Recebamos Cristo na Eucaristia como o fez Zaqueu, o bom publicano [...], que se apressou a descer da árvore e, cheio de alegria, acolheu Jesus em sua casa. Mas não se contentou em acolhê-lO com uma alegria efémera, fruto de uma ligação superficial [...]: deu provas disso através de obras virtuosas. Comprometeu-se a indemnizar de imediato todos aqueles que defraudara, e não apenas no valor roubado, mas no quádruplo; além disso, comprometeu-se também a dar aos pobres metade de todos os seus bens – e imediatamente, note-se, sem esperar pelo dia seguinte. [...]
Que nosso Senhor nos conceda a graça de receber o Seu santíssimo corpo e sangue, a Sua alma bendita e a Sua divindade todo-poderosa, tanto na nossa alma como no nosso corpo, com o mesmo ardor, a mesma espontaneidade, a mesma felicidade, a mesma alegria espiritual que teve aquele homem ao recebê-lO em sua casa. E que o fruto das nossas boas obras possa dar testemunho de que O recebemos condignamente, com aquela fé total e o firme propósito de bem viver que se impõem aos que comungam. Então Deus [...] dirá sobre a nossa alma o que disse outrora sobre a de Zaqueu: «Hoje veio a salvação a esta casa».
São Tomás Moro (1478-1535), estadista inglês, mártir
Tratado «Receber o corpo de Nosso Senhor»
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