Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sábado, 20 de abril de 2013

Então e os adultos? - O amor como romance, um suporte frágil

Face à afirmação de que o casamento é um bem social, pensado sobretudo para a protecção dos filhos, surge o risco de se pensar que a satisfação que nele encontram os adultos é irrelevante. A ser isto verdade, diz David Lapp em Public Discourse a 22-12-2009, os adultos poderiam objectar perguntando por que razão a sociedade os trata como meios e não como fins.

No fundo, esta objecção encerra uma suspeita mais profunda: "Mesmo pondo de lado as conclusões das ciências sociais, existe de facto algum argumento racional para defender que o modelo institucional do casamento traz felicidade aos adultos?"

"Se não conseguimos encontrar uma razão que mostre por que razão o casamento é objectivamente bom para os adultos e não apenas para as crianças, teremos que nos conformar com evasivas do tipo ‘casem-se e permaneçam juntos por amor dos filhos', numa altura em que a cultura actual nos pergunta: ‘Casar-se, para quê'?".

Para construir o seu argumento, Lapp analisa as diferenças entre o modelo institucional do casamento e o modelo de casamento baseado unicamente na afinidade do casal.

"A instituição ‘casamento' faz o que uma simples relação privada não consegue nunca fazer: cria expectativas de compromisso; recorda aos cônjuges que o seu amor se estende até à geração seguinte e que, para bem ou para mal, tem influência no resto da sociedade".

"Entendido deste modo, o casamento não se resume a um acordo entre dois adultos à procura da satisfação emocional que lhes advirá do apoio mútuo; é um estado que cria direitos e obrigações".

E onde se encaixa o amor, no meio de tudo isto? Teremos que procurar a resposta na promessa que os esposos se fazem mutuamente: "Eu, F., recebo-te por esposo / esposa, e prometo ser-te fiel e amar-te e honrar-te, tanto na prosperidade como na provação, por toda a nossa vida".

"Nesta fórmula, afirma Lapp, soube a tradição jurídica ocidental reconhecer o verdadeiro bem do casamento: uma união para apoio mútuo. Por outras palavras, o casamento é amizade".

Mas não uma amizade qualquer. Ao contrário do modelo de vida a dois, o modelo institucional aspira a realizar o que Aristóteles chamava "o melhor tipo de amizade".

O filósofo grego distinguia três tipos de amizade: ‘amizade por prazer', ‘amizade por interesse' e ‘amizade por virtude'. Esta última é a mais elevada, pois nela os amigos conservam-se unidos pela virtude. Nas outras formas de amizade, por seu lado, prevalecem o sentimento de agrado ou a conveniência pessoal. Tais amizades não costumam durar muito.

Convite a viver como pessoas boas
Para Lapp, o casamento é o paradigma da autêntica amizade. "Cada um dos esposos converte-se num bem para o outro. Como é natural, este tipo de amizade só é possível entre pessoas virtuosas. Daí que o casamento seja um convite a que os casados se convertam em pessoas boas".

"Só um homem bom consegue permanecer fiel à mulher quando se sentir sexualmente atraído por outra. E só uma mulher boa se irá manter ao lado do marido no meio da doença ou da pobreza. Ambos se vão deste modo tornando bons e participando dos bens do casamento. É por isso que a instituição 'casamento' traz sempre implícita a luta por algum ideal".

Tal como Aristóteles, Lapp liga esta forma mais elevada de amizade à felicidade humana. Ninguém quereria trocar esta união por um sucedâneo, e nisto reside o atractivo do modelo institucional do casamento.

Não basta, por isso - pensa ele -, mostrar aos jovens os efeitos positivos que este compromisso traz para a sociedade. "O melhor antídoto contra a amizade descafeinada proposta pelo modelo ‘vida a dois' é a promoção de um entendimento mais profundo da amizade".

"Para os adultos à procura de amor, o modelo institucional do casamento dificilmente se poderá encarar como uma condenação à escravidão. É antes um convite a serem bons".

Juan Meseguer Velasco

Aceprensa

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