A minha estada na Grande Cartuxa (Alpes da Sabóia) tinha, forçosamente, de chegar a um termo. Quan¬do me despedi dos bons monges e desci à planície em baixo, senti uma estranha tristeza no coração.
Mas percebi, claramente, que a minha subida ao convento não tinha sido vã e aprendi a lição da Grande Car¬tuxa.
A sua mensagem era, manifes¬tamente, esta: que de vez em quando devemos tomar um pouco de tempo - às múltiplas preocupações do nosso trabalho e de nossas distracções para reajustar o nosso senso de valores, para relegar ao seu lugar próprio os nossos desejos materiais. Banindo da nossa boca a inevitável desculpa, "Eu bem quisera se pudesse, mas não disponho de um momento", deve¬mos fazer o tempo - cinco, dez, vinte minutos ao fim do dia, uma hora em cada tarde de domingo consagrado a um passeio de meditação, um fim-de-semana de onde em onde passado inteiramente em recolhimento.
En¬tão veremos como são de pouca monta as coisas que perseguimos com tamanho afã; então, talvez, pudésse¬mos descobrir não só a consciência de nós mesmos, mas - o que é muito mais importante - a existência da nossa própria consciência.
(A J. CRONIN, O que aprendi na Grande Cartuxa, Reader’s Digest, Abril de 1950)
Publicada por ontiano em NUNC COEPI - http://amexiaalves-nunccoepi.blogspot.com/
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