Chegámos àquele momento do ano em que os sentimentos de “correcção política” vêm mais à superfície.
Nas empresas, nos lugares públicos, nos cartões de boas festas, as referências natalícias são cada vez menos frequentes. Não porque as pessoas não sejam cristãs ou não se reconheçam na celebração do nascimento de Jesus.
Não: o motivo para a “esterilização” do Natal é que – dizem – tratando-se de uma festa cristã, manifestar a sua origem é uma ofensa aos não cristãos, um atentado contra a liberdade religiosa.
Num país maioritariamente católico, com uma tradição fortemente cristã desde a sua fundação, é de esperar que se encontrem referências à celebração do Natal – também num contexto público. Não é um atentado à liberdade dos não crentes – que não são obrigados a partilhar os sentimentos da maioria – mas sim uma das (muitas) manifestações da cultura do país.
Caso contrário, não será a exibição pública da imagem do Infante D. Henrique ofensiva para quem os Descobrimentos foram um erro na História de Portugal? E as referências públicas à selecção nacional de futebol – que dirão os que pensam que o futebol é o “ópio do povo”?
Precisamos de um pouco mais de bom senso e um pouco menos de “complexo de incorrecção política”.
Uma árvore de Natal ou um presépio num local público não tornam a nação num estado confessional. Pelo contrário, o combate desenfreado a toda a manifestação pública da religião maioritária do país entra na categoria das “purgas estalinistas”: pode ser “politicamente correcto” mas certamente não é correcto.
Luis Cabral – Professor do IESE Business School
(Fonte: ‘Página 1’, grupo Renascença, na sua edição de 18.12.2009)
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