Em primeiro lugar, a vida é uma realidade biológica. No ser humano, é preciso acrescentar um novo nível: o do espírito que vive e vivifica. O espírito funde-se com a existência biológica, conferindo à vida outra dimensão. Além disso, a fé cristã está convencida da existência de outro nível ainda, concretamente o do encontro com
Cristo. Podemos, pressenti-lo já no processo do amor humano: sempre que sou amado, penetro espiritualmente, através do tu do outro, num novo nível. Algo semelhante acontece quando, através de Cristo, o próprio Deus se volta para mim, convertendo a minha vida numa convivência com a vida primigénia criadora.
Quer dizer que a vida tem múltiplas etapas...
E alcança-se a mais alta quando se converte em convivência com Deus. É precisamente aqui que radica a audácia da aventura humana. A pessoa pode e deve ser a síntese de todas essas etapas da criação. Pode e deve chegar até o Deus vivo e devolver-lhe o que recebeu dEle. [...]
É importante que a vida percorra essas distintas etapas. Nas superiores, alcança-se finalmente a eternidade através da morte, pois a morte é o destino necessário de toda a vida meramente orgânica.
(Cardeal Joseph Ratzinger – ‘La fe, de tejas abajo’, entrevista ao diário ABC, 31.03.2002)
Sem comentários:
Enviar um comentário