Mais de cinquenta jovens preparam-se para partir, nos próximos dias, rumo a Cabo Verde, onde vão participar em acções de voluntariado, na Ilha da Boavista. O grupo é constituído por universitárias e jovens profissionais que, no arquipélago, dará seguimento ao “Projecto Cabo Verde”, uma iniciativa que nos últimos quatro anos já beneficiou directamente mais de sete mil pessoas. O Página1 conversou com Inês Magriço, a coordenadora da acção deste ano, sobre a natureza de mais este projecto de acção social.
Página1 - O que é, exactamente, o Projecto Cabo Verde?
Inês Magriço - É um projecto internacional para a cooperação, que assenta em três pilares de acção: a formação e a educação, o ambiente e a saúde. Na área da saúde, temos uma equipa de médicas, enfermeiras e estudantes de Medicina que dão atendimento médico na ilha da Boavista, desde 2008. Nos 15 dias, atendem cerca de mil pessoas e dão também aulas e sessões de saúde básica. Depois, temos uma área de formação e educação, em que preparamos os cursos que nos são pedidos pela Câmara Municipal da Boavista. Os cursos são destinados a pessoas no activo, como, por exemplo, polícias, a quem demos um curso de inglês, e também a desempregados, a quem damos cursos de empreendedorismo. Damos cursos de português aos professores, damos cursos de gestão escolar e damos sessões de formação às pessoas que trabalham na Biblioteca Municipal.
Depois, temos uma área de formação dirigida a jovens, sobre bijutaria, culinária, gestão da casa, cuidados básicos de higiene e actividades que damos às crianças, sobretudo centradas no ambiente, porque fomentamos hábitos de educação básica de tratamento das ruas, do lixo... Arranjámos contentores para o lixo, ensinámos como se faz a reciclagem noutros países, para os sensibilizar para a questão ambiental. E também promovemos actividades de entretenimento para as crianças,com artes manuais, dança, teatro, que culminam numa festa final, para as crianças e para as famílias, e para a qual também convidamos os representantes das instituições de Sal Rei.
P1 - Quem é que está por detrás do projecto?
IM – É uma parceria de três organizações: a Associação Juvenil Rampa Clube, no Porto, a Residência Universitária dos Álamos e a Cooperativa de Telheiras para a Promoção da Solidariedade e da Cultura.
P1 – São organizações de alguma forma ligadas ao Opus Dei, certo?
IM - Exactamente. Todos os ensinamentos que damos estão inspirados em São Josémaria Escrivá, o sacerdote que vai connosco é do Opus Dei e os meios de formação são dados às voluntárias por pessoas do Opus Dei.
Depois, lá, todas as pessoas dão sessões e não vão só pessoas do Opus Dei, vai todo o tipo de gente e o ser-se católico não é um elemento seleccionador. A formação espiritual, contudo, está inspirada nos ensinamentos de São Josémaria Escrivá.
P1 - Para além do trabalho que se faz a nível de formação, aposta-se também na dimensão espiritual?
IM - Sim. Para as pessoas da ilha, não tanto, porque têm raízes cristãs muito pouco profundas. Não damos catequese às crianças. Este ano, queremos fazer um grupo de jovens e uma coisa mais dinâmica, também nessa perspectiva. As voluntárias têm uma formação espiritual diária e temos um sacerdote que vai connosco, que celebra a missa todos os dias, para as voluntárias que quiserem. Temos um momento de meditação, orientada pelo sacerdote, há confissões e meios de formação espiritual semanais, durante a estadia e antes, durante a preparação para o projecto.
P1 - O Opus Dei tem ligação directa ou, como neste caso, indirecta, a vários projectos sociais que apostam na formação profissional como prioridade. Porquê?
IM - Tem a ver com os princípios do movimento, que passa pela santificação do trabalho profissional e do que cada pessoa tem entre mãos, que pode ser o trabalho da casa, pode ser o trabalho de um advogado, de um médico, de uma enfermeira… O que o Opus Dei diz é que há uma chamada universal à santidade através da santificação do trabalho profissional de cada pessoa.
P1 - O Opus Dei é visto normalmente como um movimento essencialmente de formação pessoal e de aprofundamento espiritual. Que importância tem o voluntariado e a acção social para o movimento?
IM - O voluntariado e acção social têm uma importância de enriquecimento da pessoa, como um todo, porque o que se vê é que uma pessoa que se oferece como voluntária para um determinado trabalho cresce em todos os outros âmbitos da sua vida, tanto a nível profissional, como a nível pessoal. Porque cresce em virtudes humanas, em espírito de sacrifício, fortaleza, perseverança e a nível doutrinal, porque, pelo facto de darmos catequese nos voluntariados, preparamo-nos a nós próprios.
P1 - O Opus Dei é visto normalmente como um movimento essencialmente de formação pessoal e de aprofundamento espiritual. Que importância tem o voluntariado e a acção social para o movimento?
IM - O voluntariado e acção social têm uma importância de enriquecimento da pessoa, como um todo, porque o que se vê é que uma pessoa que se oferece como voluntária para um determinado trabalho cresce em todos os outros âmbitos da sua vida, tanto a nível profissional, como a nível pessoal. Porque cresce em virtudes humanas, em espírito de sacrifício, fortaleza, perseverança e a nível doutrinal, porque, pelo facto de darmos catequese nos voluntariados, preparamo-nos a nós próprios.
Portanto, a vertente de voluntariado já por si oferece um leque de contributo para a própria pessoa humana que é muito bom a todos os níveis.
Filipe d’Avillez
(Fonte: ‘Página 1’, grupo Renascença, na sua edição de 29 de Julho de 2010)
Filipe d’Avillez
(Fonte: ‘Página 1’, grupo Renascença, na sua edição de 29 de Julho de 2010)
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