A Encíclica [Veritatis
Splendor] insiste muito decididamente em que a moral não é
questão de acordos, pois nesse caso estaria submetida ao jogo das maiorias. A
moral baseia-se antes na ordem interna da própria realidade: a criação a traz
em si. Estamos voltando a enxergar esta verdade nos urgentes problemas
ecológicos. Tornamos a perceber que não devemos fazer tudo o que podemos fazer. Comprovamos que devemos respeitar a dignidade das criaturas. E, com mais razão,
devemos voltar a compreender também que justamente o ser humano traz em si uma
dignidade e uma missão interiores que são permanentes, apesar de todas as mudanças
históricas. O homem é sempre homem. A sua dignidade essencial é sempre a mesma.
Por isso, há comportamentos que nunca poderão chegar a ser bons, mas sempre serão
incompatíveis com o respeito pelo homem e com a dignidade que lhe vem de Deus,
e que ele traz dentro de si.
O Papa [João
Paulo II] mostrou com grande poder de persuasão que o problema fundamental do
nosso tempo é um problema moral. Os problemas económicos, sociais e políticos
continuarão a ser insolúveis se não se encarar esta realidade central. E o Papa
demonstra que o problema moral não pode ser separado da questão da verdade.
Esta, por sua vez,
está indissoluvelmente unida ao problema da busca de Deus.
(Cardeal
Joseph Ratzinger em Entrevista a Jaime Antúnez Aldunate, na revista ‘Humanitas’,
Santiago de Chile, 2005)
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