São Macário (?-405), monge no Egipto
Homilia n° 24 (a partir da trad. Bellefontaine 1984, coll. Spi. Or. N° 40, p. 239 rev.)
«Até que tudo fique fermentado»
Desde a transgressão de Adão, os pensamentos da alma dispersaram-se, afastando-se do amor de Deus, na direcção do mundo presente, e misturaram-se com pensamentos materiais e terrestres. Porque Adão, com a sua transgressão, recebeu em si o fermento das más tendências, e assim, por participação, também todos os que dele nasceram e toda a raça de Adão recebeu uma parte desse fermento. Seguidamente, as disposições más cresceram e desenvolveram-se entre os homens, a ponto de eles fazerem todo o tipo de desordens. Finalmente, o fermento da malícia penetrou em toda a humanidade [...].
De maneira análoga, durante a sua estada na terra, o Senhor quis voluntariamente sofrer por todos os homens: resgatá-los com o Seu próprio sangue, introduzir o fermento celeste da Sua bondade nas almas crentes humilhadas pelo jugo do pecado. Quis completar nelas a justiça dos preceitos e todas as virtudes, de maneira a que, ao penetrar nelas este fermento, fiquem unidas no bem e formem com o Senhor «um só Espírito», segundo as palavras de Paulo (1Co 6, 17). A alma que for totalmente penetrada pelo fermento do Espírito Santo nem poderá já ter a ideia do mal e da malícia, como está escrito: «O amor não se irrita nem guarda ressentimento» (1Co 13, 5). Sem este fermento celeste, ou, por outras palavras, sem a força do Espírito Santo, a alma não poderá ser amassada pela doçura do Senhor nem alcançar a verdadeira vida.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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