São Francisco Xavier (1506-1552), missionário jesuíta
Carta 131, 22 de Outubro de 1552 (a partir da trad. La Colombe, 1953, pp. 247-248)
«Envio-os como ovelhas para o meio dos lobos»
No dizer das gentes do país, corremos dois perigos. O primeiro é que o homem que nos conduz, após ter recebido o nosso dinheiro, nos abandone nalguma ilha deserta ou nos lance ao mar, a fim de escapar ao governador de Cantão. O segundo é ele conduzir-nos a Cantão e, ao chegarmos à presença do governador, este infligir-nos maus tratos ou meter-nos na prisão. Porque a nossa diligência é inconcebível. Inúmeros decretos interditam a quem quer que seja o acesso à China e, sem uma autorização do rei, é estritamente proibida a entrada de estrangeiros. Fora estes dois perigos, há muitos outros, e maiores, ignorados pelas gentes do país. Seria bem longo descrevê-los; contudo não deixarei de citar alguns.
O primeiro é perdermos esperança e a confiança na misericórdia de Deus. É por Seu amor e para o Seu serviço que vamos dar a conhecer a Sua lei e Jesus Cristo, Seu Filho, nosso Redentor e Senhor. Ele sabe-o bem, dado que foi Ele que, na Sua santa misericórdia, nos comunicou este desejo. Ora, a falta de confiança na Sua misericórdia e no Seu poder no meio dos perigos em que podemos cair ao Seu serviço é um perigo incomparavelmente maior que os males que podem suscitar-nos todos os inimigos de Deus. Com efeito, se o Seu maior serviço o exigir, Ele guardar-nos-á dos perigos desta vida; e, sem a permissão e autorização de Deus, os demónios e os seus ministros em nada podem prejudicar-nos.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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