O Cardeal Patriarca de Lisboa afirmou que o preservativo é falível, opinião que lhe foi transmitida por "responsáveis portugueses", comungando da opinião de Bento XVI de que não deve ser a "única maneira de combate à sida". D. José Policarpo, que admitiu ter pensado nesta questão nos últimos dias, disse ter mantido conversas com "responsáveis portugueses", que não identificou, que lhe confirmaram que o preservativo é um "meio falível".
Na primeira referência pública à polémica que marcou a visita do Papa aos Camarões e a Angola, em África, o Cardeal Patriarca lamentou que a comunicação social tivesse reduzido praticamente toda a viagem à questão do preservativo, que considera ter sido mal abordada pelos media. "Faz impressão como é que uma pergunta naquele contexto, num diálogo espontâneo num avião, o Santo Padre (...) alerta que a solução que tem sido seguida, a do preservativo, não é uma solução e porventura não é uma solução segura, como é que se reduz a viagem do Santo Padre a África a isto?", interrogou.
"O que estava em questão era o preservativo como única maneira de combate à sida, mas nisso até grandes especialistas estão de acordo" de que não é a solução, sublinhou. Acusando a comunicação social de uma prática incorrecta de mediatização, D. José Policarpo referiu-se, igualmente pela primeira vez, à polémica criada em torno das declarações que fez na Figueira da Foz sobre o casamento com muçulmanos.
Na altura, o Cardeal Patriarca alertou as jovens portuguesas que o casamento com um muçulmano acarreta um "monte de sarilhos" devido ao fosso entre as duas culturas. "Fez-se um arraial durante três semanas com uma frase, uma frase que até foi mesmo no fim do encontro, dita com graça. Tudo o que se passou naquela noite não contou para a comunicação social. É isto o verdadeiro papel da comunicação social?", interrogou, afirmando que a resposta a esta questão tem de ser dada pelos próprios media.
"No meu caso não tem importância nenhum, fica aqui tudo no nosso limite da nossa dimensão. Agora no caso do Santo Padre a viagem foi uma viagem estrondosa, de grandes interpelações. Desapareceu tudo, não apareceu nada, apareceu o preservativo. Faz pena, faz pena", lamentou.
Na reflexão que fez sobre o tema do preservativo, D. José Policarpo sublinha que a Igreja Católica não muda de doutrina só porque é pressionada. "A Igreja muda pastoralmente, muda na oração, muda na meditação da Palavra de Deus. A Igreja tem de ser fiel à mensagem, que é a grande mensagem para a humanidade. Portanto, os meios de comunicação social que tirem daí a ideia de que a Igreja vai mudar porque nos pressionam para isto ou para aquilo", acentuou. "A Igreja não pode desistir de uma doutrina da sexualidade que faça da sexualidade um grande dinamismo de humanização, de generosidade, de encontro de amor", sublinhou.
(Fonte: Público online)
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