Estes
dois aspetos – ver Cristo nos outros e mostrar-se como uma transparência de
Cristo – completam-se mutuamente. Assim se evita de raiz o perigo de amar o
próximo principalmente pela sua valia humana, pelas suas boas qualidades, pelos
benefícios que nos traz e, ao contrário, pôr de lado outros quando descobrimos
os seus defeitos e limitações, os aspetos menos agradáveis da sua
personalidade. Se essa tentação se nos apresentasse alguma vez, teríamos de pôr
o olhar da nossa alma em Jesus, manso e humilde, que Se gasta em cada momento e
em qualquer ocasião pelos homens, que não rejeita ninguém, que sai ao encontro
dos pecadores para os reconduzir a Deus.
Esta fraternidade procede da fé e do exercício da liberdade pessoal. Porque a
liberdade cristã vem de dentro, do coração, da fé. Mas não é apenas individual,
tem manifestações externas. Entre elas, escreve S. Josemaria, uma
das mais caraterísticas da vida dos primeiros cristãos, a fraternidade. A fé, a
grandeza do dom do amor de Deus, apagou todas as diferenças, todas as
barreiras, até as eliminar: já não há distinção entre judeu ou grego, entre
escravo ou livre, entre homem ou mulher: pois todos vós sois uma só coisa em
Cristo Jesus (Gl 3, 28). Saber-se e estimar-se realmente como
irmãos, por cima das diferenças de raça, de condição social, de cultura, de
ideologia, é essencial para o cristianismo [10].
[10]. S. Josemaria, As riquezas da fé,
publicado originalmente em “Los domingos de ABC”, 2-XI-1969. Tradução
portuguesa publicada em “S. Josemaria” boletim informativo n. 8 (março de
2013).
(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus
Dei na carta do mês de janeiro de 2014)
© Prælatura Sanctæ
Crucis et Operis Dei
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