Cardeal Raymonda Burke - Prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica |
Que está a realmente a acontecer?
Muitos defenderam perigosas aberturas sobre a questão da comunhão concedida aos divorciados que voltam a casar.
Não vejo como conciliar o conceito inalterável da indissolubilidade do matrimónio com a possibilidade de admitir à comunhão quem vive numa situação irregular.
Por esta via está a pôr-se directamente em causa o que disse o Senhor quando ensinou que quem se divorcia da sua mulher e se casa com outra comete adultério.
Para alguns, esse ensinamento tornou-se demasiado duro.
Esquecem que o Senhor garante a ajuda da graça aos que são chamados a viver o matrimónio.
Isto não significa que não haja dificuldades e sofrimentos, mas que acabará sempre por haver uma ajuda divina para os enfrentar e ser fiéis até ao fim.
(…)
Parece-me que alguma coisa não funciona bem quando a informação dá realce apenas a uma tese, em vez de referir fielmente as diversas posições expostas.
Isto preocupa-me porque um número consistente de bispos não aceita as ideias de abertura, mas poucas pessoas sabem isso.
Fala-se só da necessidade se abrir às exigências do mundo, na linha do que disse em fevereiro o cardeal Kasper.
Na verdade, a tese do cardeal Kasper não é nova, já foi discutida há 30 anos. Desde fevereiro passado reconquistou força e voluntariamente deixou-se que crescesse.
Mas tudo isto causa graves danos à fé. Bispos e sacerdotes dizem-me que agora muitos divorciados que voltaram a casar pedem para receber a comunhão alegando que é assim que o Papa Francisco quer.
Na realidade, verifico que, no entanto, até agora o Papa não se manifestou sobre a questão.
Mas parece evidente que o cardeal Kasper e os que estão alinhados com ele falam com o apoio do Papa.
Isso sim. O Papa nomeou o cardeal Kasper para o Sínodo e deixou que o debate continuasse sobre esse caminho.
Mas o Papa ainda não se manifestou.
Eu espero um pronunciamento da sua parte, que só poderá estar em continuidade com o ensinamento que a Igreja deu durante toda a sua história.
Um ensinamento que nunca mudou porque não pode mudar.
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