Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 20 de março de 2020

Nas ruas desertas de Roma


A imagem tem a força de um filme épico: Francisco caminhando pelas ruas desertas de Roma, para rezar pela cidade e pelo mundo (um extracto em https://youtu.be/Wgl11MSEVys). A cidade permanece deserta e silenciosa, muito raramente surge alguém, que não acredita no que vê: o Papa fora dos limites do Vaticano, a andar pela sua cidade.

Saindo a pé do Vaticano, a primeira etapa foi na igreja de Santa Maria Maior, aonde tem ido antes de cada viagem apostólica e aonde regressa sempre, no final de cada viagem, para agradecer. Aí, no altar de Nossa Senhora, depositou um ramo de flores, como faz todas as vezes. A seguir, dirigiu-se à igreja de S. Marcelo, numa reentrância da via del Corso, bem no centro de Roma, para rezar diante de um crucifixo antigo e deixar outro ramo de flores sobre o altar.

Era a tarde pacata do passado Domingo, 15 de Março. Um pouco atrás, os guarda-costas acompanhavam o Papa, sem se fazerem sentir. Vê-se que o Papa caminha com desconforto, sobretudo quando o chão é irregular ou tem de subir ou descer algum degrau, e as distâncias são grandes, para quem se desloca com dificuldade. Vê-se que o Papa medita pelo caminho e quer demorar-se em cada sítio a rezar. As igrejas, fechadas e vazias, abrem-se propositadamente para o receber. Em cada uma, apenas o recebem os sacerdotes responsáveis. Pelas ruas que atravessa, as lojas estão fechadas, as janelas emudecidas, somente o assobiar do vento e os passos de um raro transeunte.

Respeitando as ordens das autoridades sanitárias, o Papa comentou que «nem sempre as medidas drásticas são as melhores». Porque, aconteça o que acontecer, não podemos perder Deus de vista, Ele tem mesmo de ocupar o espaço inteiro do nosso coração. Nestes tempos estranhos de reclusão, de medo e de sofrimento para alguns, o Papa pediu aos católicos que rompessem o individualismo, para se abrirem de forma nova a Deus e aos outros. O isolamento físico tem de transformar-se em oportunidade de chegar a mais pessoas.

Em resposta a este apelo, multiplicaram-se na internet os materiais para fazer oração e para acompanhar os textos da Eucaristia diária. O «site» www.vaticannews.va transmite todos os dias a Missa celebrada pelo Papa na capela de Santa Marta. Nalgumas cidades italianas e de outros países – o Papa Francisco referiu-se a isso com alegria –, os bispos e os párocos, sozinhos ou acompanhados por um acólito, também percorreram as ruas desertas do seu lugar, rezando por todos. Alguns deles, levando o Santíssimo Sacramento em procissão, como na festa do Corpo de Deus, desta vez sem o acompanhamento do povo.

Falando especificamente da Lombardia, onde se registaram mais infecções e mais mortes, o Papa recordou o bispo de Milão, no terraço da catedral, sozinho, a rezar diante da imagem de Nossa Senhora que está no cimo do pináculo mais alto. Isso é, dizia o Papa, «estar perto do povo». Francisco elogiou também «a criatividade de tantos padres. Chegam-me notícias da Lombardia a contar esta criatividade. (...) Felizmente há padres que inventam mil modos de continuar próximos do seu povo, para que este nunca se sinta abandonado. Sacerdotes com zelo apostólico».

O jornal esquerdista «La Repubblica» comentava o percurso de Francisco pelas ruas desertas de Roma: «parecia uma cena da última série de Paolo Sorrentino e afinal era verdade».
José Maria C. S. André

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