Para os católicos, o mês de Maio é o mês de Maria. Para os cardíacos, Maio é o mês do coração. Para os deputados, este Maio não vai ser de Maria, nem do coração, mas das “barrigas de aluguer” ou, melhor dizendo, da “maternidade de substituição”.
A maternidade não se esgota na sua acepção biológica e, por isso, a Igreja reconhece que a Mãe de Jesus também o é, em sentido espiritual, de todos os fiéis. As religiosas que se entregam aos doentes, aos órfãos e aos... pobres, bem como as mulheres que adoptam crianças enjeitadas, exercem uma análoga maternidade. Não geram, não são “barrigas”; mas amam, porque são “corações”. Não são “de aluguer”, mas dão-se, porque são verdadeiras mães.
É verdade que ser mãe não é ser “barriga” mas, sobretudo, “coração”. Mas onde há barriga, há coração. Ninguém nasce de uma “barriga”, mas de uma pessoa que se envolve física, psíquica, afectiva e espiritualmente na gestação do novo ser. A dona do útero em que se aninha a nova criatura é muito mais do que um mero receptáculo, porque o filho recebe da progenitora uma parte importantíssima do seu património genético e com ela guarda, desde a concepção, uma relação filial insubstituível.
Não reconhecer a condição de mãe à mulher que gerou um filho é uma falsidade. Não se pode negar a ninguém o direito a ter por pais os verdadeiros progenitores.
Uma mãe não se aluga, nem aluga o seu corpo. Uma mulher que o faça ofende a sua dignidade feminina e a do ser que concebe nas suas entranhas.
Pode-se ter por filho quem não se gerou, mas só é mãe, em sentido pleno, quem concebe no seu corpo o ser que ama com o seu coração.
Gonçalo Portocarrero de Almada
jornal i -3 maio 2014
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