O início deste mês traz à nossa mente a tão consoladora verdade da Comunhão dos santos. Hoje recordamos especialmente os fiéis que já desfrutam da Santíssima Trindade no Céu. E amanhã estarão muito presentes nas nossas orações os fiéis defuntos que ainda se purificam no Purgatório, com quem havemos de travar uma profunda amizade.
Lembro-me da devoção com que o nosso Padre vivia este dia, esperando que, graças também aos sufrágios que a Igreja oferece, as benditas almas recebessem a remissão total das penas temporais devidas aos pecados, e pudessem assim chegar à presença beatificante de Deus. Tanto o impulsionava esta manifestação de misericórdia, de caridade, que dispôs que no Opus Dei se aplicasse frequentemente a celebração da Santa Missa, a Sagrada Comunhão e o Terço pelo descanso eterno das suas filhas e dos seus filhos, dos nossos pais e irmãos, dos Cooperadores falecidos, e por todos os que deixaram este mundo. Sejamos generosos na aplicação destes sufrágios, e acrescentemos da nossa parte o que nos parecer oportuno, sobretudo o oferecimento de um trabalho bem acabado, com espírito alegre de oração e de penitência.
Muito pertinente é a recomendação de S. Paulo: cotídie mórior [1], cada dia morro para o pecado, para ressuscitar com Jesus Cristo. S. Josemaria, ao assumir o conselho do Apóstolo, convidava-nos a meditar muitas vezes no final da vida terrena, com o objetivo de nos prepararmos o melhor possível para o encontro com Deus. A morte é uma realidade que afeta todos, sem exceção. Muitos a temem e fazem o possível por esquecê-la. Não deve ser assim para um cristão coerente com a sua fé. Aos "outros", a morte paralisa-os e espanta-os. A nós, a morte - a Vida - dá-nos ânimo e impulso. Para eles, é o fim, para nós, o princípio [2].
Contudo, este passo apresenta-se-nos às vezes com contornos dramáticos, especialmente quando surge de forma imprevista, ou quando atinge gente jovem, diante de quem se abria um futuro cheio de possibilidades. O Santo Padre comenta que nesses casos, para muitas pessoas, a morte é como um buraco negro que se abre na vida das famílias e ao qual não sabemos dar explicação alguma [3].
[2]. S. Josemaria, Caminho, n. 738.
[3]. Papa Francisco, Audiência geral, 17-VI-2015.
(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de novembro de 2015)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei
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