Na Cruz, portanto, com fidelidade. Na Cruz, com alegria, pois uma dedicação sem alegria não a poderia o Senhor agradecer: hilarem enim datorem diligit Deus (2 Cor 9, 7)Deus ama quem dá com alegria. Na Cruz, com descanso sereno: porque nós não temos medo da vida nem medo da morte. Nem temos medo de Deus, que é nosso Pai [13]. Ao mesmo tempo, com o profundo sentido de humanidade que o caraterizava, o nosso Fundador repetia: a dor física, quando se pode suprimir, suprime-se. Bastantes sofrimentos já tem esta vida! E quando não se pode suprimir, oferece-se[14].
Para compreender esta atitude tão cristã, é necessário abordar a situação com o olhar do Bom Pastor. Só a partir da conaturalidade afetiva que dá o amor é que saberemosapreciar a vida teologal presente na piedade dos povos cristãos, especialmente nos pobres. Penso na fé firme das mães ao pé da cama do filho doente, que se agarram a um terço ainda que não saibam elencar os artigos do Credo; ou na carga imensa de esperança contida numa vela que se acende, numa casa humilde, para pedir ajuda a Maria, ou nos olhares de profundo amor a Cristo crucificado [15].
Quando estivermos doentes ou a sofrer de qualquer outra forma, devemos dá-lo a conhecer aos que estão ao nosso lado, ir ao médico e aceitar as suas indicações para aplicar quanto antes os remédios oportunos. Assim se evita a psicose de doente. Quantas vezes ouvi dizer a S. Josemaria que, assim como ninguém é santo na Terra, também não há ninguém que tenha sempre saúde! Todos nós podemos passar por momentos de doença, mesmo grave. E isto mesmo nos deve impelir a abandonarmo-nos confiadamente no Senhor e em quem nos pode apoiar.
Minhas filhas e filhos, vamos assumir com gratidão estas recomendações do nosso santo Fundador, porque fazer as obras de Deus não é um bonito jogo de palavras, mas um convite a gastar-se por Amor. Temos de morrer para nós mesmos a fim de renascermos para uma vida nova. Porque assim obedeceu Jesus, até à morte de Cruz, mortem autem crucis. Propter quod et Deus exaltavit illum (Fl 2, 8-9). Por isso Deus O exaltou. Se obedecermos à vontade de Deus, a Cruz será também Ressurreição, exaltação. Cumprir-se-á em nós, passo a passo, a vida de Cristo. Poder-se-á afirmar que vivemos procurando ser bons filhos de Deus, que passámos fazendo o bem, apesar da nossa fraqueza e dos nossos erros pessoais, por mais numerosos que sejam [16].
Não deixemos também de olhar para o queridíssimo Bem-aventurado Álvaro, que soube amar com alegria a saúde e a doença. Ao recordá-lo no dia 15, aniversário da sua nomeação como sucessor de S. Josemaria, peçamos-lhe que nos sustenha, a todas e a todos.
Sei que rezastes pelas vítimas do terramoto em Itália e pelas de outras calamidades de todos os lados: fomentemos esta fraternidade com toda a humanidade.
Dentro de três dias, neste santuário mariano de Torreciudad, vou administrar a ordenação sacerdotal a seis diáconos, Agregados da Prelatura. Pedi por eles e pelos sacerdotes de todo o mundo, pelo Papa e pelos bispos, para que o Espírito Santo nos encha a todos dos Seus dons e nos faça santos. Na mesma data, vamos unir-nos à alegria da Igreja pela canonização da Bem-aventurada Teresa de Calcutá, que tanto apreciava a Obra.
[13]. S. Josemaria, Carta 31-V-1954, n. 30.
[14]. S. Josemaria, Notas de uma reunião familiar, 1-I-1969.
[15]. Papa Francisco, Ex. apost. Evangelii gaudium, 24-XI-2013, n. 125.
[16]. S. Josemaria, Cristo que passa, n. 21.
(D. Javier Echevarría excerto da carta do mês de setembro de 2016)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei
Sem comentários:
Enviar um comentário