No início de Agosto, o Governo da Nicarágua fechou mais uma emissora de rádio da Igreja, desta vez na diocese de Matagalpa, e impediu o bispo da diocese de sair de casa e de celebrar Missa. Apesar da perseguição policial, os padres da diocese tiveram a coragem de assinar conjuntamente um protesto. No estrangeiro, a perseguição comunista foi noticiada por raros meios de comunicação, apesar de a União Europeia ter emitido um comunicado severo a «condenar o encerramento arbitrário de sete emissoras de radio católicas por parte das autoridades da Nicarágua no passado dia 1 de Agosto e de outras emissoras de rádio e televisão comunitárias pouco depois», protestando contra «mais uma violação da liberdade de expressão e da liberdade de religião». Com a agravante, queixa-se o comunicado da União Europeia, de que se «utilizou uma força policial excessiva para ocupar as instalações e intimidar e dispersar, com gases lacrimogéneos e disparos, pessoas desarmadas». Vale a pena ler ainda, nesse comunicado da União Europeia: «desde 2018, o Governo da Nicarágua tem aplicado níveis sem precedentes de violência contra o seu próprio povo, recorrendo a assassinatos, a desaparições forçadas, a prisões, ameaças e intimidação contra os opositores políticos, os jornalistas, os defensores dos direitos humanos, os líderes religiosos e outros».
Infelizmente, poucos meios de comunicação dão notícias da Nicarágua.
Antes dos últimos atentados, o Governo já tinha fechado o canal de televisão da conferência episcopal e muitos outros meios de comunicação, já tinha expulso o Núncio Apostólico, metido vários padres na prisão, encerrado uma centena de ONGs que ajudavam os pobres.
Há poucas semanas, expulsaram as Irmãs Missionárias da Caridade, da Madre Teresa de Calcutá…
Depois de várias eleições falsificadas, Daniel Ortega mudou a Constituição da Nicarágua para se recandidatar novamente e, em Novembro passado, depois de uma campanha de repressão particularmente dura e de ter metido na prisão os principais opositores, foi reeleito com 76% dos votos para o quinto mandato presidencial, com a mulher no cargo de Vice-presidente.
A Nicarágua vive assim há tanto tempo que já não é notícia.
O Papa manifestou a preocupação de que, aos poucos, a comunidade internacional se habitue a este regime de barbárie, mas o risco é muito grande. Já morreu tanta gente, há tantos milhões de famílias desfeitas, que as notícias da Ucrânia deixaram de chocar.
E em Myanmar, e no Sudão, e em países do Médio Oriente, e na China…
Infelizmente, além de tanta
violência grave, infiltra-se nas sociedades ocidentais a prepotência dos que nos
querem impor um mundo decadente de sexo irresponsável e doentio. O Papa classificou
esta ideologia do género como colonialismo. Aos poucos, também nos vamos
habituando?
José Maria C.S. André
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