Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Crise económica e crise moral

Pelos padrões macroeconómicos habituais (crescimento do PIB, desemprego, etc.), atravessamos uma crise grave, mas não ao nível da depressão dos anos 30, nem mesmo da “stagflation” dos anos 70. Muitos que há dez ou 12 meses desenhavam cenários apocalípticos reconhecem agora que afinal a economia e os mercados e o mundo continuarão existindo.

No entanto, apesar de os números não serem drásticos, sente-se um mal-estar generalizado como não temos memória. Porquê?

Consideremos um cenário teórico: a 11 de Setembro de 2001, as torres gémeas caem devido ao impacto de um meteorito que acerta justamente no World Trade Center. Mesmo que o número de mortos e as perdas materiais fossem os mesmos, o sofrimento implicado pelo desastre natural seria muito inferior ao que resultou dos ataques terroristas.

Que tem isto a ver com a crise actual? Em grande parte, o mal-estar não resulta tanto da perda material como da sensação (fundamentada) de que há muito de desonestidade, falta de transparência, fraude, avareza mesquinha, etc., por trás da ruptura dos mercados financeiros.

Por isso, a questão dos salários dos gestores e banqueiros é tão importante. No grande esquema das coisas, trata-se de valores relativamente baixos: os salários são questão de milhões, enquanto que as perdas resultantes da crise são milhares de milhões. Mas não é tanto a questão dos valores como o sinal, o exemplo, que eles significam.

A crise actual é uma recessão económica agravada por um desencanto generalizado com os líderes económicos (e políticos). Não basta um programa de estímulo “a la” Obama para resolver o problema.


Luís Cabral - Professor da IESE Business School


(Fonte: ‘Página 1’, grupo Renascença, edição de 06.11.2009)

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