Por momentos, tento não pensar no sofrimento dos ucranianos. Além de rezar, não falta fazer alguma coisa? Esforço-me por falar de outros temas.
Qual o seu poema preferido? Que
livro?
— «Não sei, eu gosto de muitos
livros... Gosto dos clássicos. O meu favorito é a Eneida. Também li muitos
autores modernos. Mas os clássicos moldaram-me mais…».
O que come? O que o relaxa mais? O
que mais admira nas pessoas?
— «A simplicidade e a transparência.
A simplicidade atrai-me, faz-me bem ver pessoas simples e transparentes».
Qual o desporto preferido?
— «Futebol! Mas não jogo. Mesmo
quando era novo colocavam-me sempre à baliza, porque jogava mal».
Que faz em momentos de incerteza?
— «A tentação é resolver o assunto
rapidamente. Mas eu paro, pelo menos tento parar. Porque às vezes fico ansioso
e quero ver-me livre do problema quanto antes. E quando faço isso, corre mal.
Por isso, tento parar e dar tempo ao tempo, considerar as coisas, a consultar algumas
pessoas, rezar».
Quais são os seus defeitos? Que
fotografia tem na mesa do escritório? Que cenas o comoveram especialmente?
— «Muitas. Em alturas diferentes.
Uma coisa que eu vi e me comoveu muito foi a fila de mulheres no exterior da
prisão, a visitar os filhos ou os maridos. Via-as quando passava no autocarro. Via
a sua lealdade. Passavam a vergonha de estar ali à porta e todos saberem que
eram a mãe ou a mulher de um preso. Mas não lhes importava. Lealdade. Tocou-me
por dentro e ajudou-me tanto... Tanto!».
Ainda conduz automóveis? Com quem
se confessa? Porque escolheu o nome de Francisco? Qual o seu maior desejo? O
que mudaria no mundo, se só pudesse mudar uma coisa?
— «É engraçado, vem-me à cabeça a
palavra “mãe” ou “mãezinha”. Que todos tenham uma mãe! Que todos saibam o que é
ter uma mãe. Sofro quando vejo estas crianças ou jovens (…) que não têm mãe. Têm
uma mãe, mas não a mãezinha querida. Eu sofro muito por estes órfãos. Poderia
dizer o mesmo daqueles que não têm pai, mas falo da mãe, porque me parece que a
mãe tem um peso simbólico maior».
Qual o seu santo preferido?
Como reza ao Anjo da Guarda? Qual
a importância de Nossa Senhora na sua vida? A sua oração preferida? Porque se
veste assim? Em que pensa, ao acabar o dia?...
Entretanto, continuamos a viver com
o coração apertado perante o espectáculo de selvajaria do exército russo na
Ucrânia. Como os ucranianos continuam a resistir heroicamente, destroem-lhes o
país e matam a gente sem que nenhuma autoridade mundial consiga pôr cobro a
este horror. Contam-se por milhões os ucranianos que conseguiram fugir para o estrangeiro,
há dezenas de milhares de mortos entre os ucranianos, atingidos pelas bombas e
pelas balas. E um número muito maior de vítimas da fome, da sede e da doença
nas cidades cruelmente cercadas pelas forças russas. Há também baixas pesadas
entre os soldados russos.
Este horror tem de parar!
Infelizmente, a comunidade
internacional não tem coragem para impedir esta chacina. Cresce a aflição com
que acompanhamos a desgraça da Ucrânia e o sentimento de culpa por não os ajudarmos
suficientemente.
José Maria C.S. André
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