Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Comunicar as próprias convicções - II

Ensaio de Ángel Rodríguez Luño – publicação subdividida em V partes

Verdade e liberdade

Em mais de uma ocasião, João Paulo II destacou que o conflito entre verdade e liberdade está presente em boa parte dos problemas que afectam a cultura do nosso tempo (2). A esse mesmo assunto se referiu Bento XVI com o conceito de relativismo (3). Diante das posições relativistas, tem-se a tentação de responder mostrando a sua contradição interna: quem considera que toda a verdade é relativa faz, na realidade, uma afirmação absoluta e, por isso, contradiz-se a si mesmo. Trata-se de uma crítica verdadeira, mas culturalmente pouco eficaz, porque não procura entender os pontos de apoio que sustentam os fundamentos relativistas, nem parece compreender a questão que tentam solucionar.

A partir de uma perspectiva ético-social, as posições relativistas têm o seu ponto de partida baseado no facto de que na sociedade actual existe uma pluralidade de projectos de vida e de concepções do bem, que parece propor uma disjuntiva: ou se renuncia à ideia de julgar os diferentes projectos de vida, ou há que abandonar o ideal ou o modus vivendi caracterizado pela tolerância. Por outras palavras, um modo de vida tolerante requereria admitir que qualquer concepção de vida tem o mesmo valor ou, pelo menos, tem o mesmo direito de existir como qualquer das outras; se isto não se admite, cai-se num fundamentalismo ético e social.

O raciocínio é bastante enganador, mas apresenta-se com aparência de verdade por causa de um facto inegável, que constitui o seu ponto de apoio: ao longo da história e, inclusive, na actualidade, não faltou quem oprimisse violentamente a liberdade das pessoas e dos povos em nome da verdade. Por isso, para que a mensagem evangélica seja rectamente entendida, torna-se necessário evitar qualquer palavra, raciocínio ou atitude que possa fazer pensar que um cristão coerente sacrifica a liberdade em nome da verdade. Se fosse dada esta impressão, ainda que involuntariamente, contribuir-se-ia para consolidar o pressuposto fundamental do relativismo: a ideia de que o amor à verdade e o amor à liberdade são incompatíveis, pelo menos na prática.

A comunicação de convicções cristãs e de conteúdos éticos necessita que seja demonstrada com obras, e não somente com palavras, que entre verdade e liberdade existe uma verdadeira harmonia; isto requer, por um lado, estar profundamente convencido do valor e do significado da liberdade pessoal. Mas, por outro, obriga a distinguir cuidadosamente o terreno ético do terreno político e jurídico. Em primeiro lugar, toda a chamada da autoridade se dirige à liberdade; em segundo lugar, o recurso à coação pode ser legítimo.

2 - Cf. por exemplo: Litt. enc. Redemptor hominis, 4-03-1979, n. 12; Litt. enc. Centesimus annus, 1-05-1991, nn. 4, 17 y 46; Litt. enc. Veritatis splendor, 6-08-1993, nn. 34, 84, 87 y 88; Litt. enc. Fides et ratio, 14-09-1998, n. 90.

3 - Cf. por exemplo: Discurso ao Convênio diocesano promovido pela diocese de Roma sobre o tema “Família e comunidade cristã: formação da pessoa e transmissão da fé”, 7-6-2005; Discurso ao Corpo Diplomático acreditado diante da Santa Sé, 8-01-2007; Discurso a uma Delegação da “Académie des Sciences Morales et Politiques” de Paris, 10-02-2007; Discurso inaugural da V Conferência do Episcopado Latinoamericano, 13-5-2007.


(Fonte: site Opus Dei - Portugal)

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