Perguntas: responsabilidade
de "É o Carteiro!"
Considerações antropológicas e teológico-sacramentais
34- Não é possível negar a coerência do que a Igreja constantemente
ensinou e ensina. Mas é muito difícil de aceitar, parece destituído de todo o
realismo. A Igreja tem consciência desta dificuldade?
A doutrina sobre a indissolubilidade do matrimónio
encontra com frequência incompreensão num ambiente secularizado.
Onde se perderam as razões fundamentais da fé cristã,
uma mera pertença convencional à Igreja já não é capaz de guiar as escolhas de
vida importantes e de oferecer apoio algum nas crises do estado matrimonial –
como também do sacerdócio e da vida consagrada.
35- Tendo uma só vida para viver, como se pode aceitar que uma decisão
humana – falível, como tudo o que é humano - possa afectar irremediavelmente
toda a existência?
Muitos se questionam: como posso vincular-me por toda
a vida a uma só mulher/a um só homem? Quem me pode dizer como será daqui a dez,
vinte, trinta, quarenta anos de matrimónio? É efectivamente possível um vínculo
definitivo com uma só pessoa?
As muitas experiências de comunhão matrimonial que
hoje se interrompem reforçam o cepticismo dos jovens em relação às decisões
definitivas da vida.
Por outro lado, o ideal da fidelidade entre um homem e
uma mulher, fundado na ordem da criação, nada perdeu do seu fascínio, como evidenciam
os recentes inquéritos entre os jovens. A maior parte deles deseja uma relação
estável e duradoura, enquanto isso corresponderia também à natureza espiritual
e moral do homem.
Além disso, deve recordar-se o valor antropológico do
matrimónio indissolúvel: ele subtrai os cônjuges do arbítrio e da tirania dos
sentimentos e dos estados de ânimo; ajuda-os a enfrentar as dificuldades
pessoais e a superar as experiências dolorosas; protege sobretudo os filhos,
que são vítimas do maior sofrimento da interrupção dos matrimónios.
36- Essas vantagens inequívocas só são vantagens se fecharmos os
olhos ao outro lado do matrimónio indissolúvel, não tão luminoso: é que quando
fracassa o amor, porque havemos nós de amarrar as pessoas a relações fictícias?
O amor é algo mais do que o sentimento e o instinto;
na sua essência é dedicação.
No amor conjugal duas pessoas dizem um ao outro
consciente e voluntariamente: só tu – e tu para sempre.
A palavra do Senhor: «O que Deus uniu...» corresponde
à promessa do casal: «Recebo-te como meu esposo... recebo-te como minha
esposa... Quero amar-te e honrar-te toda a minha vida, enquanto a morte não nos
separar».
O sacerdote
abençoa o pacto que os cônjuges estabeleceram entre si diante de Deus.
Sem comentários:
Enviar um comentário