Com efeito, se a Igreja é a nossa Igreja, se a Igreja somos apenas nós, se as suas estruturas não são as que Cristo quis, então não se pode mais conceber a existência de uma hierarquia como serviço aos batizados, estabelecida pelo próprio Senhor. Recusa-se o conceito de uma autoridade querida por Deus, de uma autoridade que tem a sua legitimidade em Deus, e não no consenso da maioria dos membros da organização, como acontece nas estruturas políticas.
Mas a Igreja de Cristo não é um partido, não é uma associação nem um clube: a sua estrutura profunda é ineliminável; não é democrática, e sim sacramental, e portanto hierárquica: porque a hierarquia baseada na sucessão apostólica é condição indispensável para obter a força e a realidade dos sacramentos. Aqui, a autoridade não se baseia em votações da maioria; baseia-se na autoridade do próprio Cristo, que quis fazer com que participassem dela homens que fossem os seus representantes até ao seu retorno definitivo. Só se poderá redescobrir a necessidade e a fecundidade católica da Igreja retomando essa visão de obediência à sua legítima hierarquia.
(Cardeal Joseph Ratzinger in ‘A fé em crise?’ pag.32)
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