Sobretudo porque, ao contrário do que sucede no jornalismo dito "social", os autores dos desabafos em questão são, ou parecem ser, esquerdistas convictos, daquela esquerda que, não só desde Brecht, gastou décadas a ridicularizar o matrimónio "burguês". Pelos vistos, bastou alterar a orientação sexual para que o que antes era ridículo se transformasse numa celebração do amor puro e irredutível. Num ápice, o formalismo opressor do "papel" passou a atestado indispensável de maioridade cívica e a motivo para lágrimas de alegria.
Que eu saiba, a igualdade não é isto. A igualdade que esteve no centro das reivindicações do casamento gay implicaria, agora que este se consumou em sentido lato, que se alargasse o enxovalho aos gays que cederam às "convenções" e à moralidade "tradicional".
A menos que a igualdade fosse apenas um pretexto para que o casamento, à semelhança das paradas, reforçasse o cliché da homossexualidade enquanto diversão exótica. A menos que se vá a um enlace gay como se vai ao zoo ver os macaquinhos amassarem bananas contra as grades, exercício tonto se praticado pelo cidadão comum mas ternurento quando a cargo dos bichinhos. A menos que o combate à discriminação seja um modo sinuoso, e talvez inconsciente, de discriminar mais.
Alberto Gonçalves
(Fonte: DN online)
Nota de JPR: Querida Mãe, hoje era minha intenção dedicar-Te todas as inserções do ‘Spe Deus’, mas dada a actualidade do tema abordado em Portugal e em muitos países da América Latina, aonde o Senhor concedeu o privilégio a este simples instrumento Seu de ser lido com quotas em Agosto acima dos leitores portugueses que se encontram em legítimo gozo de férias, resolvi abrir esta excepção certo da Tua compreensão.
Louvada sejais Puríssima Mãe nesta data e em todos os dias do ano!
Sem comentários:
Enviar um comentário