Todos nós sentimos a grande alegria de termos como visita ilustre do nosso país Bento XVI. Foram dias inesquecíveis de júbilo e de oração. E sentimos com certeza a força da presença do sucessor de Pedro, que quis transmitir às suas ovelhas desta terra um voto de confiança e de fé no seu passado, no seu presente e no seu futuro.
Bento XVI é o Pedro actual, esse mesmo apóstolo a quem o Senhor encarregou de pastorear todo o seu rebanho e o obrigou a afirmar por três vezes – antes tinha-O negado outras tantas – que O amava de modo iniludível. Simão sentiu-se constrangido a quando da terceira pergunta do Jesus, mas respondeu-Lhe com humildade e decisão: "Senhor, Tu sabes tudo, tudo sabes que eu Te amo"(Jo 21, 17). Tal como Maria Santíssima nas Bodas de Caná, que deixa ao Filho o cuidado da solução para o problema que Lhe tinha posto: "Não têm vinho"(Jo 2,3), o chefe dos apóstolos, confia à sabedoria exímia do Mestre – e não ao ímpeto emotivo que o caracterizava – o conhecimento da qualidade do seu amor por Cristo: "Tu sabes tudo". Como o saber de Jesus é perfeito, Ele pode ajuizar, melhor do que ninguém, que o amor de Pedro por Si, mau grado as suas fraquezas, é verdadeiro.
Pedro pagou com a sua vida a fidelidade a Jesus e entregou ao seu sucessor, à frente da Igreja de Roma, o poder sobre toda a Igreja que Cristo lhe tinha atribuído pessoalmente. Por isso, o Bispo de Roma, na sequência já milenária da sucessão através dos tempos, é Pedro – a pedra sobre a qual o Senhor fundou a sua Igreja e à qual prometeu que as "portas do inferno não prevalecerão contra ela"(Mt 16,19). Esta garantia faz-nos encarar a pessoa do Papa como aquilo que ele é: o principal responsável por esse instrumento de salvação – a Igreja fundada por Cristo – a quem compete governar, santificar e ensinar todo o rebanho de Jesus, com a autoridade que o Senhor lhe confiou.
Por alguma razão, Santa Catarina de Sena chamava ao Romano Pontífice o "Vice-Cristo na terra". Pedro é o sinal da unidade da Igreja, que Jesus tanto desejou fosse una e compacta, como Ele e o Pai são um só (Jo 17, 21). E é também o garante, através da sucessão ininterrupta desde o início, de que a Palavra de Cristo e os seus ensinamentos são essencialmente os mesmos, não mudando com os tempos nem com as vontades dos homens. Quando Pedro ensina ou governa, sempre o faz com a autoridade que Jesus lhe confiou, pelo que o nosso assentimento deve ser pleno e incondicional, como seria se fosse o próprio Mestre a ensinar-nos pessoalmente.
Penso que todos nós tivemos essa sensação de confiança e de fidelidade quando vimos e ouvimos Bento XVI no Terreiro do Paço, em Fátima ou no Porto. Independentemente de todo o espectáculo maravilhoso de presenciarmos tanta gente junta para acolher o Papa com alegria e coração, como nós, portugueses, sabemos fazer dum modo espontâneo (somos assim, graças a Deus!), pressentíamos que algo de mais extraordinário se estava a passar dentro de nós e à nossa volta. E se perscrutávamos o que nos ia na consciência, concluíamos que não era difícil identificar Bento XVI com o pescador da Galileia, Simão , filho de João, a quem Jesus entregou a chaves da Igreja a que pertencemos, e que nos permitiu, pelo Baptismo, ser filhos de Deus e herdeiros do Reino dos Céus.
Levou com certeza o Papa boas recordações de Portugal. Talvez a melhor e mais reconfortante tenha sido a de que, neste país onde Maria Santíssima deixou, em Fátima, recados de penitência e de oração para todos os homens, continua a haver gente que o ama e o estima , o venera e o respeita, porque sabe que ele é Pedro, a pedra, como atrás se dizia, sobre a qual Jesus edificou a sua Igreja para sempre. Daí a confiança e a fé com que o Santo Padre nos quis revigorar, dizendo, por exemplo, na inesquecível Missa do Terreiro do Paço: "Cristo está sempre connosco e caminha sempre com a sua Igreja, acompanha-a e guarda-a, como Ele nos disse: "Eu estou sempre convosco até aos fins dos tempos (Mt 28, 20).
Quase a terminar o Ano Sacerdotal, rezemos com Maria Santíssima ao seu Filho, pedindo-lhe por Bento XVI e todos os seus colaboradores na hierarquia da Igreja e pelos sacerdotes, para que sejam santos e perseverantes na administração da caridade.
(Pe. Rui Rosas da Silva – Prior da Paróquia de Nossa Senhora da Porta Céu em Lisboa in Boletim Paroquial de Junho, título da responsabilidade do autor do blogue)
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