«Quero para o meu filho uma educação neutra, livre de influências que são sempre perniciosas. Ele tem de descobrir por si mesmo o que está bem e o que está mal. Desse modo, nunca será manipulado por ninguém. Nem pela Igreja, que continua a ensinar hoje em dia umas ideias passadas de moda. Que exagero! Estamos em pleno século XXI! Abertura, compreensão, cedência nos ensinamentos que, se foram úteis no passado, agora têm de se adaptar aos novos tempos. Senão, ficam obsoletos. A doutrina da Igreja ― desculpe a minha sinceridade ― é composta por uns princípios que já ninguém entende, já ninguém acredita, já ninguém vive».
São palavras de um pai de família quando lhe perguntaram se queria ou não que o seu filho tivesse aulas de religião na escola. Penso que contêm uma grande quantidade de chavões muito comuns hoje em dia.
Comecemos com uma pergunta: existe alguma educação que seja neutra? Não. Não existe. A neutralidade educativa é uma ilusão. Se os pais não educam, outros o farão no seu lugar: a sociedade, o ambiente, os meios de comunicação. E atenção: esses “educadores” possuem uma influência enorme que nunca ― absolutamente nunca ― é uma influência neutra.
Então, isso quer dizer que os pais devem transmitir valores cristãos aos filhos? Claro que sim. A fé e a moral cristã não estão nada obsoletas ― muito pelo contrário! Renovam o ser humano porque lhe revelam a sua autêntica grandeza e o seu verdadeiro destino. São a chave da sua verdadeira felicidade já nesta Terra. Libertam os filhos da amargura de uma existência sem Deus. Uma existência sem sentido. Uma existência de ir andando não se sabe muito bem para onde nem porquê.
Uma existência que acaba por absolutizar o momento presente procurando satisfazer todos os desejos ― é impossível ― hoje e agora. É o encontro com o amor de Deus ― diz o Papa Francisco ― que nos resgata da nossa autorreferencialidade. De vivermos centrados em nós próprios como se fôssemos o centro do Universo. E se os filhos são conscientes desse amor, entendem a temperança, a veracidade, a lealdade, a pureza, a honestidade não como valores obsoletos, mas como respostas ao amor de Deus por nós.
Se os pais transmitem valores que vivem, os filhos entenderão que o amor de Deus por nós pode ser exigente ― mas nunca é opressivo! É sempre libertador. Como diz J. Lorda, “nós admiramos aquilo que tem perfeição, serenidade, domínio, força. Maravilhamo-nos pelo voo majestoso de uma águia, mas não pelo voo desajeitado de uma galinha”.
Deus, quando nos exige, revela-nos que fomos criados para voar alto, como as águias. Não como as galinhas. É uma exigência que procede do Seu amor, não do desejo de nos roubar a felicidade. É uma exigência ― aprendemos isso com os nossos pais ― que nos faz felizes.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
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