Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

segunda-feira, 15 de março de 2010

E há-de ser só um o Óscar de Melhor Actor

Se não há um Óscar para Melhor Realizador e outro para Melhor Realizadora, porque não hão-de concorrer homens e mulheres ao Óscar de Melhor Actor?

Este ano, a notícia dos Óscares precedeu por horas o Dia Internacional da Mulher. E enquanto os jornais diários e os vários organismos faziam a sua habitual recolha de relatórios sobre o "fosso" laboral entre homens e mulheres, Kathryn Bigelow quebrava uma tradição de Hollywood ao tornar-se a primeira mulher vencedora de um Óscar pela melhor realização.

É um indicador de que também no cinema as mulheres estão cada vez mais presentes, e não só como actrizes, mas em todo o complexo de arte e de indústria que há por detrás da câmara. Talvez por isso algumas vozes se tenham levantado questionando se tem sentido, no caso da interpretação, que continue a haver prémios separados para actores e actrizes. Se não se faz separação à hora de premiar a melhor realização, o melhor guião ou a melhor fotografia, porque não deixar que actores e actrizes concorram entre eles? O cinema não é como o desporto, e as diferenças biológicas não afectam o nível de interpretação.

Acabar com essa separação em nome da igualdade é a proposta de Kim Elsesser, professora da Universidade da Califórnia, num artigo publicado no International Herald Tribune (6-3-10). A separação de categorias entre actores e actrizes nos Óscares parece "um insulto às mulheres, porque sugere que não poderiam ganhar se fosse uma só categoria". Mas se a separação é já um insulto, os actores também poderiam sentir-se ofendidos.

Sem pensar que alguém se possa sentir incomodado, a Academia tem vindo a conceder Óscares separados para actores e actrizes desde a primeira edição dos prémios em 1929. Ao estabelecer uma "quota" de 50% para cada sexo na melhor interpretação, a Academia assegura que homens e mulheres receberam o mesmo número de Óscares nesta categoria, o que não acontece nas outras. Este ano, por exemplo, tem destaque o triunfo de Kathryn Bigelow, mas além dos Óscares para Melhor Actriz Principal e Secundária, só aparece outro nome de mulher no guarda-roupa.

É curioso que esta quota dos 50%, tão exigida em campos como a política ou os conselhos de administração, seja considerada aqui como um obstáculo que pode depreciar o prémio obtido por uma actriz. Se Sandra Bullock e Jeff Bridges têm a mesma profissão deviam concorrer um com o outro e ganhar o melhor.

O aspecto mau desta solução tão lógica é que o número de actores e actrizes premiados seria reduzido a metade, com a consequente perda de oportunidades. E num mundo de egos tão grandes como o dos actores, não haviam de faltar acusações de discriminação por sexo, preconceito e favoritismo. Por fim, provavelmente teria que ser premiado um ano um homem, e, no ano seguinte, uma mulher. Ou então criar mais do que um prémio de Melhor Actor para drama, comédia...

Quem propõe mudanças, como Elsesser, diz que as categorias separadas "perpetuam o estereótipo de que as diferenças entre homens e mulheres são tão grandes que os dois sexos não podem ser avaliados como iguais na sua profissão". Mas se enveredarmos pelo critério de bilheteira, que avalia por igual homens e mulheres, não se pode dizer que seja regido por critérios de equidade. Entre os actores mais bem pagos de Hollywood (calcula-se que seja por serem os de maior sucesso de bilheteira), há um predomínio masculino notável. Os nomes de Harrison Ford, Adam Sandler, Will Smith, Eddie Murphy, Nicholas Cage, Tom Cruise, Tom Hanks, Brad Pitt, Johnny Depp desfilam antes de chegar a vez de Angelina Jolie ou de Jennifer Ariston. Também não se pode perder de vista que, em geral, um actor entrado em anos mais facilmente encontra papéis adequados do que uma actriz com a sua idade. Já que a igualdade é um objectivo difícil de atingir..

Mas como a igualdade começa pela linguagem. Kim Elsesser fica feliz por a Screen Actors Guild ter eliminado o termo "actress" nos seus prémios, para adoptar o de "female actor", pelos vistos mais de acordo com esta época igualitária. Já só falta que o Center for Study of Women, onde Elsesser trabalha, passe a ser o Center for Study of Women and Men.

Ignacio Aréchaga

Aceprensa

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