Implica que a religião oferece ao homem uma visão para a vida inteira, não apenas para a vida espiritual. Mas a instituição religiosa não é totalitária, antes encontra-se limitada pelo Estado. E o Estado não pode pretender controlar tudo, porque por sua vez está limitado pela liberdade religiosa. O Estado não é tudo, e a Igreja, neste mundo, não é tudo. Entendida neste sentido, a laicidade é profundamente cristã. A hostilidade dos nazis para com o cristianismo, especialmente para com o catolicismo, fundava-se na ideia de que o Estado é tudo.
Mas se laicismo significa que na vida pública não há lugar para Deus, então estamos diante de um grave erro. As instituições políticas e as instituições religiosas têm âmbitos que lhes são próprios. Os valores fundamentais da fé, porém, devem manifestar-se publicamente, não por meio da força institucional da Igreja, e sim por meio da força da sua verdade interior. Quando o laicismo pretende excluir a religião, comete uma mutilação do ser humano.
(Cardeal Joseph Ratzinger in ‘L’abolition de l’homme’)
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