Torna-Se uma criança para que O possamos amar, acolher ― sem nos assustarmos com o Seu esplendor divino. Toda a Sua glória fica oculta para que não nos amedrontemos ― para facilitar a nossa proximidade. Sem medo, sem temor, sem nenhum tipo de receio.
Como nos dizia Bento XVI numa Noite de Natal, sempre nos toca o coração ouvir aquela frase do Evangelho que nos relata o que se passou em Belém: “Enfaixou-O e reclinou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2, 7).
Inevitavelmente, pomo-nos a questão: que teria feito eu? Como teria reagido se Maria e José batessem à minha porta? Haveria lugar para eles ou diria que a minha hospedaria ― a minha alma ― já está cheia? Tenho um lugar para Deus na minha vida ou prefiro um Natal sem demasiadas “complicações”? Tenho um tempo para Deus no meu dia-a-dia ou estou demasiadamente ocupado com as minhas “preocupaçõezinhas”?
“Quanto mais rápida é a nossa vida ― acrescentava o Papa emérito ―, quanto mais eficazes somos naquilo que temos para fazer, quanto mais tempo conseguimos poupar nas diversas actividades, tanto menos tempo parecemos ter disponível”. Tempo para Deus. E tempo para os outros que convivem connosco ― e com quem nos “esbarramos” todos os dias.
Talvez seja esta uma maravilhosa resolução para este Natal: pedir ao Menino Jesus um presente original. Um presente que Ele está desejoso de nos conceder ― porque sabe que é o melhor para nós! Um presente que não custa nada ― é de graça! Um presente do qual depende directamente a nossa felicidade aqui na Terra ― e também a alegria depois na Vida Eterna! Um presente, enfim, que não é preciso ir comprar a nenhuma loja.
E que presente é esse? Ter tempo para Deus na nossa vida ― todos os dias!
E, assim, teremos tempo real para os outros. Porque se temos tempo de verdade para rezar não nos afastamos dos outros. Deus sempre nos aproxima dos outros. É o nosso egoísmo que nos afasta deles. E rezar é o melhor remédio para essa tendência egoísta que todos levamos dentro.
Se temos tempo para Deus, não nos deixaremos esmagar pelo “stress” de uma constante ebulição interior e exterior. Não deixaremos de realizar nenhuma das nossas obrigações. E haverá essa paz profunda ― no meio das contrariedades habituais ― pela qual tantas vezes ansiamos e não conseguimos alcançar.
Porque onde há tempo para Deus, Ele não é esquecido. E onde Ele não é esquecido há paz, há alegria ― mesmo que faltem tantas coisas que muitas vezes são só supérfluas.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
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