As notícias mais chamativas destes últimos dias foram protagonizadas pelos próprios meios de comunicação, por acção e omissão.
Primeiro, o Tribunal Constitucional polaco reconheceu que o aborto é contrário à Constituição polaca, que defende explicitamente a vida e a dignidade de todos.
A Santa Sé saudou este progresso no reconhecimento pleno dos direitos humanos e o Papa Francisco aproveitou a memória litúrgica de S. João Paulo II e a celebração do centenário do seu nascimento para lembrar que João Paulo II «sempre defendeu um amor privilegiado pelos últimos e pelos indefesos e o cuidado de cada ser humano, desde a concepção até à morte natural. Por intercessão de Maria Santíssima e do Santo Pontífice polaco, peço a Deus que suscite nos corações de todos o respeito pela vida dos nossos irmãos, especialmente dos mais frágeis e indefesos, e que dê força aos que acolhem e cuidam dessa vida, mesmo quando isso exige um amor heróico».
Qual a reacção dos principais meios de comunicação? Classificar os polacos e o Tribunal Constitucional como ultra-conservadores e não referir a posição da Igreja e de outros defensores dos direitos humanos, para dar a entender que os polacos estão isolados.
Nessa mesma altura, o Papa foi entrevistado brevemente para um programa de televisão – uma resposta de menos de 30 segundos, que nem foi divulgada pelos canais habituais da Santa Sé – onde disse que era preciso respeitar as pessoas com tendências homossexuais, que se lhes poderiam aplicar leis comuns mas, de nenhum modo, as leis relativas ao casamento. Desta vez, o assunto mereceu uma cobertura noticiosa avassaladora, embora infelizmente distorcida.
Estimar todas as pessoas, independentemente do seu comportamento, é um princípio básico do cristianismo, que não se confunde com aprovar esse comportamento. O Papa tem sido muito claro acerca disso.
O segundo ponto é que, como o Papa sublinhou, as disposições que se aplicam a pessoas que vivem em comum diferem em vários aspectos do casamento. Não se lhes aplica o «número dois», não são relações indissolúveis e, obviamente, não têm a ver com a homossexualidade.
Em geral, quando várias pessoas partilham as despesas domésticas, não tem sentido exigir que sejam só duas. Porque é que um pai e dois filhos que vivem na mesma casa teriam menos direitos do que se fossem só duas pessoas? Porque é que cinco estudantes que alugam a mesma casa hão-de ter menos direitos do que se fossem só dois? A exigência de serem dois, um homem e uma mulher, aplica-se a quem funda uma família aberta aos filhos, os outros tipos de convivência podem juntar qualquer número de indivíduos.
As responsabilidades que um homem e uma mulher assumem ao constituírem uma família aberta aos filhos prolongam-se indefinidamente no tempo, e por isso a Igreja defende que o casamento é indissolúvel. Pelo contrário, as outras convivências dependem do arbítrio das partes.
Finalmente, o comportamento homossexual nunca pode ser fonte de direitos. Porque é que uma tia e uma sobrinha que partilham a mesma casa passariam a ter mais direitos se, em vez de levarem uma vida normal, fizerem orgias homossexuais?
Felizmente, o público está cada vez mais alerta para a manipulação da informação relativa à Igreja. Se, em certos casos, esta desconfiança for o princípio de um maior interesse por conhecer mais directamente a sua doutrina... como diz o povo, há males que vêm por bem.
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