«Quanto mais vazio está o coração, mais necessita comprar, possuir e consumir» (LS 204). São palavras do Papa Francisco na sua última encíclica “Laudato Si”.
Só um estilo de vida contemplativo é capaz de gerar uma profunda alegria, sem ficarmos obcecados pelo consumo. A acumulação desordenada de bens distrai o coração. Impede que demos o devido apreço a cada pessoa, cada coisa e a cada momento. Por isso, a espiritualidade cristã propõe um crescimento na virtude da sobriedade.
Resumindo: «A sobriedade, vivida livre e conscientemente, é profundamente libertadora» (LS 223).
Todas estas ideias enunciadas procedem da mesma encíclica. São importantes, em primeiro lugar, para nos educarmos a nós próprios. Só quem se esforça por viver a sobriedade se dá conta de que ela é um bem que é importantíssimo transmitir aos mais jovens.
Como educar na sobriedade no ambiente familiar?
Duas palavras-chave a ter em conta: exemplo e fortaleza.
Exemplo: porque quem não vive o que ensina não ensina nada. Quem não se educa a si próprio não possui capacidade de educar ninguém. As palavras podem iluminar, mas é sempre o exemplo que arrasta.~
Fortaleza: porque é necessária para propor a virtude da sobriedade aos filhos como um estilo de vida bom e desejável. Porque não será fácil não transigir com os caprichos que os filhos apresentem como indispensáveis para serem felizes.
O consumo não se refere somente àquilo que compramos. É vivamente actual a necessidade de os pais ensinarem os filhos a usarem o telemóvel, o computador, a televisão com sobriedade, por muito bons que sejam os conteúdos. O uso indiscriminado ― às vezes, compulsivo ― desses bens, gera muitas das doenças modernas.
As virtudes não se educam somente evitando o mal, mas moderando os prazeres que, em princípio, são bons em si mesmos.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
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