Jesus Cristo seguiu muito de perto as pessoas desprotegidas: os pobres, os doentes, os que estavam sós… Punha-se ao seu lado com amor de predileção e quer que nós, os seus discípulos, sigamos este mesmo caminho. Quando olhamos para tantas situações e misérias de hoje, descobrimos diariamente o próprio Jesus Cristo, que se fez solidário com todos e com cada um dos homens e mulheres. E se ajudamos essas pessoas, próximas ou distantes, com misericórdia, tocamos literalmente, muito de perto, a Santíssima Humanidade do Senhor, como o Papa Francisco nos explica: Como posso encontrar hoje as chagas de Jesus? Não as posso ver como Tomé as viu. Encontro as chagas de Jesus quando pratico as obras de misericórdia. Essas são hoje as chagas de Jesus [3].
Sabemos que a chamada de D. Álvaro ao Opus Dei, naquele dia 7 de julho de 1935, vinha a ser preparada pela ação da graça no seu coração e pela sua caridade fraterna com todos, concretamente também com os necessitados. Desde 1934, ia com frequência, acompanhado por outros amigos que já conheciam o Opus Dei, a um bairro da periferia de Madrid, onde dava catequese e visitava pobres e doentes. Parece-me que podemos afirmar que o seu primeiro contacto com S. Josemaria foi uma consequência direta dessas atividades, em que não faltava o ingrediente do sacrifício. Já sabeis como, um dia, depois de ter dado catequese a crianças de uma paróquia com esses amigos, foi assaltado por um grupo de anti-católicos, que lhe deram um golpe forte na cabeça com uma chave inglesa. Isso provocou-lhe graves ferimentos e uma infeção muito dolorosa, que se prolongou por vários meses e lhe deixou como sequela uma forte dor nevrálgica, que por vezes lhe aparecia de novo. Jamais se queixou desse problema, nem guardou o mais pequeno rancor aos que o tinham provocado. E mais, raramente se referiu em público a este episódio da sua vida.
Nunca esqueceu o imenso bem que as catequeses, as visitas a doentes e pobres, lhe proporcionaram, tendo-lhes dedicado, com generosidade, parte do seu tempo. Deus ia preparando D. Álvaro para o encontro com S. Josemaria, que mudaria radicalmente a sua vida. Assim se compreende que se tenha decido a pedir a admissão ao Opus Dei logo após uma breve explicação sobre o espírito da Obra, depois de ter assistido a uma meditação na recoleção que o nosso Padre pregara. Desde então, ao saber que S. Josemaria pedia aos que frequentavam a residência que fossem a esses encontros com os mais necessitados, com os doentes, D. Álvaro confirmou a importância, não só teórica mas também prática, das obras de misericórdia. Comentava muitos anos depois: «O contacto com a pobreza, com o abandono, produz um choque espiritual enorme. Faz-nos ver que muitas vezes nos preocupamos com palermices, que não são senão egoísmos nossos, ninharias» [4].
[3]. Papa Francisco, Homilia, 3-VII-2013.
[4]. D. Álvaro, Notas de uma reunião familiar, 4-III-1998.
(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de julho de 2014)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei
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