da Arte. A Oração através da Arte foi conduzida por uma Irmã Salesiana que escolheu o famoso quadro The Light of the World, de W. Holman Hunt, para ilustrar a oração através da decifração do simbolismo artístico.
Foi uma semana magnífica que parece ter sido desenhada à medida da minha despedida de Lancaster. A Chaplaincy foi, desde o primeiro dia, a chave do sucesso dos meus anos de doutoranda. Admirava a universalidade da Cristandade que ali era vivida entre pessoas provenientes de todas as partidas do mundo; e, sobretudo, admirava o esforço e o empenhamento de tão poucos para mostrarem a muitos o caminho da felicidade, a sério, em que todos somos iguais e todos somos diferentes e cada um tem uma missão a cumprir.
A Chaplaincy é um centro ecuménico que acolhe todos independentemente da Fé, mas aos domingos, é sobretudo o centro cristão em que Católicos e Protestantes de diversas denominações se juntam para serviços religiosos. Havia duas capelas, uma para Católicos Romanos Apostólicos e outra para os Anglicanos, Metodistas, Luteranos e de mais Cristãos. Geralmente, começávamos por rezar, em conjunto, pela paz e a seguir separávamo-nos para cada grupo, em sua capela, participar no serviço religioso, mas, frequentemente, partilhávamos serviços conjuntos. Confraternizávamos num almoço ruidosamente alegre com ideias, alegrias, tristezas e saudades a brotarem de todas as fontes. Finalmente, voluntariávamo-nos para arrumar a cozinha. Eram domingos deliciosos. Julgo que nunca perdi um.
Mas, Chaplaincy era muito mais do que os domingos. Era a vivência da religião em comunidade que partilhava a preparação do Advento, o Carol service, o Natal, A Quaresma, a Páscoa e o Pentecostes. Durante a semana, havia a Missa do meio-dia, o terço ao fim da tarde de segunda-feira e várias conversas, às segundas e às quartas-feiras, sobre temas interessantes da Bíblia ou do Novo Testamento.
Gostava de levar à Chaplaincy os amigos que se surpreendiam com a minha persistência de não achar nada melhor do que o ambiente que aí se vivia. Ainda, hoje, quatro anos após a minha saída de Lancaster, continuo a ter saudades da Chaplaincy e quase não passa um domingo, sem eu me lembrar de todos com que lá privei.
6 de Agosto de 2010
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