“Vejo-me Como um pobre passarinho que, habituado a voar apenas de árvore em árvore ou, quando muito, até á varanda de um terceiro andar…, certo dia da sua vida teve brios de chegar até ao telhado de certa casa modesta, que não era propriamente um arranha-céus… Mas eis que uma águia arrebata o nosso pássaro – tomando-o erradamente por uma cria da sua raça – e, entre as suas garras poderosas, o passarinho sobe, sobe muito alto, por cima das montanhas de terra e dos picos nevados, por cima das nuvens brancas e azuis e cor-de-rosa, mais alto ainda, até olhar de frente o sol… E então, soltando o passarinho, a águia diz-lhe: anda, voa… Senhor, que eu não volte a voar pegado à terra!, que seja sempre iluminado pelos raios do divino Sol-Cristo-Eucaristia!, que o meu voo não se interrompa até encontrar o descanso no Teu Coração!”, anota hoje nos seus Apontamentos íntimos.
Obrigado, Perdão Ajuda-me
quinta-feira, 31 de agosto de 2017
São Josemaría Escrivá nesta data em 1931
O Evangelho do dia 31 de agosto de 2017
«Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora virá o vosso Senhor. Sabei que, se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria, sem dúvida, e não deixaria arrombar a sua casa. Por isso estai vós também preparados, porque virá o Filho do Homem na hora em que menos pensais. «Quem é, pois, o servo fiel e prudente, a quem o seu senhor colocou à frente da sua família para lhe distribuir de comer a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo, a quem o seu senhor, quando vier, achar a proceder assim. Na verdade vos digo que lhe confiará o governo de todos os seus bens. Mas, se aquele servo mau disser no seu coração: “O meu senhor tarda em vir”, e começar a bater nos seus companheiros, a comer e beber com os ébrios, virá o senhor daquele servo no dia em que não o espera, e na hora que não sabe, e mandará açoitá-lo e dar-lhe-á a sorte dos hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.
Mt 24, 42-51
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
A memória da vocação reaviva a esperança (audiência)
Locutor: Ao longo do Evangelho, Jesus aparece com um “incendiário” de corações. Daquele seu primeiro encontro com Ele, João e André conservaram gravada na memória a própria hora: «Eram as quatro da tarde». Recordarão para sempre aquele dia da sua vocação, que iluminou e orientou a sua juventude. Como se descobre a vocação? Pode-se descobrir de muitos modos, mas esta página evangélica diz-nos que o primeiro indicador é a alegria do encontro com Jesus. Todas as vocações – ao Matrimónio, à Vida Consagrada, ao Sacerdócio – começam com um encontro com Jesus, que nos dá uma alegria e uma esperança nova e nos leva, mesmo através de provas e dificuldades, a um encontro sempre mais íntimo e à plenitude da alegria. O Senhor não quer atrás d’Ele homens e mulheres contrariados e tristonhos. Tornamo-nos arautos de Jesus, não afinando e brandindo as armas da retórica, mas conservando nos olhos o brilho da verdadeira felicidade. Por isso, o cristão – à semelhança da Virgem Maria – preserva a chama do seu enamoramento. É verdade que há provas na vida, mas o cristão conhece a estrada que conduz àquele fogo sagrado que o incendiou, ao princípio, duma vez para sempre. Não demos ouvidos a quem faz questão de apagar, logo ao nascer, o entusiasmo, dizendo que nenhum empreendimento vale o sacrifício de toda uma vida. Pelo contrário, bem atentos à realidade, cultivemos sãs utopias: Deus quer que sejamos capazes de sonhar como Ele e com Ele. Sonhar um mundo diferente. E, se o sonho se apagar, volta a sonhá-lo de novo readquirindo esperança na memória das origens.
* * *
Santo Padre:
Cari pellegrini di lingua portoghese, benvenuti! Nel salutarvi tutti, specialmente i membri dell’Associazione Chapecoense di Calcio e gli alluni sia del Collegio di San Paolo che del Collegio Pio Brasiliano in Roma, vi auguro di accrescere la sapienza che viene da Dio affinché, resi esperti delle cose di Dio, possiate comunicare agli altri la sua dolcezza e il suo amore. Scenda su di voi e sulle vostre famiglie l’abbondanza delle sue benedizioni.
* * *
Locutor: Queridos peregrinos de língua portuguesa, sede bem-vindos! A todos vos saúdo, especialmente aos membros da Associação Chapecoense de Futebol e aos alunos tanto do Colégio de São Paulo como do Colégio Pio Brasileiro de Roma, desejando-vos de prosperar na sabedoria que vem de Deus, a fim de que, tornados peritos das coisas de Deus, possais comunicar aos outros a sua doçura e o seu amor. Desça, sobre vós e vossas famílias, a abundância das suas bênçãos.
São Josemaría Escrivá nesta data em 1934
‘O Evangelho nos tempos do Facebook’ por Cristian Martini Grimaldi
Facebook, a rede social mais popular do mundo, está equipada com vários instrumentos para a manutenção e o enriquecimento de um status amigável recíproco, como se sabe. Porém, geralmente não nos perguntamos porque as dinâmicas de relacionamento se baseiam exclusivamente em feedbacks positivos (polegares levantados, partilhas) e, ao contrário, não prevêem opções de desaprovação instantânea (N. Spe Deus: entretanto foram criadas opções que correspondem a sentimentos que vão da aprovação à ira, mas que em nada altera o sentido deste artigo). Será possível que os criadores da network se tenham deixado inspirar pelo mais tradicional, mas na realidade atualíssimo, princípio que consiste em "nunca faças aos outros aquilo que não gostarias que te fizessem a ti"?
É possível que as nossas "amizades" sejam consideradas tão frágeis a ponto de sucumbir perante a mera interceptação de um feedback negativo? Porque, por exemplo, recebemos a "notificação" somente quando alguém recebe a nossa ou de outro alguém, mas não quando uma amizade é inesperadamente interrompida?
O sistema concebido desta forma tem realmente as suas boas razões para existir. Razões que se inspiram no consentimento mútuo, a fim de incutir optimismo no uso do instrumento e, por conseguinte, de exercer uma influência cada vez maior e mais positiva sobre todos nós; em síntese, para aumentar o próprio poder económico. Com efeito, o que aconteceria à rede social se de repente todos os participantes começassem a ser notificados publicamente sobre a perda de amigos? Perda, obviamente, decretada de forma unilateral. Com efeito, para estabelecer amizade é necessário ser em dois, para se deixar, ao contrário, a vontade do indivíduo é suficiente. É provável, considerado o uso compulsivo desta plataforma, pois de outro modo surgiria uma confusão colectiva, alimentada por invejas recíprocas, conflitos insolúveis, pequenas rivalidades ocultadas prontas a explodir com uma série de vinganças em cadeia: reacções de ódio manifesto, pedidos de esclarecimento recíproco da parte de amigos em comum, desforras de inimizade em relação a quem subtraiu a amizade ao amigo em comum, e assim por diante.
Felizmente trata-se de violências simbólicas, todavia com consequências reais possivelmente evidentes a curto prazo, considerando que todos, mais cedo ou mais tarde, nos destacamos do virtual e nos encontramos no real. Mas talvez, num incontrolável turbilhão vicioso de desprezos recíprocos - sintetizados por minúsculos (mas potencialmente deveras essenciais) thumbs down (sinal de desaprovação) - se poderia até chegar a abandonar em massa os próprios altares virtuais. Não como forma de protesta em relação às opções de desafeição recíproca acima só imaginadas mas, talvez, precisamente por causa da insustentabilidade psicológica do meio de comunicação.
De facto, ele tornar-se-ia realmente o lugar onde desafogar colectivamente os rancores e ressentimentos que todas as amizades, mesmo se a longo prazo, e talvez com mais razão se a longo prazo, inevitavelmente acarretam.
Resumindo, os programadores do Facebook - um sistema que interconecta centenas de milhões de pessoas no mundo inteiro - bem instruídos pelos administradores e pensadores que criaram e "educaram" este sistema, consideraram oportuno inspirar o coração da sua máquina "amistosa" na mais antiga receita para uma economia sadia: efundir quanto mais possível o optimismo.
Será uma casualidade, mas tudo isto corresponde também ao mais antigo princípio de amor ao próximo que a humanidade conheceu. "O que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também vós a eles, porque isto é a Lei e os Profetas" disse Jesus no sermão da montanha (Mt 7, 12). E quem está por detrás do Facebook, para tornar ainda mais eficaz o ensinamento evangélico, pensou bem em não nos fornecer nem sequer instrumentos para se deixar tentar. Quer dizer: longa amizade a todos!
CRISTIAN MARTINI GRIMALDI
(© L'Osservatore Romano - 21 de Janeiro de 2012)
O Evangelho do dia 30 de agosto de 2017
«Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que sois semelhantes aos sepulcros branqueados, que por fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda a espécie de podridão! Assim também vós por fora pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e iniquidade. «Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os túmulos dos justos, e dizeis: “Se nós tivéssemos vivido nos dias de nossos pais, não teríamos sido seus cúmplices no derramamento do sangue dos profetas!”. Assim dais testemunho contra vós mesmos de que sois filhos daqueles que mataram os profetas, e acabais de encher a medida de vossos pais.
Mt 23, 27-32
terça-feira, 29 de agosto de 2017
São Josemaría Escrivá nesta data em 1938
Escreve numa carta: “Que estejas muito contente: a tristeza é um inimigo nocivo, que, além disso, nos torna a vida impossível”.
O Evangelho do dia 29 de agosto de 2017
Porque Herodes tinha mandado prender João, e teve-o a ferros numa prisão por causa de Herodíades, mulher de Filipe, seu irmão, com a qual tinha casado. Porque João dizia a Herodes: «Não te é lícito ter a mulher de teu irmão». Herodíades odiava-o e queria fazê-lo morrer; porém, não podia, porque Herodes, sabendo que João era varão justo e santo, olhava-o com respeito, protegia-o e quando o ouvia ficava muito perplexo, mas escutava-o com agrado. Chegou, porém, um dia oportuno, quando Herodes, no seu aniversário natalício, deu um banquete aos grandes da corte, aos tribunos e aos principais da Galileia. Tendo entrado na sala a filha da mesma Herodíades, dançou e agradou a Herodes e aos seus convidados. O rei disse à jovem: «Pede-me o que quiseres e eu to darei». E jurou-lhe: «Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja metade do meu reino». Ela, tendo saído, perguntou à mãe: «Que hei-de pedir?». Ela respondeu-lhe: «A cabeça de João Batista». Tornando logo a entrar apressadamente junto do rei, fez este pedido: «Quero que me dês imediatamente num prato a cabeça de João Batista». O rei entristeceu-se, mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis desgostá-la. Imediatamente mandou um guarda com ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi degolá-lo no cárcere, levou a sua cabeça num prato, deu-a à jovem, e esta deu-a à mãe. Tendo sabido isto os seus discípulos, foram, tomaram o corpo e o depuseram num sepulcro.
Mc 6, 17-29
segunda-feira, 28 de agosto de 2017
São Josemaría Escrivá nesta data em 1974
Em Caracas, perguntaram-lhe como fazer oração: “Tu sabes que o Senhor está no Sacrário, mas também se encontra no centro das nossas almas em graça. Portanto, quando disseres: creio firmemente que estás aqui…, em qualquer sítio onde te encontrares, no autocarro, onde quer que seja, tens a Deus Nosso Senhor em ti mesma, no centro da tua alma; e continuas para a frente na tua oração. Não vou dizer-te mais nada, porque a intimidade com Deus Nosso Senhor deve ser muito pessoal”.
Horror e salvação
Igreja de Nabugongo |
A minha primeira visita no
Uganda foi a Namugongo, palco de cenas indescritíveis de horror e, ao mesmo
tempo, ponto culminante da história do país. A data central foi o dia 3 de
Junho de 1886 e por isso o 3 de Junho é a festa nacional.
Poucos anos antes, tinham
chegado os exploradores ingleses, depois os missionários protestantes e logo a
seguir os missionários católicos. Encontraram uma sociedade organizada e com um
certo desenvolvimento económico, aprenderam rapidamente a língua e muita gente
se converteu.
A religião tradicional incluía Katonda
(o Deus criador e misericordioso) e várias dezenas de Lubaale (espíritos), como
o espírito do lago, cujos oráculos chegavam a exigir sacrifícios humanos. Um ditado
dizia «Katonda tatta» (Katonda não mata), mas os espíritos fartavam-se de matar
e o rei também. Por exemplo, o Kabaka (rei) Mutesa, o mesmo que acolheu os
exploradores e os missionários, matou os 60 irmãos logo que subiu ao trono.
Existia mesmo um local próprio para as execuções dos membros da corte, com um
corpo específico de carrascos.
Cinco anos depois de os
missionários católicos chegarem, o Kabaka Mutesa morreu e sucedeu-lhe o Kabaka
Mwanga II, com 16 anos. E começaram a morrer cristãos.
Houve muitas razões de conflito
com os recém-convertidos da corte. Os feiticeiros insistiam em atribuir aos
cristãos os contratempos da pesca, ou da agricultura. Os muçulmanos queriam
controlar o país. O primeiro-ministro queria afastar as pessoas que lhe pudessem
fazer sombra. Sobretudo, Mwanga era homossexual e estava habituado a abusar de
quem encontrava pela frente. Mwanga até apreciava o cristianismo, o que não
suportava era que os cristãos não aceitassem promoções que envolviam encargos imorais
nem condescendessem como os seus desejos sexuais.
O chefe da casa real, Joseph
Mukasa, protegia os pajens dos avanços do Kabaka e pagou por isso. Em geral, os
pajens eram os filhos dos principais chefes e jovens escolhidos, de grande
valor. Muitos converteram-se e Joseph Mukasa era o catequista do grupo.
Em 1885, com o falso pretexto
de impedir uma invasão, Mwanga chacinou um grupo de missionários anglicanos que
entraram no Uganda. Os protestos de Joseph Mukasa foram a gota de água: foi
mandado decapitar e queimar.
Para substituir Mukasa, foi
nomeado o jovem Charles Lwanga, o chefe dos pajens. Nesse mesmo dia, Lwanga
recebeu o Baptismo. O rei continuou a queixar-se de que nunca encontrava os
pagens quando queria e a vingança foi ainda mais terrível. O Kabaka torturou
alguns e convocou toda a corte para mandar os cristãos irem para um lado e os
outros ficarem. Todos sabiam perfeitamente o que isso implicava. Lwanga
colocou-se imediatamente do lado dos cristãos, seguido por todos os pajens do
rei, excepto 5. Os que ainda estavam a receber catequese, foram baptizados à
pressa. O martírio prolongou-se ao longo de bastantes dias, com uma crueldade
difícil de compreender. Foram esquartejados vivos e queimados de forma a
prolongar ao máximo o tempo de vida e o sofrimento, tentando desviá-los da fé. Felizmente,
ficaram registos e conservam-se muitos testemunhos sobre cada um deles. Até há
fotografias deles, dos missionários, do Kabaka e dos outros personagens desta
história.
Charles Lwanga foi o primeiro.
Os outros, foram arrastados pelos pés durante alguns quilómetros, até perderem
a pele e ficarem com as costelas à vista. Por isso o local se chama hoje Namugongo,
porque na língua Luganda se diz «abassajja baabatutte namugongo» (homens
arrastados de costas).
Monumento evocativo do martírio |
Jamais
alguém tinha morrido assim. O comandante da força de execução deparou-se com
uma alegria inexplicável e uma calma que nunca tinha visto. Foi perguntar ao
Kabaka se aqueles rapazes eram mesmo para matar. Obedeceu, mas mais tarde converteu-se.
O Kabaka Mwanga tinha 18 anos
quando os seus 45 pajens morreram, 22 católicos e 23 anglicanos. Vários tinham
menos de 20 anos, os mais novos tinham 14 anos.
Os mártires não deixaram uma
mensagem de ódio mas de uma fidelidade extraordinária a Deus e ao Kabaka. Embora
os missionários tenham sido expulsos, o número de cristãos multiplicou-se.
Peregrinos cristãos a caminho de Nabugongo |
O
cristianismo do Uganda ficou marcado pelo exemplo dos mártires de Namugongo. Sincero
respeito pelas convicções de todos (nomeadamente, ecumenismo entre católicos e
protestantes e generosidade com os muçulmanos), fidelidade à fé, fidelidade à
moral (nomeadamente em matéria de homossexualidade) e delicadeza e amizade para
com todos, sem qualquer exclusão. O chefe dos carrascos e o Kabaka Mwanga
acabaram cristãos. Hoje, a população do Uganda é quase toda cristã e a maioria
católica. Os protestantes que encontrei têm devoção a Nossa Senhora e aos
santos, em particular aos mártires de Namugongo, e reconhecem ao Papa um papel
singular.
José Maria C.S. André
Spe Deus
28-VIII-2016
O Evangelho do dia 28 de agosto de 2017
«Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que fechais aos homens o Reino dos Céus, pois nem vós entrais, nem deixais que entrem os que quereriam entrar. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que devorais as casas das viúvas a pretexto de longas orações! Por isto sereis julgados mais severamente. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que correis o mar e a terra para fazerdes um prosélito e, depois de o terdes feito, o tornais filho do inferno duas vezes pior do que vós. «Ai de vós, guias cegos, que dizeis: “Se alguém jurar pelo templo, isso não é nada, mas o que jurar pelo ouro do templo, fica obrigado!”. Insensatos e cegos! Pois que é mais, o ouro ou o templo, que santifica o ouro? E dizeis também: “Se alguém jurar pelo altar, isso não é nada, mas quem jurar pela oferenda que está sobre ele, fica obrigado”. Cegos! Qual é mais: a oferta ou o altar que santifica a oferta? Aquele, pois, que jura pelo altar, jura por ele e por tudo o que está sobre ele, e quem jura pelo templo, jura por ele e por Aquele que habita nele, e quem jura pelo céu, jura pelo trono de Deus e por Aquele que está sentado sobre ele.
Mt 23, 13-22
domingo, 27 de agosto de 2017
Bom Domingo do Senhor!
Bem-aventurados que somos porque o Senhor nos deu conhecer a resposta de Pedro que nos narra o Evangelho de hoje (Mt 16, 13-20) e assim com amor e fé também o reconhecemos como o Filho de Deus que habitou entre nós.
Louvado seja o Pai pelo Filho que nos enviou e que é Deus com Ele na unidade do Espírito Santo!
Arrependimento
«Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento»
(S. Lucas, 15, 7)
«Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa»
(S. Lucas, 15,10)
«Explicou-lhe o pai: Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Convinha, porém, fazermos festa, pois este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado».
(S. Lucas, 15, 31-32)
Oração a Santa Mónica
Ó Esposa e Mãe exemplar, Santa Mónica:
Tu que experimentastes as alegrias e as dificuldades da vida conjugal;
Tu que conseguiste levar à fé teu esposo Patrício, homem de carácter desregrado e irascível;
Tu que chorastes tanto e oraste dia e noite por teu filho Agostinho e não o abandonaste mesmo quando te enganou e fugiu de ti.Intercede por nós, ó grande Santa, para que saibamos transmitir a fé em nossa família; para que amemos sempre e alcancemos a paz. Ajuda-nos a criar os nossos filhos também na vida da Graça; conforta-nos nos momentos de tristeza e aproxima-nos da Santíssima Virgem, Mãe de Jesus e Mãe nossa, a verdadeira paz e a Vida Feliz.
Amém.
Santa Mónica, rogai por nós.
Amém.
Santa Mónica, rogai por nós.
Jesus Cristo começou a fazer ver aos seus discípulos que tinha de [...] sofrer muito
Papa Francisco
Homilia de 07/04/2013, Tomada de posse da cátedra de bispo de Roma
A paciência de Deus deve encontrar em nós a coragem de regressar a Ele, qualquer que seja o erro, qualquer que seja o pecado na nossa vida. Jesus convida Tomé a meter a mão nas chagas das suas mãos e dos seus pés e na ferida do seu peito. Também nós podemos entrar nas chagas de Jesus, podemos tocá-Lo realmente; isto acontece todas as vezes que recebemos, com fé, os sacramentos.
São Bernardo diz numa bela homilia: «Por estas feridas [de Jesus], posso saborear o mel dos rochedos e o azeite da rocha duríssima, isto é, posso saborear e ver como o Senhor é bom (Dt 32,13; Sl 33,9).» É precisamente nas chagas de Jesus que vivemos seguros; nelas se manifesta o amor imenso do seu coração. Tomé compreendera-o. São Bernardo interroga-se: «Mas com que poderei contar? Com os meus méritos?» Todo «o meu mérito está na misericórdia do Senhor. Nunca serei pobre de méritos, enquanto Ele for rico de misericórdia: se são abundantes as misericórdias do Senhor, também são muitos os meus méritos». Importante é a coragem de me entregar à misericórdia de Jesus, de confiar na sua paciência, de me refugiar sempre nas feridas do seu amor. […] Talvez algum de nós possa pensar: o meu pecado é tão grande, que o meu afastamento de Deus é como o do filho mais novo da parábola, a minha incredulidade como a de Tomé; não tenho coragem para voltar, para pensar que Deus me possa acolher e esteja à espera precisamente de mim. […] Para Deus, nós não somos números; somos importantes – ou melhor, somos o que Ele tem de mais importante; apesar de pecadores, somos aquilo que Ele leva mais a peito.
sábado, 26 de agosto de 2017
O Evangelho de Domingo dia 27 de agosto de 2017
Tendo chegado à região de Cesareia de Filipe, Jesus interrogou os Seus discípulos, dizendo: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?». Eles responderam: «Uns dizem que é João Batista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas». Jesus disse-lhes: «E vós quem dizeis que Eu sou?». Respondendo Simão Pedro, disse: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo». Respondendo Jesus, disse-lhe: «Bem-aventurado és, Simão filho de João, porque não foi a carne e o sangue que to revelaram, mas Meu Pai que está nos céus. E Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares sobre a terra, será ligado também nos céus, e tudo o que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus». Depois ordenou aos Seus discípulos que não dissessem a ninguém que Ele era o Cristo.
Mt 16, 13-20
«Sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja»
Então, o Senhor interpelou diretamente os Doze: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Em nome de todos, com impulso e determinação, foi Pedro que tomou a palavra: «Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo». Solene profissão de fé que, desde então, a Igreja continua a repetir. No dia de hoje, também nós queremos proclamar com íntima convicção: sim, Jesus, Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo! Fazemo-lo com a consciência de que Cristo é o verdadeiro «tesouro», pelo qual vale a pena sacrificar tudo; Ele é o amigo que nunca nos abandona, porque conhece as expectativas mais íntimas do nosso coração. Jesus é o «Filho de Deus vivo», o Messias prometido, que veio à terra para oferecer à humanidade a salvação e para satisfazer a sede de vida e de amor que habita em cada ser humano. Que grande seria a vantagem para a humanidade, se acolhesse este anúncio que traz consigo a alegria e a paz!
«Tu és Cristo, Filho de Deus vivo». A esta profissão de fé da parte de Pedro, Jesus responde: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do inferno nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus». É a primeira vez que Jesus fala da Igreja, cuja missão é a realização do grandioso desígnio de Deus, de reunir, em Cristo, toda a humanidade, numa única família. A missão de Pedro e dos seus sucessores é, precisamente, a de servir esta unidade da única Igreja de Deus, formada por judeus e pagãos de todos os povos; o seu ministério indispensável consiste em fazer com que ela nunca se identifique nem com uma única nação, nem com uma só cultura, mas que seja a Igreja de todos os povos, para tornar presente no meio dos homens ─ marcados por inúmeras divisões e contrastes ─ a paz de Deus e a força renovadora do Seu amor. Por conseguinte, servir a unidade interior que provém da paz de Deus, a unidade de quantos, em Jesus Cristo, se tornaram irmãos e irmãs: eis a missão especial do Papa, Bispo de Roma e sucessor de Pedro.
Bento XVI
Angelus de 24/08/08
São Josemaría Escrivá nesta data em 1958
Com D. Álvaro del Portillo e D. Javier Echevarría, na igreja de St. Dunstan, Canterbury, onde se conserva a cabeça de S. Tomás Moro. Uns dias antes numa carta aos membros do Opus Dei em Espanha, escrevia: “Só lhes digo que penso ser providencial a nossa estadia em Inglaterra, e que aqui podem nascer muitos trabalhos para a glória de Deus. Rezem, ponham como sempre Nossa Senhora por intercessora, e veremos realizadas grandes obras do nosso Opus Dei nesta encruzilhada da terra, para bem das almas de todo o mundo”.
A fé, uma força consoladora no sofrimento
Encíclica «Lumen fidei / A luz da fé», §§ 56-57
O cristão sabe que o sofrimento não pode ser eliminado, mas pode adquirir um sentido: pode tornar-se ato de amor, entrega nas mãos de Deus que não nos abandona e, deste modo, ser uma etapa de crescimento na fé e no amor. […] A luz da fé não nos faz esquecer os sofrimentos do mundo. Os que sofrem foram mediadores de luz para muitos homens e mulheres de fé; tal foi o leproso para São Francisco de Assis, ou os pobres para a Beata Teresa de Calcutá. Compreenderam o mistério que há neles; aproximando-se deles, certamente não cancelaram todos os seus sofrimentos, nem puderam explicar todo o mal. A fé não é luz que dissipa todas as nossas trevas, mas lâmpada que guia os nossos passos na noite, e isto basta para o caminho.
Ao homem que sofre, Deus não dá um raciocínio que explica tudo, mas oferece a sua resposta sob a forma duma presença que o acompanha, duma história de bem que se une a cada história de sofrimento para nela abrir uma brecha de luz. Em Cristo, o próprio Deus quis partilhar connosco esta estrada e oferecer-nos o seu olhar para nele vermos a luz. Cristo é Aquele que, tendo suportado a dor, Se tornou «autor e consumador da fé» (Heb 12, 2).
Ao homem que sofre, Deus não dá um raciocínio que explica tudo, mas oferece a sua resposta sob a forma duma presença que o acompanha, duma história de bem que se une a cada história de sofrimento para nela abrir uma brecha de luz. Em Cristo, o próprio Deus quis partilhar connosco esta estrada e oferecer-nos o seu olhar para nele vermos a luz. Cristo é Aquele que, tendo suportado a dor, Se tornou «autor e consumador da fé» (Heb 12, 2).
O Evangelho do dia 26 de agosto de 2017
Então, Jesus falou às multidões e aos Seus discípulos, dizendo: «Sobre a cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus. Observai, pois, e fazei tudo o que eles vos disserem, mas não imiteis as suas ações, porque dizem e não fazem. Atam cargas pesadas e impossíveis de levar, e as põem sobre os ombros dos outros homens, mas nem com um dedo as querem mover. Fazem todas as suas obras para serem vistos pelos homens. Trazem mais largas as filatérias, e mais compridas as franjas dos seus mantos. Gostam de ter os primeiros lugares nos banquetes, e as primeiras cadeiras nas sinagogas , das saudações na praça, e de serem chamados rabi pelos homens. Mas vós não vos façais chamar rabis, porque um só é o vosso Mestre, e vós sois todos irmãos. A ninguém chameis pai sobre a terra, porque um só é o vosso Pai, O que está nos céus. Nem façais que vos chamem mestres, porque um só é o vosso Mestre, Cristo. Quem entre vós for o maior, seja vosso servo. Aquele que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.
Mt 23, 1-12
sexta-feira, 25 de agosto de 2017
São Josemaría Escrivá nesta data em 1938
O Evangelho do dia 25 de agosto de 2017
Os fariseus, tendo sabido que Jesus reduzira ao silêncio os saduceus, reuniram-se. E um deles, doutor da Lei, querendo pô-l'O à prova, perguntou-Lhe: «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?». Jesus disse-lhe: «”Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento”. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a este: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Destes dois mandamentos depende toda a Lei e os Profetas».
Mt 22, 34-40
quinta-feira, 24 de agosto de 2017
DISTRAÍDOS NA FÉ!
Entrou na igreja e ficou contente. Não estava ninguém, exactamente como ele desejava.
Em frente ao sacrário, ajoelhou-se, rezou algumas orações e depois sentou-se, olhando fixamente para a porta do sacrário, talvez esperando que ela se abrisse e de dentro saísse Jesus para falar com ele.
Riu-se interiormente da sua imaginação, mas rapidamente a sua cara tomou um ar grave e preocupado.
O assunto que ali o levava era uma situação séria, muito séria, que ele já não sabia como resolver e por isso ali se tinha dirigido para ter uma conversa mais séria e intima com Aquele que ele acreditava lhe poderia mostrar caminho e solução para o seu grave problema.
Numa voz inaudível para outros, ia repetindo: «Senhor, ajuda-me! Mostra-me o que fazer! Eu creio em Ti, mas ajuda-me! Fala, Senhor, que o teu servo escuta!»
Apesar de absorto na oração e na escuta, não pode deixar de perceber que alguém tinha entrado na igreja e se dirigia para o lugar onde ele estava.
Interiormente pediu: «Oh Senhor, eu queria tanto estar um pouco sozinho aqui contigo!»
Pelo “canto do olho”, olhou e percebeu que era aquela senhora, sempre muito problemática, com muitas histórias para contar, para a qual era precisa uma paciência sem limites. Deu um suspiro profundo e pensou se não seria melhor sair e voltar noutra altura em que pudesse ficar só.
Já não teve tempo, porque a dita senhora, rezadas umas apressadas orações de joelhos, sentava-se ao seu lado e já lhe dirigia a palavra, cumprimentando-o. Tentou ser o mais delicado possível, retribuindo o cumprimento numa vaga esperança de que ela se calasse e se fosse embora. Mas não, infelizmente não foi isso que aconteceu, pois ela percebendo na sua cara a preocupação, logo lhe perguntou se estava bem, se precisava de alguma coisa, se ela podia fazer alguma coisa por ele.
Balbuciou qualquer coisa entre dentes, para responder às insistentes perguntas, mas não houve nada a fazer, porque ela continuou numa lengalenga, sem se calar. Ele foi ouvindo as palavras que saíam da boca dela e que iam dizendo coisas do tipo: “pois todos temos problemas”, “a vida não é nada fácil”, “temos que aguentar e pedir a Deus que nos ajude”, etc., etc.
A certa altura começou a contar-lhe uma história complicada que se tinha passado com ela, (curiosamente parecida com o problema que estava a viver), mas com tantos pormenores, que era difícil e fastidioso prestar alguma atenção.
Entretanto a história lá chegou ao fim, com uma solução pelos vistos muito satisfatória, e quando ele se preparava para se levantar e sair, foi ela que o fez, agradecendo-lhe aquele bocadinho em que a tinha estado a ouvir.
Sorriu aliviado, despediu-se, e voltou à sua litania, da qual sobressaía, com um forte sentimento no coração, a oração: “Fala, Senhor, que o teu servo escuta!”
E insistia na oração, sem prestar atenção a mais nada, até que num momento de silêncio lhe pareceu ouvir uma voz que dizia ao seu coração: «Mas Eu já falei contigo! Já te disse o que precisavas saber!»
Admirado, olhou para o sacrário e então ouviu distintamente, (parecia-lhe a ele), a voz que repetidamente lhe dizia que tudo o que tinha de saber já lhe tinha sido dito.
Com algum receio que alguém o estivesse a ouvir, disse: «Mas quando, Senhor?»
Ouviu novamente a voz que lhe dizia: «Lembras-te da história que a senhora, (que consideraste maçadora e incómoda), te contou e tu nem querias ouvir?»
Respondeu: «Sim, Senhor, acho que me lembro!»
E novamente a voz: «E lembras-te como foi resolvida essa situação?»
Respondeu mais uma vez: «Ah, sim, Senhor, lembro-me perfeitamente!»
Uma só palavra interrogativa lhe respondeu: «Então?»
De joelhos, disse em oração: «Oh Senhor, estava tão concentrado em mim, no meu problema, sem dar atenção a quem dela precisava, que nem me apercebi que afinal a história era semelhante à minha situação e que a solução possível é aquela que me foi dita!»
Agradeceu profundamente ao Senhor tudo aquilo que lhe tinha sido dado, e não se esqueceu de rezar um Pai Nosso por aquela senhora que ele tão mal tinha julgado.
Antes de sair da igreja, olhou novamente para o sacrário e disse interiormente: «E dizemos nós tantas vezes que Tu não falas connosco, nem nos dás sinais! Distraídos na fé, é o que nós tantas vezes somos. Perdoa, Senhor!»
Monte Real, 26 de Agosto de 2014
Joaquim Mexia Alves
São Josemaría Escrivá nesta data em 1940
Durante o retiro que faz em Segóvia anota: “Estava a precisar muito deste retiro. É mister que o pecador Josemaría se torne santo”.
O Evangelho do dia 24 de agosto de 2017
Filipe encontrou Natanael e disse-lhe: «Encontrámos Aquele de Quem escreveu Moisés na Lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José». Natanael disse-lhe: «De Nazaré pode porventura sair coisa que seja boa?». Filipe disse-lhe: «Vem ver». Jesus viu Natanael, que vinha ter com Ele, e disse dele: «Eis um verdadeiro israelita em quem não há fingimento». Natanael disse-lhe: «Donde me conheces?». Jesus respondeu-lhe: «Antes que Filipe te chamasse, Eu te vi, quando estavas debaixo da figueira». Natanael respondeu: «Mestre, Tu és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel». Jesus respondeu-lhe: «Porque te disse que te vi debaixo da figueira, acreditas?; verás coisas maiores que esta». E acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo, vereis o céu aberto e os anjos de Deus subir e descer sobre o Filho do Homem».
Jo 1, 45-51
quarta-feira, 23 de agosto de 2017
A ideologia do género estúpido
Confesso-me pecador e além do mais ignorante, sem capacidade para atingir as altas escarpas intelectuais daqueles que defendem a ideologia do género. Sou do género estúpido. Posto isto, e na minha qualidade, que é tão intocável como a de outro género qualquer, seja LGBTIQ+ e o que mais quiserem pôr, nasci menino e fui educado como menino. Naturalmente essa repressão feroz exercida pela família, sociedade e escola, fez-me desembocar, com o passar dos anos (mais de 60), num velho pai e avô heterossexual. Como já devem ter percebido por aquilo que aqui escrevi (mas que eu, como estúpido, não tenho a certeza) sou, quase certamente homofóbico, racista, xenófobo, chauvinista e, claro, fascista.
Uma das coisas que mais me espanta é ter descoberto, através de um pensador brasileiro, seguidor de Judith Butler, que os defensores da ideologia do género não negam a biologia. “Eu nunca li nenhum autor de estudos de género negar a biologia”, afirma o nosso irmão brasileiro, sublinhando que sabem que os órgãos são diferentes, assim como o sistema reprodutivo e tudo isso é diferente. O que os estudos de género dizem, insiste o moço, “é que essas características não determinam quem somos ou quem devemos ser”. Foi um momento de alívio. Por momentos, pensei que o meu órgão sexual tinha sido colado ou cosido pela família, escola ou sociedade. Não, nada disso! Nasci mesmo com ele.
Mas, se nasci com ele, não sou determinado por ele. Posso ser mulher e escolher um nome de mulher, andar vestido de mulher e sentir-me mulher. Calma… Isso não será uma disfunção, pergunta o estúpido? Nada disso. O que acontece, diz Judith Butler é que todo o rapaz efeminado ou toda a rapariga máscula sofre bullying da sociedade, da escola e da família, de modo que são ameaçados com psiquiatras, como se não fossem normais. Por isso mesmo, a escola e a medicina, por exemplo, tudo devem fazer para não distinguir um sexo do outro (a questão da ginecologia e da urologia torna tudo um pouco mais difícil, mas adiante).
“O género – insiste Butler – é formado culturalmente, e também uma imposição à nossa liberdade. É principalmente importante resistir (e legislar, acrescento eu) a todas as formas que querem restringir o nosso género ao nosso sexo.” Por isso mesmo, ainda hoje, ativistas desta magna questão acusavam a Porto Editora do crime de ter livros para meninos e para meninas. Uns azuis e outros cor-de-rosa. Querem maior atentado ao género? Saltaram os e as especialistas em discriminação a explicar a gravidade do feito. Infelizmente, a nossa Comunicação Social esqueceu-se de perguntar a outros sectores, com outras opiniões, qual a razão do êxito dos livros. Até porque a Editora, não seguindo as orientações de uma muito democrática ex-professora que proclamou que tais livros destinados a crianças dos 4 aos 6 anos deviam ser imediatamente retirados do mercado, insiste em vendê-los e diz que não há descriminação nenhuma.
O estúpido, claramente estúpido, pensava que bastava não discriminar. Que a sociedade, a família e a escola respeitassem e ensinassem a respeitar o sexo e as opções ou tendências de cada um (ontem mesmo uma secretária de Estado declarou-se homossexual com toda a dignidade).
Mas não – agora que aprendi uma lição com os que chamaram machista a Chico Buarque (autor de algumas das melhores canções em que a primeira pessoa é uma mulher) – percebo que não basta não discriminar. É preciso impor às escolas que deixem de olhar para as crianças como se elas fossem meninos ou meninas e passá-las (ou melhor, passá-l@s, porque não interessa o género) a ver como seres totalmente iguais (há ainda por fazer a discussão sobre se as casas de banho devem manter o estereotipo, sendo ou para homens ou para mulheres, não integrando a vasta paleta entre os dois géneros, mas adiante).
A família é outro dado. Asseguram-me as altas inteligências que a ideologia de género não quer acabar com elas. Quer que elas sejam tantas quantas as possibilidades. Infinitas famílias, meus irmãos, sendo que a família, tal como o Natal, é o que e quando um homem (perdão: um ser, ou uma pessoa) quiser.
Naturalmente, até o estúpido o reconhece, há um cruzamento entre o sexo biológico e as opções ou tendências sexuais de cada um que nem sempre são coincidentes (e são algo do foro íntimo que não deve ser legislado, salvo no que respeita ao princípio da não discriminação). Coisa diferente é querer impor uma ideologia que defende que cada ser do género humano, que nasce biologicamente homem ou mulher, possa definir-se sem interferência dos modelos tradicionais. Esses modelos, ainda que sejam construções sociais, são construções sociais naturais - e não impostas por escolas, famílias ou instituições, mas pela evolução de milhares, senão milhões de anos. A cabeça das luminárias parece pretender que o mundo começou há 10 anos.
O problema é que em muitos países esta ideologia de género é imposta pelo Estado. Ora, os seres humanos nascem com sexo biológico (os transtornos hermafroditas são raríssimos), não nascem com género, como as palavras. E, por falar de palavras, essa ideologia altíssima quer dominar-nos através delas. Através da arroba (@) para colocar os dois géneros em palavras que por vezes só têm um (presidente, estudante, contente, etc.). Através do que se pode dizer e não dizer sobre as chamadas minorias, ou sobre o que for. Para dizer que Chico Buarque, por ter escrito numa canção recente: “Quando o teu coração suplicar / Ou quando teu capricho exigir / Largo mulher e filhos /E de joelhos te vou seguir” revela que ele ainda está nos anos 70, preso na “assimetria de papéis entre homens e mulheres”, como escreveu um cronista em “O Globo”.
Enfim, já me confessei estúpido, mas ainda vou percebendo algumas coisas das que nos andam a fazer.
Henrique Monteiro in Expresso diário de 23.08.2017 AQUI
(seleção de imagem ‘Spe Deus’)
«Eis que faço novas todas as coisas» (Apocalipse 21,5) - Audiência
Locutor: As palavras do livro do Apocalipse – “Eis que faço novas todas as coisas” – nos lembram como a esperança cristã é para nós uma fonte de contínua novidade. Apesar de experimentarmos nesta vida situações de tristeza e de sofrimento, de vermos tanto joio em meio ao trigo, a ponto de às vezes parecer que a felicidade é uma ilusão passageira, a verdade é que Deus nos apresenta um horizonte luminoso: temos um Pai cheio de ternura, que nos espera para nos consolar; um Pai que conhece os nossos sofrimentos, quer enxugar as nossas lágrimas e preparou para nós um futuro maravilhoso: habitar com Ele na Jerusalém celeste. Nesta vida, a nossa esperança se alimenta da presença de Jesus, que se faz nosso companheiro de caminho, como sol que ilumina o nosso horizonte, dando-nos a certeza de que a morte e o ódio não têm a última palavra. Podemos estar certos de que, no final, nossas lágrimas não hão de ser de tristeza, mas de felicidade, uma felicidade perfeita.
* * *
Santo Padre:
Saluto voi pellegrini di lingua portoghese presenti in quest’Udienza e, tramite ciascuno, saluto tutte le famiglie dei vostri Paesi! Rivolgo un saluto particolare ai fedeli della parrocchia de Ribeirão e ai gruppi di brasiliani. Lasciatevi guidare dalla tenerezza divina, perché possiate trasformare il mondo con la vostra fede. Dio vi benedica.
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Locutor: Saúdo os peregrinos de língua portuguesa presentes nesta Audiência e através de cada um de vós, saúdo todas as famílias dos vossos Países. Dirijo uma saudação particular aos fiéis da paróquia de Ribeirão e aos grupos de brasileiros. Deixai-vos guiar pela ternura divina, para que possais transformar o mundo com a vossa fé. Deus vos abençoe.
S. Josemaría Escrivá nesta data em 1971
Sente na sua alma, com uma força irresistível que o enche de paz, a frase Adeamus cum fiducia ad thronum gloriae, ut misericordiam consequamur! [Aproximemo-nos, pois, com confiança, do trono da glória, para alcançarmos misericórdia: cfr. Hebr. 4, 16]: “Esta manhã, enquanto tomava o pequeno almoço, o Senhor pôs-me na cabeça estas palavras. São como uma resposta a esse clamor colectivo que ontem, festa do Coração Imaculado de Maria, terá subido ao Céu, porque todos terão rezado muito. Temos de pedir, acolhendo-nos à Misericórdia do Senhor”.
O Evangelho do dia 23 de agosto de 2017
«O Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que, ao romper da manhã, saiu a contratar operários para a sua vinha. Tendo ajustado com os operários um denário por dia, mandou-os para a sua vinha. Tendo saído cerca da terceira hora, viu outros, que estavam na praça ociosos, e disse-lhes: “Ide vós também para a minha vinha, e dar-vos-ei o que for justo”. Eles foram. Saiu outra vez cerca da hora sexta e da nona, e fez o mesmo. Cerca da undécima, saiu, e encontrou outros que estavam sem fazer nada, e disse-lhes: “Porque estais aqui todo o dia sem trabalhar?”. Eles responderam: “Porque ninguém nos contratou”. Ele disse-lhes: “Ide vós também para a minha vinha”. «No fim da tarde, o senhor da vinha disse ao seu feitor: “Chama os operários e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até aos primeiros”. Tendo chegado os que tinham ido à hora undécima, recebeu cada qual um denário. Chegando também os primeiros, julgaram que haviam de receber mais; porém, tam eles receberam um denário cada um. Mas, ao receberem, murmuravam contra o pai de família, dizendo: “Estes últimos trabalharam somente uma hora, e os igualaste connosco, que suportamos o peso do dia e o calor”. Porém, ele, respondendo a um deles, disse: “Amigo, eu não te faço injustiça. Não ajustaste comigo um denário? Toma o que é teu, e vai-te. Eu quero dar também a este último tanto como a ti. Ou não me é lícito fazer dos meus bens o que quero? Porventura o teu olho é mau porque eu sou bom?”. Assim os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos».
Mt 20, 1-16
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