Na homilia de 16 de Setembro, o
Papa convidou-nos a rezar pelos governantes, sem excluir nenhum, como diziam as
leituras da Missa. Por exemplo, S. Paulo escreveu na primeira carta a Timóteo:
«pede a todo o povo de Deus que reze pelos reis e por todos os que estão
constituídos em autoridade, a fim de que levemos uma vida serena e tranquila,
com piedade e dignidade» (I Tim 2, 1-2).
Passados 2 mil anos, esta epístola ainda se aplica? Segundo o Papa, continua
plenamente em vigor e por isso é preciso rezar «por todos aqueles que dirigem alguma
instituição política, uma administração nacional ou local».
Aquela ordem de S. Paulo tinha
uma abrangência mais universal – «mando que se façam preces, orações, súplicas
e acções de graças por todos os homens» – mas a verdade é que, entre as várias
pessoas por quem manda rezar, S. Paulo destaca particularmente os políticos.
Francisco lembrou várias vezes que
Paulo VI considerava o serviço dos bons políticos à sociedade como «a mais alta
forma de caridade». O trabalho sacrificado dessas pessoas merece que rezemos
por elas. Contudo, também sabemos de governantes menos bons... «Tenho a certeza
– comentou o Papa – de que não rezamos pelos governantes. (...) Porque “eu não
gosto do que eles fazem”, porque “eles são corruptos”». E exemplificou, para os
italianos presentes: «Há pouco tempo tivemos uma crise governamental: qual de
nós rezou pelos governantes? Qual de nós rezou pelos parlamentares? Para que
pudessem chegar a um acordo e fazer avançar o país? Parece que o espírito
patriótico não chega à oração!».
Quem não entende o papel da
oração não entende a tarefa mais importante da vida humana. A nossa principal
missão é rezar. Queremos melhorar o país, corrigir o mundo? «Quero que os
homens orem em todo o lugar, erguendo as mãos puras» – era a solução que Paulo
dava nessa carta a Timóteo.
– «Pensemos um pouco sobre isto:
eu rezo pelos governantes? “Não, não por aquele, porque é demasiado comunista!”
– E rezas por este? – “Não, não gosto dele porque dizem que é corrupto!” –
Rezas para que se converta?». A resposta é clara: «A oração pelos governantes é
a primeira coisa que devemos fazer, inclusive pelos políticos».
– «Alguém –acrescentou Francisco–
pode queixar-se: mas, padre, a “política é suja!”. No entanto, Paulo VI
considerava que era a forma mais alta de caridade»! A política «pode ser suja
como qualquer profissão, todas... Somos nós que as sujamos, elas não são
sujas». Por isso, «devemos converter-nos e rezar por todos os políticos, por
todos! Rezai pelos governantes».
O Papa acrescentou uma reflexão:
«Enquanto escutava a Palavra de Deus, lembrei-me deste belíssimo episódio do
Evangelho: o governante que reza por um dos seus, aquele centurião que reza por
um dos seus». Significa que «também os governantes devem rezar pelo seu povo», também
«os governantes são responsáveis pela vida do país». Portanto, «é bom pensar
que se o povo reza pelos governantes, estes também podem rezar pelo povo, como
aquele centurião rezava pelo seu servo».
– «Hoje seria bom que cada um de
nós fizesse um exame de consciência sobre o que pensa da política». «Eu não
pergunto se tu “discutes política”, pergunto se rezas pelos governantes, pelos
políticos, para que possam realizar a sua vocação com dignidade».
Três dias depois desta homilia, o
Parlamento Europeu aprovou por 82% de votos (com 8% de abstenções) uma
resolução a lamentar claramente os crimes cometidos pelos regimes comunista e
nazi, responsáveis por «genocídios e deportações e perda de vidas humanas e de liberdade
numa escala até agora nunca vista na história da humanidade».
Perante as tragédias terríveis do
comunismo e do nazismo, qual é a opinião de Deus? Em Fátima, Nossa Senhora
pediu insistentemente que rezássemos e oferecêssemos sacrifícios.
Pelos vistos, é preciso rezar
pelos governantes, não só pelos bons.
José Maria C.S. André
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