Nasceu na província romana de Bitínia,
hoje no Norte da Turquia, junto ao Mar Negro, numa família pagã, pobre. Deram-lhe
um nome que estava na moda, Helena, que significa de origem grega, apesar de a
Bitínia não fazer parte da Grécia.
Ainda muito nova, quando trabalhava
numa hospedaria, passou por lá o poderoso Tribuno romano Constâncio Cloro que
reparou na elegância e na inteligência e a tomou como mulher. O direito romano
não permitia que um Tribuno daquele estatuto se casasse com uma rapariga do
povo, mas ninguém proibia que Cloro vivesse com ela. Tiveram um filho, chamado
Constantino, que ainda muito novo se manifestou um líder extraordinário,
adorado pelos exércitos sob o seu comando e pelo povo.
A carreira fulgurante de Constâncio
Cloro elevou-o a César da Gália, da Grã-Bretanha e da Espanha, isto é, de toda
a Europa romana da época, à excepção da Grécia e da Itália, e, chegou o momento
em que lhe deu jeito casar-se com Teodora, filha do Imperador Maximiliano
Hércules. Para isso, Cloro repudiou Helena e separou-o do filho de ambos,
Constantino.
Este revés durou treze anos, até à
morte de Constâncio Cloro, ocasião em que o jovem Constantino ascendeu a César
e, por manobras políticas, batalhas vitoriosas e eliminação de adversários, chegou
rapidamente a Imperador único de Roma. A partir desse momento, Helena tornou-se
a mãe do Imperador, a quem ele se sentia profundamente ligado.
A aldeia em que Helena nasceu foi
elevada a Cidade de Helena, «Helenópolis», e Constantino concedeu enorme
autoridade à sua mãe e deu-lhe o título de «Augusta».
Naqueles tempos, em que muitos dos
que sobreviviam à nascença não chegavam aos 40 anos, Helena viveu —cheia de
energia e actividade— até aos 80. Ainda nos últimos tempos, fez várias viagens,
a principal das quais à Terra Santa, para se ocupar dos lugares da vida de
Cristo.
Uma das medidas dos imperadores
pagãos para combater o cristianismo tinha sido destruir os lugares mais
sagrados da vida de Cristo: o Calvário onde foi crucificado, o túmulo, a gruta
de Belém onde nascera, o Jardim das Oliveiras. Curiosamente, ao construírem
templos pagãos nesses lugares, pretendendo apagar deles a memória de Cristo, documentaram
para a história onde ficavam exactamente esses mesmos lugares. Helena dirigiu as
obras de recuperação e as escavações para encontrar a Cruz do Salvador. Efectivamente,
desenterram no local três cruzes e encontrou-se a inscrição mandada colocar por
Pilatos, «Jesus Nazareno, Rei dos Judeus», como o atestam os Evangelhos de S.
Mateus, de S. Marcos, de S. Lucas e de S. João. No entanto, subsistiam dúvidas
sobre qual das três cruzes era a de Jesus, que ficaram esclarecidas quando um
doente ficou curado milagrosamente ao tocar numa delas. Encontraram-se também os
pregos que fixaram Jesus à Cruz e, por influência da mãe, o Imperador Constantino
juntou um desses pregos ferrugentos às jóias do seu diadema imperial.
É impossível resumir aqui o que
Santa Helena fez na Terra Santa e noutros lugares, porque manteve uma actividade
incessante até aos 80 anos. A memória da Igreja recorda sobretudo a sua relação
com a Cruz de Jesus e por isso a escultura gigantesca que está diante do altar
papal, na basílica de S. Pedro, representa-a segurando devotamente a Cruz. Hoje,
poucas vezes se celebra a memória de Santa Helena no dia 18 de Agosto, mas é
fácil lembramo-nos dela na grande festa do dia 14 de Setembro, chamada da
Exaltação da Santa Cruz.
José Maria C.S. André
Nota JPR: Porque o blogue irá cessar as suas publicações a partir do dia 1 de setembro de 2022, facto que se deve exclusivamente a motivos de saúde, este será o último artigo de José Maria André aqui publicado. É com alguma emoção e tristeza porque não dizê-lo, que escrevo estas linhas. Invade-me também um sincero sentimento de gratidão para com o José Maria, a quem desejo que continue a escrever e a divulgar a sã doutrina e factos da Igreja. Bem-haja!
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