A cultura laical está atenta. Na Suécia, em 2015, um documentário sobre a Teoria do Amor Sueco questionava o domínio da “independência” como ideal no país. Parece-se mais com uma maldição do que com uma bênção quando metade dos suecos vivem em agregados familiares de um. Como um relatório narrava retratava:
Um homem está sozinho no quarto. Jaz morto há três semanas – as pessoas só reparam quando um cheiro fétido surge nos corredores comunitários. À medida que as autoridades suecas investigam o caso descobrem que o homem não tem nem familiares próximos, nem amigos. É muito provável que tenha vivido só durante vários anos, sentado solitariamente em frente da sua televisão ou do seu computador. Ao fim de algum tempo, descobrem que tem uma filha, mas esta acaba por ser impossível de localizar… Aparentemente tinha muito dinheiro guardado no banco. Mas qual a sua utilidade se não tem niguém com quem partilhá-lo.
E depois temos a Alemanha. Num artigo, no Der Spiegel, intitulado “Alone by the Millions: Isolation Crisis Threatens German Seniors” o German Centre of Gerontology reportava:
Mais de 20 por cento dos Alemães com mais de 70 anos não tem contactos regulares ou apenas o estabelece com uma pessoa. Um em cada quatro recebe menos de uma visita por mês de amigos e conhecidos, e quase um em cada dez já não recebe qualquer tipo de visita. Muitos idosos já não têm quem lhes trate pelo primeiro nome ou que pergunte como têm passado.
Tamanha pobreza humana abunda numa sociedade inundada pela riqueza material. Isto, também, não foi previsto por aqueles discutiam a favor e contra a Humanae Vitae em 1968. Ainda assim, sem dúvida alguma, o que une estes tristes retratos é a revolução sexual que em meados de 1970 incendiava o Ocidente, levando a um aumento do número de divórcios, diminuindo o número de casamentos e esvaziando os berços. Não é necessário estudar demografia para fazer a ligação a evidência dos sentidos basta. Como uma vítima incisivamente sumarizava no Der Spiegel:
“ Para além dos pássaros quase ninguém visita as mulheres idosas. Erna J. tem cabelo branco e próteses ortopédicas pretas e como a maioria das pessoas da sua idade sofre de extrema solidão. Nasceu pouco depois da Primeira Guerra Mundial e mudou-se para este apartamento há 50 anos. Dez anos depois o seu marido faleceu. Viveu mais do que todos os seus irmãos e amigas. O seu marido não queria ter filhos. “Devia ter insistido” diz a antiga cozinheira, “ e talvez hoje não estivesse tão sozinha”.
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