Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sábado, 11 de dezembro de 2021

S. José é diferente em Portugal


Como Portugal é dos países mais pequenos da Europa e do mundo, não se espera que consiga oferecer contributos originais à humanidade, mas há sempre excepções. Uma delas refere-se a S. José.


Em quase toda a arte cristã, S. José é representado como um ancião venerável, contrastando com a juventude de Nossa Senhora. Embora a doutrina garanta que S. José estava casado com Nossa Senhora, em geral, os artistas procuraram esbater essa relação, como se fosse um equívoco legal, um mal-entendido. O objectivo de representar José como um avô era sublinhar a virgindade de Maria – o que corresponde à verdade –, mas o resultado foi associar a virtude da pureza à velhice.


Como Portugal não acompanhou, sob vários aspectos, as tendências da cultura e da arte, os pintores e escultores portugueses nem sequer imaginaram que S. José fosse mais velho que Nossa Senhora. Graças a isso, anteciparam-se em muitos séculos aos melhores artistas actuais, que nos retratam um homem vigoroso, vibrante, cheio de ternura, corajoso, criativo, trabalhador, jovem de corpo e de espírito, límpido no amor.


No passado dia 8 de Dezembro, o Papa Francisco publicou uma Carta apostólica a anunciar um ano de indulgências especiais, a comemorar que o Papa Pio IX nomeou S. José patrono da Igreja universal em 1870, há 150 anos.


Esta Carta apostólica, que começa com as palavras «Patris corde» (com um coração de Pai...), é um hino a S. José, fiel à sua vocação, enamorado de Jesus e de Maria.


«Na sociedade actual –escreve o Papa–, muitas vezes os filhos parecem órfãos de pai. (...) Ser pai significa introduzir o filho na experiência da vida, na realidade. Não segurá-lo, nem prendê-lo, nem subjugá-lo, mas torná-lo capaz de opções, de liberdade, de partir. Talvez seja por isso que a tradição chama a José pai castíssimo. (... ) A castidade é a liberdade da posse em todos os campos da vida. Um amor só é verdadeiramente tal, quando é casto. O amor que quer possuir (...) prende, sufoca, torna o outro infeliz. O próprio Deus amou o homem com amor casto, deixando-o livre inclusive de errar e de se opor a Ele. A lógica do amor é sempre uma lógica de liberdade, e José soube amar de maneira extraordinariamente livre».


Segundo o Papa, nesta sociedade faltam pais que respeitem a vocação dos filhos e os ajudem a descobri-la, em vez de se oporem a ela. São precisos pais capazes de respeitarem a mulher e os filhos com esta «lógica do amor» extraordinariamente livre.



S. José, chamado por Deus quando era muito jovem, recém-casado com Nossa Senhora, esteve à altura da sua missão: fazer feliz a nova família, à base de alegria, não de sacrifício. Comenta o Papa: «A felicidade de José não se situa na lógica do sacrifício de si mesmo, mas na lógica do dom de si mesmo. Naquele homem, nunca se nota frustração, mas apenas confiança. (...) O mundo precisa de pais, rejeita os dominadores, isto é, rejeita quem quer possuir o outro para preencher o seu próprio vazio; rejeita aqueles que confundem autoridade com autoritarismo, serviço com servilismo, confronto com opressão, caridade com assistencialismo, força com destruição».


José, o rapaz jovem, o santo da alegria: com muitos séculos de antecipação sobre a nossa era, os artistas portugueses captaram a grandeza do amor, pujante na juventude da vida e sempre.

José Maria C.S. André

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