A propósito da distracção e superficialidade com que muitos adultos vivem a vida, um amigo meu costuma dizer que, às vezes, há golpes de sorte, como, por exemplo, escapar de um enfarte do miocárdio
E explica que conhece vários homens e mulheres de meia-idade que passaram a tomar a vida a sério quando lhes aconteceu algo inesperado, que os obrigou a considerar a sua fragilidade, reconhecendo, assim, a sua incapacidade para controlarem tudo na vida.
Lembrei-me disto, ao assistir, impotente, à tragédia da Madeira e, nos últimos tempos, também às tragédias no Haiti e em L’Aquilla, na Itália. Uma espécie de “enfarte do miocárdio colectivo”, em que, de um momento para o outro, quando menos se espera, nos sentimos tão impotentes e pequeninos.
Então, percebemos que não controlamos mesmo nada. Achamos que sim, temos essa pretensão, mas quase sempre a realidade impõe-se. Nestas circunstâncias, é um acto de inteligência reconhecer que não somos donos da vida!
Aura Miguel
(Fonte: site Rádio Renascença)
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