A obra social do Calvário, em
Paredes, acolhe 64 pessoas incapazes de se valerem economicamente, a maioria com
demência, outras sem família e desinseridas na sociedade. Um grande número de
voluntários colabora, conferindo àquela casa um ambiente alegre e, tanto quanto
possível, familiar. É normal encontrar por lá médicos, juízes, professores, a
fazer camas ou a limpar o chão, ao lado de camponeses e outros colaboradores. Recentemente,
a Direcção e os voluntários decidiram homenagear um antigo Director, homem
generoso, mas de carácter áspero, com muita idade, protagonista, há anos, de
diferendos azedos com as autoridades da Segurança Social. O Calvário guarda
dele uma recordação de disponibilidade, tal como a Segurança Social se lembra bem
dele, mas sem afecto nenhum. Assim, quando o Calvário promoveu a apresentação
de um livro com textos dele (sábado 27 de Outubro), a Segurança Social comemorou
à sua maneira.
No dia 7 de Novembro, de manhã,
uma equipa de reportagem do «Porto Canal» percorreu as ruas de Paredes à
procura de queixas, sem grande êxito, e, à tarde, a frota de carrinhas da
Segurança Social irrompeu na Casa para retirar os doentes, com o argumento de
que a vigilância era insuficiente. Os pobres doentes gritavam, choravam, alguns
procuraram resistir, mas a equipa da Segurança Social continuou a esvaziar os
quartos. Já tinham removido 40 utentes da casa, quando o Director exigiu a
presença da polícia e que lhe mostrassem a ordem de despejo, emanada da
autoridade competente: sem isso, não permitia a saída de mais ninguém. A ordem não
apareceu, a GNR não quis colaborar com a Segurança Social e, por essa razão, permaneceram
na casa os últimos 8 doentes e uma comunidade de 15 homens sem autonomia.
Depois desta evacuação em nome da
segurança (é caso para dizer, em nome da Segurança Social), apareceram as
famílias, incrédulas, a perguntar pelo paradeiro dos doentes. Gonçalo de Sousa,
marido de uma utente, queria saber dela: «Estou muito preocupado. Fui alertado
por uma pessoa amiga. A minha mulher sofre de demência e estou um bocadinho em
pânico, alarmadíssimo», diz o homem. «Ela aqui estava bem, tratavam bem dela, estava
resguardada da sociedade. Sou tutor dela designado pelo tribunal; não sei para
onde ela foi, não sei de nada. Isto foi tudo feito à revelia dos familiares».
Demorou alguns dias a saber-se
que os doentes tinham sido dispersos por locais a grande distância de Paredes.
Novamente as famílias protestaram: «Agora, como é que eu o vou visitar todos os
dias?».
Projeto nova Igreja de Telheiras |
Em Telheiras, um bairro novo da
cidade de Lisboa, a Junta de Freguesia pediu à Paróquia que cedesse uma parte
do terreno destinado à igreja, para construir uma escola. A Paróquia foi
generosa, a escola foi construída e está a funcionar. Entretanto, a Paróquia elaborou
o projecto da igreja e lançou o concurso para a sua construção. Aí,
levantaram-se uns activistas do bairro, alarmados com o perigo de ter uma igreja
próxima de uma escola. Alguns jornais juntaram-se ao coro e a Câmara Municipal
decidiu que o terreno destinado à igreja (o que restava dele) se transformasse
em jardim público.
Outro desafio à paciência é a
fixação maçónica em relação ao Mosteiro de Alcobaça. Perduram nessa região os
frutos de cultura e desenvolvimento dos muitos séculos de presença dos monges
cistercienses em Alcobaça, desde os alvores da nacionalidade (1153) até à
perseguição (1834) que os expulsou. Mas também se nota, desde o século XIX, o
empenho maçónico de vingar esses séculos de cristianismo, que foram a alma de
Portugal e tiveram em Alcobaça um dos seus focos mais activos de irradiação.
Até à investida maçónica,
Alcobaça tinha cinco igrejas, além do mosteiro. As três que não eram
particulares foram demolidas, pedra a pedra, para não poderem ser reconstruídas,
incluindo a grande igreja paroquial barroca. Para maior segurança, ocuparam-se os
terrenos com edifícios e, no sítio onde estava a igreja paroquial fronteira ao
mosteiro, instalou-se a sede da Maçonaria.
Desde há mais de um século, com
algumas tréguas, Alcobaça é um campo de batalha contra Cristo. A única igreja paroquial
que sobrevive é a do mosteiro, sob a alçada de uma Directora, nomeada pelo
Ministério da Cultura, que gasta o seu tempo e o dinheiro dos contribuintes a
obstaculizar a utilização religiosa dos espaços reservados aos crentes. Como é
a única igreja que lhes resta, os católicos montam guarda para proteger o
Santíssimo Sacramento e ...aguentam! Mas muitos protestam. O caso chegou a tal
ponto que os deputados do Partido Socialista eleitos por aquela região
interpelaram o seu Governo, na Assembleia da República, informando-o do
descontentamento popular e pedindo moderação.
Paciência com os autores destas
tropelias? Mais do que isso. A Igreja ensina-nos a rezar por eles, para termos
a alegria de nos encontrarmos com eles no Céu.
José Maria C.S. André
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