Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quinta-feira, 4 de junho de 2020

A «Casa da vida» (Life House)

Terça-feira, 30 de Maio (2017), o Pontifício Colégio Português de Roma foi condecorado pelo Raoul Wallemberg Institute com o título de «Casa da vida», por ter escondido meia centena de pessoas, sobretudo judeus e famílias de opositores ao regime fascista.

Entre as personalidades presentes na cerimónia, além dos representantes do Wallemberg Institute, estavam a Dra. Ruth Dureghello, Presidente da Comunidade Hebraica de Roma, D. Manuel Clemente, Cardeal Patriarca e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e o Dr. Luigi Priolo, um dos refugiados do Colégio Português nos anos 1943 e 1944. Luigi Priolo, que na altura era um adolescente, viria a ser um político conhecido, secretário-geral do Senado italiano durante muitas décadas e maçon.

Em 2010, o responsável efectivo do Colégio nos anos 1940 a 1954 já tinha sido condecorado pelo Estado de Israel como «Justo entre as Nações».

Qual a causa de tanto agradecimento? O Pontifício Colégio Português, que ocupava naquela época o palácio Alberini, no extremo Sul da Ponte de Sant’Angelo, era o mais pequeno dos colégios eclesiásticos de Roma e por isso um dos que acolheu menos pessoas. De todos os modos, como é que meia centena de refugiados, a somar aos seminaristas e padres, conseguiu viver e esconder-se durante vários anos naquelas instalações? Todo os inquilinos normais do Colégio, padres e seminaristas, colaboraram na protecção dos refugiados e, quando os soldados das SS apareciam, os refugiados eram tratados como se fossem padres e freiras. Naturalmente, houve momentos de grande emoção.

O ponto de partida foi o apelo muito forte de Pio XII, durante a segunda guerra mundial, mobilizando as instituições da Igreja para acolherem todas as vítimas das perseguições.

Por contraste, este Papa é muito denegrido, sobretudo em sociedades que não conheceram directamente a perseguição aos judeus. Alguns dos «best-sellers» sobre a época declaram que «a Igreja católica é a principal responsável do Holocausto» (Susan Zuccotti, «Under His Very Windows. The Vatican and the Holocaust in Italy»); um comentador do «New York Times» escreveu que Pio XII «era o eclesiástico mais perigoso da história moderna» e «colocou o interesse particular católico acima da consciência». Outros, historiadores identificam João Paulo II como o continuador do antisemitismo de Pio XII (por exemplo, John Cornwell, «Hitler’s Pope», Garry Wills, «Papal Sin. Structures of Deceit», James Carroll, «Constantine’s Sword. The Church and the Jews: A History»).

Nalguns casos, estes livros parecem uma vingança, o ajuste de um contencioso pessoal, porque muitos destes autores são ex-padres, ou ex-seminaristas que continuam aborrecidos com a Igreja católica. O que os levou a concentrarem-se em Pio XII? E por que razão a opinião pública se deixou intoxicar por estas fontes tão enviesadas?

De uma maneira geral, os líderes judaicos da velha geração, como o primeiro Presidente de Israel, Chaim Weizmann, os Primeiros-Ministros de Israel Golda Meir e Moshe Sharett, o Rabino Chefe de Israel Isaac Herzog, o secretário-geral do Congresso Hebraico Mundial Leon Kubowitzky ...exprimiram o seu grande reconhecimento à Igreja e a Pio XII.

Albert Einstein, escrevia em plena guerra, em Dezembro de 1940, na revista «Time»: «Só a Igreja enfrenta verdadeiramente a campanha Hitleriana de supressão da verdade. Até hoje, nunca me tinha interessado pela Igreja, mas agora sinto um enorme afecto e admiração porque só a Igreja tem a coragem e a perseverança de defender a verdade intelectual e a liberdade moral. Aquilo que antes eu desprezava, agora admiro sem reservas».

O Cônsul Israelita em Milão, Pinchas Lapide, escreveu que Pio XII «foi o instrumento de salvação de pelo menos 700 mil, talvez até 860 mil, hebreus que teriam morrido às mãos dos nazis». O Rabino Chefe da Sinagoga de Roma nos anos da perseguição converteu-se e adoptou o nome de Eugenio, em agradecimento a Pio XII (que se chamava Eugenio Pacelli). Elio Toaff, que também sofreu o holocausto e se tornaria o Rabino Chefe de Roma não poupou elogios. E, tantos, tantos outros... Assim, pela mão de organizações judaicas, sobretudo relacionadas com a história do Holocausto, a memória santa de Pio XII tem vindo a ser recuperada. À conta disso, até o Pontifício Colégio Português, que ocupa desde 1975 um edifício diferente, recebeu o título de «Casa da Vida».
José Maria C.S. André
04-VI-2017
Spe Deus

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