Falando do casamento, Santidade, há uma palavra que nos atrai mais do que nenhuma outra e ao mesmo nos assusta: o "para sempre"
R. - Na Europa, até ao sec. XIX havia um matrimónio dominante: muitas vezes o casamento era no fundo um contrato entre clãs, com que se procurava conservar um clã, abrir o futuro, defender as propriedades, etc. Procurava-se um para o outro em nome do clã, esperando que se adaptassem um ou outro.
Depois, a partir do século XIX, veio a emancipação do indivíduo, a liberdade da pessoa, e o casamento deixou de se basear na vontade dos outros, e passou a assentar na decisão pessoal.
Antes vem o namoro, que depois se converte em noivado, e posteriormente em casamento.
Nessa época todos estávamos convencidos de que este era o único modelo justo e que o amor garantia, por si mesmo, o "sempre", porque o amor é absoluto, quer tudo e, em consequência, também a totalidade do tempo é "para sempre".
Infelizmente, a realidade não é assim: vê-se que apaixonar-se é belo, mas talvez nem sempre seja perpétuo, tal como o sentimento: não permanece para sempre.
É belo este sentimento de amor, mas deve ser purificado, deve avançar por um caminho de discernimento, isto é, nele deve tornar-se presente também a razão e a vontade, devem unir-se razão, sentimento e vontade.
No rito do matrimónio a Igreja não diz: "estás apaixonado?", mas "queres?", "estás decidido?". Isto é, o namoro deve converter-se num amor verdadeiro, envolvendo a vontade e a razão num caminho que é o do compromisso, da purificação, de maior aprofundamento, de tal modo que realmente todo o homem, com todas as suas capacidades, com o discernimento da razão e da força de vontade diz: "Sim, esta é a minha vida".
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