Não há dúvida
de que a alegria de Cristo não é tão fácil de enxergar como o prazer banal que
nasce de qualquer diversão. Mas seria falso traduzir as palavras Alegrai-vos no
Senhor por
estas outras: "Alegrai-vos, mas no Senhor", como se na segunda frase
se quisesse recortar o que se afirmou na primeira. Significa simplesmente
"alegrai-vos no Senhor", já que o Apóstolo evidentemente crê que toda
a verdadeira alegria está no Senhor, e que
fora dEle não pode haver nenhuma.
Com efeito,
não há dúvida de que toda a alegria que se dá fora de Deus ou contra Ele não
satisfaz, mas, pelo contrário, arrasta o homem para um redemoinho no qual não consegue
experimentar um verdadeiro contentamento. Por isso, com essa expressão o Apóstolo
informa-nos que a verdadeira alegria não chegará enquanto Cristo não a trouxer,
e que aquilo que interessa na nossa vida é aprender a ver e compreender Cristo,
o Deus da graça, a luz e a alegria do mundo. Pois a nossa alegria não será
autêntica enquanto não deixar de se apoiar em coisas que possam ser arrebatadas
das nossas mãos e destruídas, enquanto não encontrar um firme apoio na mais
íntima profundidade da nossa existência, que não nos pode ser arrebatada por força
alguma deste mundo. E toda a perda externa deveria fazer-nos avançar um passo
para essa intimidade e tornar-nos mais amadurecidos para a nossa vida autêntica.
Cardeal Joseph Ratzinger em ‘Sentido
del Adviento’
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