À medida que a Páscoa se aproximava, crescia em D. Álvaro a preparação para aproveitar bem o Tríduo pascal. Dizia-nos uma vez: «Havemos de procurar ser mais um, vivendo em intimidade de entrega e de sentimentos os diversos passos do Mestre durante a Paixão, acompanhar Nosso Senhor e a Santíssima Virgem com o coração e a cabeça, naqueles tremendos acontecimentos, dos quais não estivemos ausentes quando eles aconteceram, porque o Senhor sofreu e morreu pelos pecados de cada uma e de cada um de nós. Pedi à Santíssima Trindade que nos conceda a graça de entrar mais a fundo na dor que cada um causou a Jesus Cristo, para adquirirmos o hábito da contrição, que foi tão profundo na vida do nosso santo Fundador e o levou a heroicos graus de Amor» [7].
A liturgia de Quinta-feira Santa impressionava, naturalmente, D. Álvaro. E cheio de esperança, de alegria, também humana, considerava a entrega de Cristo à Igreja, por cada alma, manifestada na instituição da Eucaristia e do sacerdócio. Visitava os Monumentos com ânimo de meditar e assumir o Sacrifício supremo de Jesus. Gostava de passar pelas igrejas onde O colocavam com maior solenidade, também com o desejo de se preparar melhor para acolher constantemente Deus na sua alma.
Várias vezes comentou que o comoviam as leituras dos diversos ofícios litúrgicos desses dias, e de forma muito particular a narração da Paixão segundo S. João. Recomendava a leitura e meditação da Paixão do Senhor e a adoração da Santa Cruz. Detinha-se a rezar o canto das Lamentações, na Sexta-feira Santa, e o Exsúltet, o pregão da Vigília Pascal.
Em sinal de gratidão e de esperança, beijava com frequência o crucifixo que trazia no bolso, ou o que punha sobre a mesa de trabalho. Tratemos Jesus com autêntico carinho de enamorados, como D. Álvaro fazia, segundo o conselho do nosso Padre: o teu Crucifixo. – Como cristão, deverias trazer sempre contigo o teu Crucifixo. E colocá-lo sobre a tua mesa de trabalho. E beijá-lo antes de te entregares ao descanso e ao acordar. E quando o pobre corpo se rebelar contra a tua alma, beija-o também [8]. Testemunhei que este modo de proceder contagiava outras pessoas, que acabavam por imitá-lo nessas práticas cheias de vigorosa piedade e de naturalidade cristã.
[7]. D. Álvaro del Portillo, Carta, 1-IV-1987.
[8]. S. Josemaria, Caminho, n. 302.
(D. Javier Echevarría na carta do mês de abril de 2014)
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