Francisco Rodrigues da Cruz nasceu em Alcochete há pouco mais de 150 anos, precisamente uma semana antes de morrer, em França, o Santo Cura d’Ars, João Maria Vianney.
A coincidência é notável, uma vez que a vida daquele que viria a ser o Pe. Cruz tem fortes semelhanças com a do padroeiro do Ano Sacerdotal. Ambos se deixaram apaixonar pelo sacerdócio, ambos forjaram uma fortíssima ligação com o povo cristão que serviam. Ambos eram já aclamados como santos por esse mesmo povo, antes sequer de falecer.
No caso do Pe. Cruz, ainda não contava 40 anos e já era procurado por multidões. Foi ordenado sacerdote em 1882, aos 23 anos, e cedo começou a dar expressão à sua vocação de servir os mais necessitados e excluídos da sociedade.
Em 1925 descreve essa vocação ao então Patriarca de Lisboa, D. António Mendes Belo: “Há muitos anos que eu me sinto atraído, talvez por especial vocação da misericórdia de Deus Nosso Senhor, para ajudar espiritualmente os presos da cadeia, os doentes dos hospitais, os pobrezinhos e abandonados, a tantos pecadores e almas desamparadas que Nosso Senhor me envia ou põe no meu caminho. Tenho também grande consolação em ajudar os Párocos nos exercícios de piedade e mais encargos do seu ministério, indo por toda a parte levar, na medida das minhas forças, os socorros da religião a muitas pessoas a quem não é fácil chegarem por outra via.” Ficaria conhecido para a posteridade como o Apóstolo da Caridade.
Âncora na tempestade
Exerceu o seu apostolado numa época crítica para a Igreja portuguesa, a mãos primeiro com uma monarquia liberal e, posteriormente, uma república profundamente anti-clerical. Nesses tempos a sua simples dedicação, e sobretudo a sua coerência interna, servia de suporte a todos os que não se reviam nas políticas que ordenavam fechar igrejas e maltratar religiosos.
Em 1940, já com 80 anos, ingressa nos Jesuítas. A sua saúde não lhe dá tréguas, e sofre bastante no corpo. Tudo aceita com a caridade que se lhe conhecia, e não deixa de dar graças a Deus pela sua longa vida: “Dou muitas graças a Deus por ter chegado a esta idade de 89 anos, sendo bastante doente desde há muito anos, e peço a tão Bom Senhor a graça de, no resto da minha vida, O amar sempre e fazer amar de muitas almas. Seja esta sempre a minha vontade: Coração de Jesus fazei que eu Vos ame e Vos faça amar”.
Deixou finalmente este mundo em 1948. Morreu sentado na cadeira do seu quarto, de terço na mão. Não passam três anos até que se abre o processo de beatificação, concluído em 1965 e aprovado na Santa Sé em 1971, ano em que é declarado venerável.
O seu processo de canonização, necessário para que seja declarado santo, continua aberto. Nada que impeça milhares de devotos de visitar o seu jazigo, no Cemitério de Benfica, e o quarto onde morreu, que se encontra na actual sede do CDS-PP, no largo do Caldas.
Amanhã cumpre-se mais um aniversário da sua morte. Tal como todos os anos por esta data, celebrar-se-á missa às 9h00 na capela do Cemitério de Benfica, seguido de visita ao jazigo. Este ano, porém, o dia será marcado por outra iniciativa, o lançamento, numa parceria entre os CTT e a sua Causa de Canonização, de um inteiro postal, dedicado aos 150 anos do nascimento do Apóstolo da Caridade. Este lançamento terá lugar às 18h00 no salão paroquial de Alcochete.
(Fonte: site Rádio Renascença)
Nota: conforme se poderá verificar na foto, fruto de uma montagem, já em 1959 os Correios de Portugal (CTT) haviam criado um carimbo especial alusivo.
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