Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

200 pessoas gravaram o nome na pedra da basílica de S. Pedro

Nestas vésperas da festa da Imaculada Conceição de Maria, no próximo dia 8 de Dezembro, vale a pena recordar o caminho percorrido.

O Papa Francisco diz que a doutrina não muda, mas a Igreja progride na sua compreensão. Efectivamente, Jesus ensinou que «todo o escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas» (Mt 13, 52). O Concílio Vaticano II descreve esta dinâmica de fidelidade e descoberta dizendo que «a Igreja é confortada pela força da graça de Deus (...) para que não se afaste da perfeita fidelidade (...) e, sob a acção do Espírito Santo, não cesse de se renovar» («Lumen gentium», 9). A graça concedida a Nossa Senhora é uma destas descobertas: Imaculada, Auxiliadora, Medianeira, Mãe da Igreja!...

Não se inventou. Mais que estabelecer uma doutrina nova, a Igreja compreendeu a necessidade de se embeber na lógica de Deus, que exalta o que é pequeno, o que parece desprezível aos olhos dos homens, para o tornar uma peça-chave da história da humanidade. A colaboração de Maria na obra da redenção faz parte desta lógica divina. Ela não é Deus, não tem a seu favor o título da omnipotência divina. A eficácia de Maria vem da graça de Deus que multiplica infinitamente a pequenez humana e torna operativa a vida dos que Lhe são fiéis. Maria amou sem reservas e Deus fê-la rainha de todo o universo.

A doutrina da Imaculada Conceição sintetiza duas verdades que a Igreja compreendeu cada vez melhor. A primeira é que Nosso Senhor não Se deixa vencer em generosidade. A segunda é que a graça transforma tão completamente os actos humanos que converte os gestos mais simples em marcos históricos, enquanto o tempo desfaz em pó as epopeias vistosas.

Ir buscar água ao poço. Preparar a refeição do marido e do Filho. Cantar com umas amigas à sombra de uma árvore. Que há para dizer?

A vida de uma mulher simples, numa pequena aldeia de um país da periferia do Império Romano, ergue-se acima de todas proezas da humanidade, de todas as conquistas e lideranças. Maria, a jovem rapariga de Nazaré, vale mais, para Deus, que todas as glórias da Terra. Proclamar a Conceição Imaculada de Maria foi a forma de a Igreja manifestar a Deus que tinha compreendido a mensagem.

Para acompanharem o Papa Pio IX na definição do dogma, reuniram-se em Roma quase duzentos bispos. Concretamente, 54 cardeais, 42 arcebispos e 98 bispos. Chegaram do outro lado do Atlântico e das costas do Pacífico e das margens do Índico. Nunca se tinha visto uma reunião internacional tão numerosa e representativa da terra inteira. Antes, Pio IX consultara cada bispo do mundo e recebera respostas afirmativas entusiasmadas. Um pequeno número de cartas perdeu-se no correio e um ou outro bispo chamou a atenção para o perigo de alimentar equívocos em ambientes protestantes. O bispo Achille Ratti, que viria a ser Papa com o nome de Pio XI, foi um dos que alertou para esse perigo. Em face das respostas, Pio IX tomou a decisão.

8 de Dezembro de 1854. O momento da proclamação foi soleníssimo. Nas basílicas antigas, as pessoas não se sentavam em bancos, mas apertavam-se em pé, de modo que, onde hoje cabem 30 mil pessoas sentadas, poderiam estar naquele dia umas 60 mil. Pio IX contou que, quando começou a ler o decreto, percebeu que não se faria ouvir no fundo da basílica mas, ao chegar à definição do dogma, Deus deu-lhe uma tal energia que a sua voz ecoou de uma ponta à outra. Ficou tão emocionado, que teve de suspender a leitura, sem conseguir conter as lágrimas. O embaixador da França relata que não foi só o Papa a emocionar-se e a derramar abundantes lágrimas. No momento em que ele se calou, «a emoção conquistou toda a assembleia. Houve um instante de interrupção e de silêncio que dizia mais que qualquer eloquência imaginável. O Santo Padre elevou os olhos ao céu a pedir a força que lhe faltava e recuperou pouco a pouco a sua voz sonora e harmoniosa que, imediatamente a seguir, transportava à extremidade do edifício as suas palavras sacramentais».

Os bispos de todo o mundo que acompanharam o Papa na cerimónia de proclamação do dogma gravaram os seus nomes em grandes letras maiúsculas na parede lateral da abside da basílica de S. Pedro, com uma pequena introdução a recordar a Nossa Senhora o que tinham feito naquele dia.

Pouco depois, a 25 de Março de 1858, Nossa Senhora apareceu em Lourdes, nos confins da França, dando-se a conhecer como a Imaculada Conceição. Quem me dera ter o nome escrito naquela parede da basílica de S. Pedro.
José Maria C.S. André

A proximidade de Deus

Ao prepararmos a eminente celebração do nascimento de Jesus em Belém, estas semanas levam nos a perceber como Deus se aproxima em cada instante de nós, nos espera nos sacramentos, especialmente nos da Penitência e da Eucaristia, mas também na oração e nas obras de misericórdia.

D. Javier Echevarría (excerto da carta apostólica de dezembro de 2016 com tradução de JPR a partir do espanhol)

Evangelho do dia 30 de novembro de 2018

Caminhando ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. «Segui-Me, disse-lhes, e Eu vos farei pescadores de homens». E eles, imediatamente, deixando as redes O seguiram. Passando adiante, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam numa barca juntamente com seu pai Zebedeu, consertando as suas redes. E chamou-os. Eles, deixando imediatamente a barca e o pai, seguiram-n'O.

Mt 4, 18-22

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Hierarquia

«Os que mandam servem aqueles que a quem mandam. A razão é que não mandam por afã de poder, mas porque têm o ministério de cuidar dos outros; não são os primeiros por soberba, mas por amor, para os atender»

(Santo Agostinho - De civitate Dei, XIX, 14)

«Amai-os [aos pastores da Igreja] como um filho ao seu pai! Por eles recebeis o sinal da regeneração sobrenatural e divina; eles abrem-nos as portas do céu, e por eles recebeis todos os bens (…). Quem ama a Jesus Cristo, ama o Seu pastor, quem quer que seja, pois pelas suas mãos recebe os sagrados mistérios»

(São João Crisóstomo - Homilia sobre 1 Tessalonicenses, ad loc.)

Evangelho do dia 29 de novembro de 2018

«Mas quando virdes que Jerusalém é sitiada por exércitos, então sabei que está próxima a sua desolação. Os que então estiverem na Judeia, fujam para os montes; os que estiverem no meio da cidade, retirem-se; os que estiverem nos campos, não entrem nela; porque estes são dias de vingança, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas. Ai das mulheres grávidas, e das que amamentarem naqueles dias!, porque haverá grande angústia sobre a terra e ira contra este povo. Cairão ao fio da espada, serão levados cativos a todas as nações e Jerusalém será calcada pelos gentios, até se completarem os tempos dos gentios. «Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra haverá consternação dos povos pela confusão do bramido do mar e das ondas, morrendo os homens de susto, na expectativa do que virá sobre toda a terra, porque as próprias forças celestes serão abaladas. Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande poder e majestade.Quando começarem, pois, a suceder estas coisas, erguei-vos e levantai as vossas cabeças, porque está próxima a vossa libertação».

Lc 21, 20-28

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

A nova Lei de Cristo e os desejos segundo o Espírito Santo

Locutor: Ao concluir as catequeses sobre os 10 mandamentos, podemos ver como eles são um caminho para preencher o nosso coração de desejos de amor autêntico, vivido à luz de tudo o que Jesus nos ensinou. Os três primeiros mandamentos, que se referem à nossa relação direta com Deus, nos conduzem à gratidão onde assenta a nossa fidelidade e obediência ao nosso Pai celestial: uma relação que nos liberta e onde encontramos o nosso verdadeiro repouso. E, a partir dessa experiência de uma vida libertada, vemos como os outros mandamentos nos levam a viver a nossa relação com o próximo a partir do amor de Deus, numa existência agradecida, livre, autêntica, abençoada, fiel, generosa e sincera. De fato, os mandamentos são como uma radiografia que nos deixa ver a face de Cristo e, por isso, compreendemos que Ele não veio abolir a Lei, mas leva-la ao pleno cumprimento, suscitando no nosso coração os desejos do Espírito, marcados pela fé, a esperança e o amor.

Santo Padre:
Rivolgo un cordiale saluto ai pellegrini di lingua portoghese qui presenti. Nel concludere l’Anno liturgico, siamo invitati ad andare incontro a Gesù che ci aspetta ogni giorno nei sacramenti, nella preghiera e nel prossimo, soprattutto nei bisognosi. Dio vi benedica!

Locutor: Dirijo uma cordial saudação aos peregrinos de língua portuguesa aqui presentes. Ao concluir o Ano Litúrgico, somos convidados a ir ao encontro de Jesus, que nos espera em cada dia nos sacramentos, na oração e no próximo, sobretudo nos mais necessitados. Que Deus vos abençoe!

Evangelho do dia 28 de novembro de 2018

Mas antes de tudo isto, lançar-vos-ão as mãos e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e às prisões e vos levarão à presença dos reis e dos governadores por causa do Meu nome. Isto vos será ocasião de dardes testemunho. Gravai, pois, nos vossos corações o não premeditar como vos haveis de defender, porque Eu vos darei uma linguagem e uma sabedoria à qual não poderão resistir, nem contradizer, todos os vossos inimigos. Sereis entregues por vossos pais, irmãos, parentes e amigos, e farão morrer muitos de vós; e sereis odiados de todos por causa do Meu nome; mas não se perderá um só cabelo da vossa cabeça. Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas.

Lc 21, 12-19

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Evangelho do dia 27 de novembro de 2018

Dizendo alguns, a respeito do templo, que estava ornado de belas pedras e de ricas ofertas, Jesus disse: «De tudo isto que vedes, virão dias em que não ficará pedra sobre pedra que não seja derrubada». Então interrogaram-n'O: «Mestre, quando acontecerão estas coisas, e que sinal haverá de que estão para acontecer?». Ele respondeu: «Vede, não vos deixeis enganar; porque muitos virão em Meu nome, dizendo: Sou eu, está próximo o tempo. Não os sigais. Quando ouvirdes falar de guerras e de tumultos, não vos assusteis; estas coisas devem suceder primeiro, mas não será logo o fim». Depois disse-lhes: «Levantar-se-á nação contra nação e reino contra reino. Haverá grandes terramotos por várias partes, pestes e fomes; aparecerão coisas espantosas e extraordinários sinais no céu.

Lc 21, 5-11

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Evangelho do dia 26 de novembro de 2018

Levantando Jesus os olhos, viu vários ricos que lançavam as suas oferendas na caixa das esmolas. Viu também uma viúva pobrezinha, que lançava duas pequenas moedas, e disse: «Na verdade vos digo que esta pobre viúva lançou mais que todos os outros. Porque todos esses fizeram a Deus oferta do que lhes sobrava; ela, porém, deu da sua própria indigência tudo o que tinha para viver».

Lc 21, 1-4

domingo, 25 de novembro de 2018

Bom Domingo do Senhor!

Hoje a Igreja celebra a de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, entreguemo-nos totalmente nas mãos de Deus Filho e renovemos os nossos propósitos de ser bons filhos Seus.

Vivamos nós também da Verdade e da escuta da voz do Senhor como Ele nos fala no Evangelho de hoje (Jo 18, 33-37) sem nunca termos a necessidade de nos interrogarmos se Ele é Rei, porque o nosso coração e a nossa fé assim no-lo dizem para além de qualquer dúvida.

Louvor e glória a Vós, Senhor Jesus, Rei da Eterna Glória!

O santuário cristológico tronco-piramidal

O «site» do nosso Património Cultural, modelo de erudição e exuberância de palavras, espreguiça-se por várias páginas a falar de um santuário cristológico tronco-piramidal. Alguém consegue imaginar o que seja um santuário cristológico tronco-piramidal? Tem quatro pilares sobre os quais tem plataforma formando terraço. Já adivinhou? Tem vários corpos articulados revestidos a placas cerâmicas de dois tons e faixas alternadas a desperdício de mármore e tijoleira, num jogo rítmico. Ainda precisa de ajuda? É o monumento ao Cristo Rei, em frente a Lisboa. A festa deste Domingo, 22 de Novembro de 2015.

Existem dezenas de imagens de Cristo Rei no mundo, a pedir o dom da paz, mas há três especiais. O Cristo Redentor do Corcovado, no Brasil, o tal santuário cristológico tronco-piramidal em Lisboa e o Cristo Rei da cidade de Díli, em Timor Lorosae. Há outros monumentos dedicados a Cristo Rei, alguns tão grandes ou maiores, mas estes são os meus preferidos.

O primeiro, inaugurado em 1931, já foi classificado pela Unesco como uma das sete novas maravilhas do mundo. Ergue-se a 800 metros acima do mar, sobre um penhasco magmático quase vertical, chamado morro do Corcovado. A escultura, de betão revestido com pedra, tem 38 metros de altura. O desenho, da autoria de Carlos Oswald, representa Jesus de braços abertos ao mundo inteiro, dando a impressão de ser, de longe, uma cruz plantada no maciço rochoso. O molde da estátua veio do «atelier» do escultor franco-polaco Paul Landowski.

O segundo Cristo Rei da minha devoção é o de Almada, uns 215 metros acima do estuário do Tejo. Inspirou-se directamente no modelo brasileiro e no mesmo desejo de paz. Naqueles anos, Portugal ansiava pela paz, de todo o coração. A Igreja portuguesa aguentara a perseguição do último século de monarquia e o anti-clericalismo da Primeira República. Sucediam-se os atentados, os golpes, as revoluções. Lá fora, o comunismo fazia multidões de vítimas na Rússia e nas regiões por ela ocupadas, a perseguição no México produzia milhares de mártires, a Alemanha estava dominada por um regime pagão que preparava a guerra, o marxismo mergulhava a Espanha em guerra civil. A Segunda Guerra Mundial atrasou a construção do Cristo Rei, mas a decisão estava tomada. Os bispos portugueses fizeram a promessa pública, em nome de todo o país, de erguer aquela imagem, para (1) pedir perdão a Deus por tantos pecados contra a dignidade humana; (2) agradecer a Deus se Portugal não viesse a sofrer directamente os horrores da Segunda Guerra Mundial; (3) expressar o propósito colectivo de nos portarmos doravante de forma honesta e santa.

O Cristo Rei de Lisboa representa Jesus de braços abertos, como o do Corcovado, mas a escultura é diferente. A imagem brasileira segue o cânone «art déco» da época, de linhas mais geométricas, enquanto a de Lisboa, da autoria do escultor Francisco Franco, é uma obra clássica, temperada de vanguardismo modernista. Francisco Franco só teve tempo de realizar o boceto da escultura, em ponto pequeno; a peça final foi vazada em betão no próprio local, em moldes de gesso ampliados do boceto, e acabada a escopro.


O Cristo Rei de Díli também é enorme – mede 27 metros de altura – e também está situado sobre um grande monte junto ao mar, sobre um pedestal que neste caso é um globo terrestre. A atitude é semelhante à dos monumentos anteriores, mas o artista muçulmano Mochamad Syailillah fez a escultura em cobre. A estátua foi inaugurada pelo então Bispo de Díli D. Ximenes Belo no ano de 1996, ainda durante a ocupação Indonésia, ainda durante o governo de Suharto. Mais uma vez, o Cristo Rei falava de paz. O monumento, oferecido pela Indonésia ao povo de Timor, era um pedido de desculpa implícito pelos cerca de 100.000 timorenses massacrados pouco tempo antes; o gesto do povo de Timor de aceitar das mãos dos ocupantes muçulmanos o seu Cristo Rei monumental significava: já perdoámos.

José Maria C.S. André
Correio dos Açores, Verdadeiro Olhar, ABC Portuguese Canadian Newspaper, Spe Deus
22-XI-2015

«O meu Reino não é deste mundo»

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Homilias sobre S. João

Escutai todos, judeus e gentios [...]; escutai, todos os reinos da terra! Eu não impeço o vosso domínio sobre este mundo, «o meu Reino não é deste mundo» (Jo 18,36). Não temais, pois, com esse medo insensato que dominou Herodes quando lhe anunciaram o meu nascimento. [...] Não, diz o Salvador, «o meu Reino não é deste mundo». Vinde todos a um Reino que não é deste mundo; vinde a ele pela fé; que o medo não vos torne cruéis. É verdade que, numa profecia, o Filho de Deus diz, falando do Pai: «Por Ele, fui eleito rei sobre Sião, sobre a montanha sagrada» (Sl 2,6). Mas essa Sião e essa montanha não são deste mundo.

Com efeito, o que é o seu Reino? São os que acreditam nele, aqueles a quem Ele diz: Não sois do mundo, tal como Eu não sou do mundo (Jo 17,16). E, contudo, Ele quer que estejam no mundo e diz ao Pai: «Não te peço que os retires do mundo, mas que os guardes do mal» (Jo 17,15). É que Ele não disse: «O meu Reino não está neste mundo», mas sim «não é deste mundo; se fosse deste mundo, os meus servos viriam combater para que eu não fosse entregue.»

Na verdade, o seu Reino está aqui na terra até ao fim do mundo; até à colheita, o joio está misturado com o trigo (Mt 13,24s). [...] O seu Reino não é deste mundo porque Ele é como um viajante neste mundo. Àqueles sobre quem reina, diz: « Não sois do mundo, pois escolhi-vos do meio do mundo» (Jo 15,19). Eles eram, portanto, deste mundo, quando ainda não eram o seu Reino e pertenciam ao príncipe deste mundo. [...] Todos os que são gerados da raça de Adão pecador pertencem a este mundo; todos os que foram regenerados em Jesus Cristo pertencem ao seu Reino e já não são deste mundo.

«Deus arrancou-nos efectivamente do poder das trevas e transportou-nos para o Reino de seu Filho muito amado» (Col 1,13).

sábado, 24 de novembro de 2018

O Evangelho de Domingo dia 25 de novembro de 2018

Tornou, pois, Pilatos a entrar no Pretório, chamou Jesus e disse-Lhe: «Tu és o rei dos judeus?». Jesus respondeu: «Tu dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de Mim?». Pilatos respondeu: «Porventura sou judeu? A Tua nação e os pontífices é que Te entregaram nas minhas mãos. Que fizeste Tu?». Jesus respondeu: «O Meu reino não é deste mundo; se o Meu reino fosse deste mundo, certamente os Meus ministros se haviam de esforçar para que Eu não fosse entregue aos judeus; mas o Meu reino não é daqui». Pilatos disse-Lhe então: «Portanto, Tu és rei?». Jesus respondeu: «Tu o dizes, sou rei. Nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade; todo aquele que está na verdade ouve a Minha voz».

Jo 18, 33-37

Evangelho do dia 24 de novembro de 2018

Aproximaram-se depois alguns saduceus, que negam a ressurreição, e fizeram-Lhe a seguinte pergunta: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: “Se morrer o irmão de algum homem, tendo mulher, e não deixar filhos, case-se com ela o seu irmão, para dar descendência ao irmão”. Ora, havia sete irmãos. O primeiro casou, e morreu sem filhos. Casou também o segundo com a viúva, e morreu sem filhos. Casou depois com ela o terceiro. E assim sucessivamente todos os sete; e morreram sem deixar filhos. Morreu enfim também a mulher. Na ressurreição, de qual deles será ela mulher, pois que o foi de todos os sete?». Jesus disse-lhes: «Os filhos deste mundo casam e são dados em casamento, mas os que forem julgados dignos do mundo futuro e da ressurreição dos mortos, não desposarão mulheres, nem as mulheres homens, porque não poderão jamais morrer; porquanto são semelhantes aos anjos e são filhos de Deus, visto serem filhos da ressurreição. Que os mortos hajam de ressuscitar, o mostrou também Moisés no episódio da sarça, quando chamou ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, e o Deus de Jacob. Ora Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos são vivos». Alguns dos escribas disseram-Lhe: «Mestre, falaste bem». Dali em diante, não se atreveram mais a interrogá-l'O.

Lc 20, 27-40

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

A Suécia, três décadas depois

Em meados do século XX, depois de 450 anos de perseguição contra os católicos, a Suécia encetou a abertura religiosa. Em 1982, deixou de ser excepção e estabeleceu relações diplomáticas com o Vaticano. Note-se que o Vaticano tem presença diplomática em praticamente todo o mundo, inclusivamente uma presença mais vasta que a da própria União Europeia.

Em Junho de 1989, o Papa João Paulo II deslocou-se à Escandinávia para visitar a pequenina comunidade de católicos que esfregava as mãos de frio naquelas paragens. A recepção foi muito familiar, no sentido mais aconchegado que se possa imaginar. No final, os meus conhecidos suecos mandavam-me notícias intimistas: estive com o Papa e contei-lhe …e ele respondeu... à tarde, voltei a estar com o Papa, que me lembrou...

Esta semana, passados quase trinta anos, o Papa Francisco desembarcou numa Suécia diferente. Antes de partir, foi à basílica de Santa Maria Maior pedir a Nossa Senhora que a visita apostólica corresse bem e, à chegada a Roma, correu a Santa Maria Maior com um grande ramo de flores, para agradecer. Porque não podia deixar de agradecer, de todo o coração, aquela experiência.

Quando João Paulo II visitou a Suécia, muita gente reagiu como se tivesse desembarcado o invasor. O fundador da «Livets Ord» (Palavra da Vida) de Uppsala, uma das comunidades protestantes mais numerosas da Suécia, ligada a uma escola bíblica muito forte, com sucursais em bastantes países, organizou jornadas de desagravo e de protesto contra a invasão.

Surpreendentemente, o Papa João Paulo II não contra-atacou: «Perdoarmo-nos uns aos outros (católicos e luteranos) é um desafio, mas é o próprio Senhor que nos mandou reconciliarmo-nos». Foi mesmo concreto a responder a perguntas como «que podemos aprender uns dos outros? Como é que nos podemos enriquecer mutuamente?». Os luteranos suecos estavam preparados para a invasão, mas não tinham feito nenhum plano para a não-invasão, de modo que o vírus do catolicismo entrou pelas traseiras da ideologia.

Afinal, que aspectos positivos havia na ruptura luterana? Francisco deu exemplos: Lutero meteu a Bíblia nas mãos do povo; as comunidades luteranas defendem um papel muito activo para os leigos…

O Concílio Vaticano II não só nos ensinou a aprender com os elementos positivos como nos ajudou a perceber que este é o caminho para trazer de volta as ovelhas desgarradas. Por exemplo, a maior mudança introduzida pela reforma litúrgica do Concílio foi o alargamento das leituras da Missa a quase toda a Bíblia, quando antes só se liam poucos textos e praticamente o único Evangelho usado na liturgia era o de S. Mateus. Outro exemplo, é a afirmação rotunda de que todos são chamados à santidade e a anunciar a Boa-Nova.

Santo Padre com Ulif e Brigitta Ekman em abril de 2014
Ulf Ekman, que liderou a «Livets Ord» contra a invasão romana, e a mulher converteram-se ao catolicismo. Um dos pontos de partida do percurso foi a própria figura de João Paulo II… estudaram-no como quem espreme o veneno e acabaram por o adoptar como patrono. Outro atractivo do catolicismo foi a mensagem de S. Josemaria Escrivá acerca do papel dos leigos. Quantas coisas que faziam Ulf e a mulher apreciar o luteranismo estavam certas! E, postas no seu contexto, foram instrumentos para chegar à unidade com a Igreja católica.

Os responsáveis luteranos que acolheram Francisco já não estiveram à defesa, como há três décadas. Agora, rezaram fervorosamente, com os seus concidadãos católicos e o Papa, para que Deus abrisse os corações e restaurasse a unidade da Igreja, tanto desejada por Cristo.

Outro dos elementos positivos das comunidades luteranas, sublinhado pelo Papa, é a participação social da mulher. É necessário que elas sejam muito activas e presentes na Igreja, como Nossa Senhora, e que as mulheres e todos os leigos compreendam em que medida são um povo sacerdotal, como S. Josemaria Escrivá insistia tanto. Isso resolve a questão das «sacerdotisas», que não correspondem ao plano de Deus, como o Papa Francisco deixou bem claro na Suécia. Quando os suecos perceberem que as suas sacerdotisas correspondem às conferencistas e às professoras de teologia da Igreja Católica, talvez desistam de lhes chamar sacerdotisas e talvez compreendam o que é o sacerdócio ministerial. A diferença entre uma «sacerdotisa» e uma católica empenhada e inteiramente fiel à doutrina católica pode ser muito menos do que pensamos. Assim saibamos aprender uns com os outros.

José Maria C.S. André
Spe Deus
6-XI-2016

Evangelho do dia 23 de novembro de 2018

Tendo entrado no templo, começou a expulsar os vendedores, dizendo-lhes: «Está escrito: “A Minha casa é casa de oração; e vós fizestes dela um covil de ladrões”». Todos os dias ensinava no templo. Mas os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os chefes do povo procuravam perdê-l'O; porém, não sabiam como proceder, porque todo o povo estava suspenso quando O ouvia.

Lc 19, 45-48

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Caminho da beleza

Talvez vos tenha acontecido algumas vezes, diante de uma escultura, de um quadro, de certos versos de uma poesia ou de uma peça musical, sentir uma emoção íntima, ter uma sensação de alegria, ou seja, sentir claramente que diante de vós não havia apenas matéria, um pedaço de mármore ou de bronze, uma tela pintada, um conjunto de letras ou um cúmulo de sons, mas algo maior, algo que «fala», capaz de sensibilizar o coração, de comunicar uma mensagem e de elevar a alma. Uma obra de arte é fruto da capacidade criativa do ser humano, que se interroga diante da realidade visível, procura descobrir o seu sentido profundo e comunicá-lo através da linguagem, das formas, das cores e dos sons. A arte é capaz de expressar e de tornar visível a necessidade que o homem tem de ir além daquilo que se vê, pois manifesta a sede e a busca do infinito. Aliás, é como uma porta aberta para o infinito, para uma beleza e para uma verdade que vão mais além da vida quotidiana. E uma obra de arte pode abrir os olhos da mente e do coração, impelindo-nos rumo ao alto.

Mas existem expressões artísticas que constituem verdadeiros caminhos que conduzem a Deus, à Beleza suprema, aliás, são uma ajuda a crescer na relação com Ele, na oração. Trata-se das obras que nascem da fé e que expressam a fé. Podemos ter um exemplo, quando visitamos uma catedral gótica: sentimo-nos arrebatados pelas linhas verticais que se perfilam rumo ao céu e atraem para o alto o nosso olhar e o nosso espírito enquanto, ao mesmo tempo, nos sentimos pequenos, e no entanto desejosos de plenitude... Ou então quando entramos numa igreja românica: somos convidados de modo espontâneo ao recolhimento e à oração. Compreendemos que nestes edifícios maravilhosos está como que encerrada a fé de gerações. Ou ainda, quando ouvimos uma peça de música sacra, que faz vibrar as cordas do nosso coração, a nossa alma é como que dilatada e ajudada a dirigir-se a Deus. Volta-me ao pensamento um concerto de músicas de Johann Sebastian Bach, em Munique da Baviera, dirigido por Leonard Bernstein. No final da última peça, uma das Cantatas, senti, não por raciocínio mas no profundo do coração, que quanto eu ouvira me tinha transmitido a verdade, a verdade do sumo compositor, impelindo-me a dar graças a Deus. Ao meu lado estava o bispo luterano de Munique e, espontaneamente, eu disse-lhe: «Ouvindo isto, compreende-se: é verdadeiro; são verdadeiras a fé tão forte, e a beleza que a presença da verdade de Deus exprime de maneira irresistível». Mas quantas vezes quadros ou afrescos, fruto da fé do artista, nas suas formas, nas suas cores e na sua luz, nos impelem a dirigir o pensamento para Deus e fazem aumentar em nós o desejo de beber na fonte de toda a beleza. Permanece profundamente verdadeiro aquilo que foi escrito por um grande artista, Marc Chagall, ou seja, que durante séculos os pintores molharam o seu pincel naquele alfabeto colorido que é a Bíblia. Então, quantas vezes as expressões artísticas podem ser ocasiões para nos recordarmos de Deus, para nos ajudar na nossa oração ou também na conversão do coração! Paul Claudel, dramaturgo e diplomata francês, poeta famoso na Basílica de Notre Dame em Paris, em 1886, precisamente ouvindo o canto do Magnificat durante a Missa de Natal, sentiu a presença de Deus. Não tinha entrado na igreja por motivos de fé, mas precisamente para procurar argumentos contra os cristãos e, no entanto, a graça de Deus agiu no seu coração.

Bento XVI, audiência geral, 31.08.2011

Sabedoria

A leitura assídua das Sagradas Escrituras ainda que lidas e relidas ao longo da vida são sempre fonte de conhecimento e de sabedoria e da cada vez que o fazemos aproximamo-nos Dele e aprendemos algo de novo que nos torna melhores servidores dos Seus desígnios.

JPR

«O princípio da sabedoria é o sincero desejo de ser instruído por ela, e desejar instruir-se é já amá-la.

Mas amá-la é obedecer às suas leis, e obedecer às suas leis é garantia de incorruptibilidade. E a incorruptibilidade aproxima-nos de Deus»

(Livro da Sabedoria 6, 17-19)

«A natureza intelectual da pessoa humana aperfeiçoa-se por meio da sabedoria, que impele com suavidade a mente do homem para a busca e o amor da verdade e do bem. Penetrado por ela, o homem é guiado através das coisas visíveis para as invisíveis»

(Conc. Vaticano II – Gaudium et spes, nº 15)

“A música convida a elevar espírito e coração a Deus e pode tornar-se oração”

“A grande música distende o espírito, convida a elevar a Deus a mente e o coração, nas diversas situações. A música pode tornar-se oração”: Bento XVI, neste sábado à tarde (17.10.2009), num concerto da pianista chinesa Jin Ju, na Aula Paulo VI, no Vaticano.

Um concerto oferecido ao Papa, agora Emérito, pela Academia Internacional de Piano, de Imola, no centro da Itália, e em que foram utilizados sete pianos de diferentes épocas, da centena destes instrumentos que possui esta associação artística. Foram executadas músicas de J. S. Bach, Mozart, Czerny, Beethoven, Chopin, Tchaikovsky e Franz Liszt.

“Este concerto permitiu-nos, uma vez mais, saborear a beleza da música, linguagem espiritual e portanto universal, veículo especialmente favorável à compreensão e à união entre pessoas e povos”.

“A música faz parte de todas as culturas e, poderíamos dizer, acompanha todas as experiências humanas, do sofrimento ao prazer, do ódio ao amor, da tristeza à alegria, da morte à vida. No decurso dos séculos a música sempre foi utilizada para dar forma àquilo que não se consegue fazer com as palavras, porque suscita emoções de outro modo difíceis de comunicar”.

“Não é um acaso que todas as civilizações tenham dado importância e valor à música nas duas várias formas e expressões”.

“A música, a grande música, distende o espírito, suscita sentimentos profundos e convida como que naturalmente a elevar o espírito e o coração até Deus, em cada situação, feliz ou triste, da existência humana. A música pode-se tornar oração.

(Fonte: site Radio Vaticano)

Hino a Santa Cecília


Evangelho do dia 22 de novembro de 2018

Quando chegou perto, ao ver a cidade, chorou sobre ela, dizendo: «Se ao menos neste dia que te é dado, tu também conhecesses o que te pode trazer a paz!... Mas agora isto está encoberto aos teus olhos. Porque virão para ti dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, te sitiarão, te apertarão por todos os lados, te deitarão por terra a ti e aos teus filhos que estão dentro de ti, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo em que foste visitada».

Lc 19, 41-44

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Não desejar a mulher do próximo; Não cobiçar as coisas alheias

LocutorCom o último Mandamento, que ouvimos na leitura inicial da Audiência, o percurso apontado pelo Decálogo atinge o seu objetivo final: o coração do homem. Todos os mandamentos têm como finalidade assinalar a fronteira da vida, isto é, o limite para além do qual o homem se destrói a si mesmo e ao próximo, arruinando a sua relação com Deus. O último Mandamento ensina que todas as transgressões nascem duma raiz interior comum: os desejos maus. E estes «saem – como afirma Jesus – do interior do coração do homem» (cf. Mc 7, 21). Por isso, a viagem feita através do Decálogo não teria alguma utilidade, se não chegasse a tocar o nível mais fundo do coração do homem. O ponto de chegada desta viagem é o coração e, se este não for libertado, o resto pouco vale. Mas o homem não pode, sozinho, libertar-se dos desejos maus que habitam no seu coração. É em vão que o ser humano pensa purificar o próprio coração, num esforço titânico da vontade. Mesmo animado da melhor vontade, São Paulo confessa: «Em mim, que quero fazer o bem, só o mal está ao meu alcance» (Rm 7, 21). Por isso, é em vão que alguém pensa corrigir-se a si mesmo, sem o dom do Espírito Santo. É preciso abrir-se a uma relação com Deus, na verdade e na liberdade: só assim os nossos esforços podem dar fruto. Bem-aventurados aqueles que tendo reconhecido os próprios desejos maus, com um coração arrependido e humilhado, se apresentam diante de Deus e dos homens, não como justos, mas como pecadores. As últimas palavras do Decálogo fazem-nos reconhecer como mendigos da misericórdia de Deus, o único que pode curar o coração.

Santo Padre:
Cari pellegrini di lingua portoghese, vi saluto tutti, in particolare il gruppo «Canção Nova» di Curitiba, i membri della Corte di Giustizia di Pernambuco, i fedeli di São Caetano do Sul e di Santo André, nonché i pellegrini di Fatima. Vi incoraggio a prendere come modello per la vostra vita personale e sociale la Vergine Maria, che oggi veneriamo nella sua Presentazione a Dio. Il segreto della sua pace e del suo coraggio si trova in questa certezza: «Nulla è impossibile a Dio». Allo stesso modo, i vostri cuori possano trovare fiducia e conforto nella misericordia che il Signore riversa, senza stancarsi mai, su voi e sulle vostre famiglie. Pregate per me. Grazie.

LocutorQueridos peregrinos de língua portuguesa, a todos vos saúdo, em particular o grupo «Canção Nova» de Curitiba, os membros do Tribunal de Justiça de Pernambuco, os fiéis de São Caetano do Sul e de Santo André, bem como os peregrinos de Fátima. Animo-vos a tomar por modelo da vossa vida pessoal e social a Virgem Maria, que hoje veneramos na sua Apresentação a Deus. O segredo da sua paz e coragem está nesta certeza: «A Deus, nada é impossível». De igual modo possam, os vossos corações, encontrar confiança e conforto na misericórdia que o Senhor derrama, sem nunca se cansar, sobre vós e vossas famílias. Rezai por mim. Obrigado.

Salve, Mãe do Verbo de Deus

Salve, estrela do mar,
Mãe do Verbo de Deus,
Virgem pura entre as virgens,
Feliz porta do Céu.

Saudada pelo Arcanjo:
«Ave, cheia de graça».
Dá-nos a tua paz,
Mudando o nome de «Eva».

Quebra ao preso as cadeias,
Dá aos cegos a vista,
Afugenta a desgraça,
Traz-nos todos os bens.

Mãe de Deus, nossa Mãe,
Ouça os nossos pedidos
Aquele que por nós
Quis chamar-Se teu Filho.

Virgem incomparável,
Mãe de misericórdia,
Liberta-nos da culpa,
Faz-nos mansos e castos.

Dá-nos a vida pura
E o seguro caminho,
Para que, vendo o teu Filho,
Sempre nos alegremos.

Glória a Deus, Pai eterno,
Glória ao Filho, Senhor,
Com o Espírito Santo,
Agora e para sempre.

Salve Regina



Salve, Regina, Mater misericordiae,
vita, dulcedo, et spes nostra, salve.
ad te clamamus exsules filii Hevae,
ad te suspiramus, gementes et flentes
in hac lacrimarum valle.
Eia, ergo, advocata nostra, illos tuos
misericordes oculos ad nos converte;
et Jesum, benedictum fructum ventris tui,
nobis post hoc exsilium ostende.
O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria.

Hino à Virgem Maria

A imortal Sabedoria
Já Vos escolheu, Maria,
Antes do mundo e da história.
Ó celeste maravilha:
Sois Esposa e sois Filha
Do Senhor da eterna glória.

Oferenda consagrada,
Ao Senhor apresentada
Como incenso vespertino,
Que da terra aos Céus se eleva
E dissipa toda a treva,
Anunciando o Sol divino.

Sois a Porta do Oriente,
Sois a nova Sarça ardente,
Virgem fiel, Santa Maria!
bandeira do puro amor,
Espelho do bem maior,
Causa da nossa alegria.

Concebida sem pecado,
Sois o Templo imaculado
Em que o Verbo Se encarnou:
O Espírito de Deus
Sobre Vós baixou dos Céus,
Virgem-Mãe Vos consagrou.

Flor da nova humanidade,
Tesouro da divindade,
Arca da eterna Aliança:
Estrela certa dos povos,
Aurora dos tempos novos,
Manhã clara da esperança.

Rogai por nós lá dos Céus,
P’ra sermos templos de Deus,
Em espírito e verdade:
Templos onde se levante
Louvor e glória constante
A Santíssima Trindade.

Evangelho do dia 21 de novembro de 2018

Estando eles a ouvir estas coisas, Jesus acrescentou uma parábola, por estar perto de Jerusalém e porque julgavam que o reino de Deus se havia de manifestar em breve. Disse pois: «Um homem nobre foi para um país distante tomar posse de um reino, para depois voltar. Chamando dez dos seus servos, deu-lhes dez minas, e disse-lhes: Negociai com elas até eu voltar. Mas os seus concidadãos aborreciam-no e enviaram atrás dele deputados encarregados de dizer: Não queremos que este reine sobre nós. «Quando ele voltou, depois de ter tomado posse do reino, mandou chamar aqueles servos a quem dera o dinheiro, a fim de saber quanto tinha lucrado cada um. Veio o primeiro e disse: Senhor, a tua mina rendeu dez minas. Ele disse-lhe: Está bem, servo bom; porque foste fiel no pouco, serás governador de dez cidades. Veio o segundo e disse: Senhor, a tua mina rendeu cinco minas. Respondeu-lhe: Sê tu também governador de cinco cidades. Veio depois o outro e disse: Senhor, eis a tua mina que guardei embrulhada num lenço, porque tive medo de ti, que és um homem austero, que tiras donde não puseste e recolhes o que não semeaste. Disse-lhe o senhor: Servo mau, pela tua mesma boca te julgo. Sabias que eu sou um homem austero, que tiro donde não pus e recolho o que não semeei; então, porque não puseste o meu dinheiro num banco, para que, quando eu viesse, o recebesse com os juros? Depois disse aos que estavam presentes: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez. Eles responderam-lhe: Senhor, ele já tem dez. Pois eu vos digo que àquele que tiver, se lhe dará; mas àquele que não tem, ainda mesmo o que tem lhe será tirado. Quanto, porém, àqueles meus inimigos, que não quiseram que eu fosse seu rei, trazei-os aqui e degolai-os na minha presença!». Dito isto, ia Jesus adiante, subindo para Jerusalém.

Lc 19, 11-28

terça-feira, 20 de novembro de 2018

A parábola da net

Ocorreu, com pompa e circunstância, mais uma edição da Web Summit: um evento mundial dedicado às novas tecnologias, que teve o condão de reunir, em Lisboa, milhares de especialistas de todo o mundo, entre os quais o próprio inventor da net, Tim Berners-Lee, o primeiro-ministro de Portugal e o secretário-geral da ONU.

Quando, em 1989, Berners-Lee criou a internet, mais concretamente a world wide web ou, de forma abreviada, www, ninguém supunha que, em pouco mais de vinte e cinco anos, tornar-se-ia no principal meio de comunicação mundial. Mais ainda: hoje é praticamente uma necessidade, porque já quase não se consegue trabalhar, se não for ligado à net.

É pela net que nos chegam as principais notícias, em tempo real. Pela net temos acesso, quase instantâneo, à realidade internacional, sem necessidade de esperar, à hora certa, um noticiário que, para além de selectivo, filtra as notícias de forma que nem sempre é a mais isenta e objectiva.  Na net temos, a qualquer hora do dia ou da noite, acesso a uma central de dados verdadeiramente impressionante, muito embora nem sempre a informação fornecida seja fidedigna. Por último, através da net temos a prodigiosa oportunidade de rever velhos amigos e conhecidos a quem, se calhar há já muito tempo, tínhamos perdido o rasto e que agora, graças a esta fantástico instrumento, reencontramos, à brevíssima distância de um clique.

É verdade que não há bela sem senão. Também este instrumento, que mais não é do que uma sofisticada e apurada tecnologia, é susceptível de se transformar num instrumento maligno, se for utilizado de forma contrária à dignidade humana. Com efeito, pela net pode-se fabricar uma bomba caseira; pela net pode-se contactar uma organização terrorista; pela net pode-se caluniar uma pessoa inocente; pela net pode-se cair na armadilha de uma falsa amizade; pela net pode-se perverter a fé; pela net pode-se ter acesso, gratuito e imediato, às piores depravações de que é capaz o género humano. E, a própria net, pode ser viciante: há quem tenha ficado tão doentiamente dependente destes meios, que já não consegue despegar do ecrã em que alienou a sua existência.

Entre os que louvam e quase idolatrizam esta tecnologia e os que a diabolizam, há um justo meio, que é onde se situa, precisamente, a doutrina da Igreja. Como instrumento que é, a net não é, em si mesma, boa nem má. Como qualquer outro meio tecnológico, a bondade ou maldade da net depende do objecto da acção em que for utilizada, bem como da intenção do agente. Uma caneta tanto serve para escrever um poema de amor, como para caluniar um ser humano ou uma instituição. A inteligência humana tanto pode descobrir a cura de doenças, como pode inventar novas torturas. A web é boa quando é utilizada para o bem, mas é prejudicial quando se transforma num mecanismo de ampliação do mal, numa estrutura de pecado.

É necessário defender o direito fundamental à liberdade de pensamento e de expressão, nomeadamente através das redes sociais. Mas essa prerrogativa irrenunciável não pode ser um pretexto para a irresponsabilidade, nem para a impunidade. É preciso que cada qual, também na sua actividade virtual, responda pelos seus actos, mesmo que se esconda sob um nickname. A liberdade não pode servir de desculpa para os circuitos de pedofilia, prostituição ou pornografia, nomeadamente infantil, que, graças ao anonimato que a web proporciona, encontram na rede o ambiente propício para a sua execrável acção. Hoje em dia, o combate à criminalidade organizada, sobretudo contra os mais indefesos, como são certamente as crianças, não pode ignorar estas novas realidades.

Alguém, há dois mil anos, disse-o com tal clareza que quase diríamos tratar-se do próprio Tim Berners-Lee, ou de outro ilustre participante na última edição da Web Summit: “o reino dos céus é ainda semelhante a uma rede (net, em inglês) lançada ao mar, que colhe toda a casta de peixes. Quando está cheia, os pescadores tiram-na para fora e, sentados na praia, escolhem os bons para cestos e deitam fora os maus” (Mt 13, 47-48).

Já que a Portugal coube a honra de acolher este fórum internacional, assuma também a missão de, sem menoscabo da liberdade de pensamento e de expressão, responsabilizar quem utiliza a net como instrumento de ódio ou de qualquer tipo de exploração.

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada in Voz da Verdade