Proclo de Constantinopla (c. 390-446), bispo
Sermão para o Domingo de Ramos; PG 65, 772
Em Jerusalém, a multidão gritava: «Hosana nas alturas. Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel» (cf Mc 11,10). E é acertado que se diga «Aquele que vem» porque Ele vem incessantemente, nunca nos falta: «O Senhor está perto de todos os que O invocam com sinceridade. Bendito seja o que vem em nome do Senhor» (Sl 144,18; 117,26). O Rei doce e pacífico está à nossa porta. [...] Os soldados na terra, os anjos nos céus, os mortais e os imortais [...] gritavam: «Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel». Mas os fariseus punham-se à parte (Jo 12,19) e os sacerdotes estavam ultrajados. As vozes que cantavam louvores a Deus ecoavam sem cessar: a criação estava feliz. [...]
Foi por isso que, naquele dia, alguns gregos, levados por aquela magnífica aclamação a honrar Deus com fervor, se aproximaram de um apóstolo chamado Filipe e lhe disseram: «Queremos ver Jesus». Reparai: é toda a multidão que desempenha o papel de arauto e incita os gregos a converterem-se. De imediato, dois deles dirigem-se aos apóstolos de Cristo: «Queremos ver Jesus». Estes pagãos imitam Zaqueu; não sobem para um sicómoro [para ver jesus] mas apressam-se a elevar-se no conhecimento de Deus (Lc 19,3). «Queremos ver Jesus»: não tanto para contemplar o Seu rosto, mas para carregar a Sua cruz. Porque Jesus, ao ver o desejo deles, anunciou sem rodeios aos que ali se encontravam: «Chegou a hora de se revelar a glória do Filho do Homem», chamando glória à conversão dos pagãos.
E deu à cruz o nome de «glória». Porque desde esse dia até hoje a cruz é glorificada; com efeito, é a cruz que ainda hoje consagra os reis, adorna os padres, protege as virgens, dá força aos ascecetas, reforça os elos dos esposos, dá ânimo às viúvas. É a cruz que fecunda a Igreja, ilumina os povos, guarda o deserto, abre o paraíso.
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